
O mês de setembro está chegando ao fim, mas as diversas campanhas que o mês apresentou ainda repercutem. Uma delas é o NoFap, que ecoa majoritariamente nas redes sociais. O desafio tem o objetivo de restringir a masturbação. O movimento nasceu em 2009, após um post no fórum 4chan que rapidamente viralizou. No mesmo ano, a hashtag #NoFapSeptember se popularizou e ganhou versões em outros idiomas. Foi em 2011 que o norte-americano Alexander Rhodes criou um site oficial dedicado ao tema, oferecendo fóruns, artigos e aplicativos. Nesses espaços, usuários compartilham experiências e impõem regras como não se masturbar e não consumir pornografia.
A expressão vem do inglês: “no” (não) e “fap” (gíria para masturbação), significando algo como “não à masturbação”. Atualmente, o movimento é mais ativo em redes como o X (antigo Twitter), reunindo principalmente jovens. Nesses espaços, usuários compartilham experiências sobre o assunto.
Opinião de especialista
Embora não exista um consenso científico sobre possíveis benefícios e malefícios da restrição da masturbação, o urologista e andrologista da Clínica Uros, Leonardo Sousa Ramos, alerta que a prática pode reduzir os níveis de testosterona. O especialista destaca que a masturbação pode até proteger os homens do câncer de próstata, citando um estudo que aponta que ejacular pelo menos 21 vezes no período de um mês pode ajudar a evitar a doença.
No entanto, a pornografia — um dos alvos apontados pelo movimento — de fato pode se tornar algo prejudicial. “Tudo depende da sua intenção e o quanto isso atrapalha as suas atividades do dia a dia. Você pode se masturbar com ou sem pornografia. A grande questão é que você não pode criar uma dependência da pornografia para poder ter o estímulo sexual”, argumenta.
Ramos reconhece a praticidade do conteúdo erótico, mas relata que muitos podem enfrentar uma dificuldade de manter uma ereção sem o estímulo. “Cria-se um vício e uma dependência. Ver uma genitália muito grande pode gerar um problema de autoestima pela comparação. A expectativa gerada por esses padrões não é real”, declara.
Em relação ao movimento do NoFap, o urologista opina ser um desafio sem comprovação científica robusta. “Algumas pessoas que estão em um momento de muita ansiedade, que estão em uma frequência muito grande de masturbação, que estão precisando de focar em outras questões da vida, vão encontrar um alívio. Mas, de uma maneira geral, a masturbação não é para ocupar esse papel importante”, acrescenta.
A abstinência da ejaculação pode culminar, conforme o especialista, em um desconforto testicular. O acúmulo de sêmen pode prejudicar o fluxo sanguíneo e causar dores na região, principalmente quando existe excitação e ereção. Já o excesso da prática pode gerar dificuldade na hora do ato sexual devido aos estímulos pornográficos e, consequentemente, disfunção erétil.
“A masturbação é uma forma de autoconhecimento da região genital, geralmente benéfica para a ereção. A grande questão é quando ela realmente se torna em excesso, principalmente psicologicamente”, ressalta o médico.
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