
Quase 80 anos após sua morte, um novo documentário britânico promete lançar luz sob a trajetória política e a vida pessoal de Adolf Hitler, que sempre cultivou a imagem de "homem inteiramente devoto à Pátria". Produzido pelo Channel 4, o curta Hitler's DNA: Blueprint of a Dictator (O DNA de Hitler: Projeto de um Ditador) traz, pela primeira vez, uma análise da genética real do ditador nazista.
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Dividido em dois episódios de 60 minutos, o projeto é comandado pela geneticista Turi King, conhecida por ter identificado os restos mortais do rei Ricardo III, e pelo historiador Alex Kay, da Universidade de Potsdam. Juntos, eles analisaram uma amostra de tecido manchado de sangue retirada do sofá onde Hitler tirou a própria vida em 1945, que foi preservada por um oficial americano e guardada por décadas em um museu militar da Pensilvânia.
Após autenticação, o sangue foi comparado com o DNA de um parente vivo da linha paterna de Hitler, o que resultou em uma correspondência genética perfeita. Os resultados revelaram que o político era portador de uma mutação do gene PROK2, associada à Síndrome de Kallman, uma condição rara que atrasa a progressão natural da puberdade, causa baixa produção de testosterona, ausência de olfato e, em muitos casos, anomalias genitais, como testículos não descidos e micropênis. Uma das condições foi comprovada em exame médico realizado em 1923 por Hitler, que apontou presença de "testículo direito não descido".
O diagnóstico reforça antigos rumores sobre a impotência do líder nazista, o desconforto ao lado de mulheres, a ausência de filhos com Eva Braun e o fato de ter solicitado que seu corpo fosse cremado após a morte como uma "tentativa de de escondê-lo". Além de relembrar uma famosa canção britânica da Segunda Guerra Mundial, cantada ao som de "Colonel Bogey March", que ironizava sua "falta de vigor sexual": "Hitler só tem uma bola / A outra está no Albert Hall / A sua mãe, a porca / Cortou-a quando Hitler era pequeno".
Além das condições físicas, a equipe também analisou marcadores genéticos relacionados a distúrbios mentais e de comportamento. O DNA indicou uma alta propensão a transtorno bipolar, autismo, esquizofrenia e comportamento antissocial.
O documentário também aborda uma das teorias de que Hitler teria ascendência judaica, porque o pai dele, Alois, era um filho ilegítimo. O exame genético, porém, não encontrou qualquer traço dessa origem em seu DNA, contrariando inclusive, declarações recentes como a do ministro russo Sergei Lavror, que em 2022 afirmou que "Hitler tinha sangue judeu".
Para o historiador Alex Kay, as descobertas não humanizam Hitler, mas ajudam a compreender os mecanismos que alimentaram sua obsessão. “Outros líderes nazistas tinham esposas, filhos e uma vida fora da política. Hitler não. Ele canalizou toda a energia para o Estado e para o próprio mito. Talvez isso tenha relação direta com suas limitações físicas e emocionais”, disse.
O Channel 4 descreve o programa como “uma façanha de investigação científica e histórica”. O editor de programação Jonah Weston afirma que “nada pode explicar completamente a maldade de Hitler, mas que encontrar seu DNA é um feito notável que oferece uma visão inédita sobre o homem mais estudado da história”.
A produção, da Blink Films, conta ainda com a direção de James Routh e a produção executiva de Dan Chambers e Nina Davies. O primeiro episódio estreia neste sábado (15/11) no Reino Unido, pelo Channel 4, em parceria com o History Channel.

Ciência e Saúde
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