Pesquisadores do NYU Langone Heath, em Nova York, deram um passo importante na viabilização de xenotransplantes — transplante de órgãos entre diferentes espécies. Em dois artigos publicados on-line na revista Nature, eles relatam que, pela primeira vez, reverteram a rejeição impulsionada por anticorpos em rins de porcos transferidos para um receptor humano com morte cerebral, mas cujo coração continuava batendo, artificialmente.
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"Nossos resultados nos preparam melhor para antecipar e lidar com reações imunológicas prejudiciais durante o transplante de órgãos de porco em humanos vivos", disse o autor principal do estudo, o cirurgião Robert Montgomery. "Isso abre caminho para mais ensaios clínicos bem-sucedidos em um futuro próximo." Além disso, segundo Montgomery, as descobertas também confirmaram que o rim de porco pode substituir, efetivamente, o humano.
No estudo, os pesquisadores criaram um mapa detalhado da atividade imunológica dos rins humanos e de porco em resposta ao transplante. Eles descobriram que a rejeição foi impulsionada por anticorpos — proteínas imunológicas que "marcam" substâncias estranhas para posterior destruição — bem como por células T, que atacam e destroem invasores específicos.
Danos
Assim que os pesquisadores descobriram esse conjunto de reações, eles conseguiram, pela primeira vez, reverter a rejeição usando uma combinação de medicamentos aprovados pela Food and Drug Administration (FDA), para atenuar tanto a atividade dos anticorpos quanto a das células T. Não houve evidências de danos permanentes ou redução da função renal após a intervenção.
Um segundo artigo divulgado no mesmo portal descreve a atividade do sistema de defesa com mais detalhes. Ao medir cerca de 5,1 mil genes humanos e suínos expressos no xenotransplante de porco, os autores identificaram todos os tipos de células imunes no tecido, acompanharam o comportamento imunológico ao longo de um período de dois meses e observaram a rejeição do órgão em instantâneos diários. "Nossa análise revela vários biomarcadores que se mostram promissores como um sistema de alerta precoce para a rejeição de órgãos de porco", disse o coautor principal do estudo, Eloi Schmauch, do Departamento de Cirurgia da Escola de Medicina Grossman da NYU.
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