A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou, na semana passada, sobre o avanço de uma variante do vírus influenza A, conhecida como gripe K. A mutação tem se espalhado rapidamente em diferentes regiões do mundo e passou a ser acompanhada de perto pelas autoridades de saúde, inclusive no Brasil, devido ao impacto esperado para as próximas temporadas de gripe.
As autoridades reforçam a importância da vacinação e da vigilância epidemiológica para monitorar a circulação do vírus. A seguir, veja o que se sabe sobre esse novo subtipo.
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O que é a gripe K?
O vírus influenza, responsável pela gripe, é classificado em quatro tipos: A, B, C e D. Entre eles, apenas os tipos A e B circulam amplamente entre humanos e provocam as epidemias sazonais, com maior incidência nos meses mais frios do ano.
O influenza B se divide em duas linhagens principais — B/Yamagata e B/Victoria. Já o influenza A possui diversos subtipos, definidos pela combinação de duas proteínas presentes na superfície do vírus: H (hemaglutinina) e N (neuraminidase).
Atualmente, de acordo com a OMS, os subtipos do influenza A mais comuns em circulação são o H1N1 e o H3N2. Dentro deles, surgem variações genéticas chamadas de subclados, resultado do processo natural de evolução do vírus. A gripe K é justamente um desses subclados: uma variação do H3N2 identificada como J.2.4.1, que é a gripe K.
Essas mutações são esperadas e explicam por que a composição das vacinas contra a gripe precisa ser atualizada todos os anos.
Onde a gripe K está circulando?
O alerta da OMS se baseia em dados do GISAID, plataforma internacional que reúne informações genéticas de vírus identificados por pesquisadores do mundo todo. Segundo a organização, houve um crescimento recente e acelerado da gripe K em diversos países.
“As detecções de vírus do subclado K estão aumentando em muitas partes do mundo, com exceção, até o momento, da América do Sul. Os vírus do subclado K foram particularmente evidentes a partir de agosto de 2025 na Austrália e na Nova Zelândia e agora foram detectados em mais de 34 países nos últimos seis meses”, informa o documento.
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Apesar de a América do Sul não ter sido inicialmente apontada como epicentro, a variante já passou a ser monitorada também na região, incluindo o Brasil, dentro da vigilância epidemiológica regular.
A gripe K é mais grave?
Até agora, não há indícios de que a gripe K cause quadros mais graves do que a gripe sazonal comum. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), os países que já identificaram a circulação da variante não relataram mudanças relevantes na gravidade clínica da doença. “Não foram observadas alterações significativas no padrão de gravidade, hospitalizações ou mortes associadas ao subclado K”, aponta a Opas.
Quais são os sintomas?
Os sintomas associados à gripe K são os mesmos de uma infecção por influenza já conhecida. Segundo o Ministério da Saúde, os principais sinais incluem: febre, dor de garganta, mal-estar, secreção nasal, dor no corpo, tosse e fadiga.
Assim como em outras variantes, idosos, crianças pequenas, gestantes e pessoas com doenças crônicas continuam sendo os grupos mais vulneráveis a complicações.
Vacinação
Embora ainda existam poucos dados específicos sobre a eficácia da vacina contra a gripe K, as evidências iniciais indicam que a imunização segue sendo uma ferramenta importante para prevenir casos graves da doença. A OMS destaca que, mesmo com diferenças genéticas entre os vírus em circulação e as cepas incluídas na vacina, a proteção contra hospitalizações e complicações permanece significativa.
“Mesmo que existam algumas diferenças genéticas entre os vírus da influenza em circulação e as cepas incluídas nas vacinas, a dose sazonal contra a influenza ainda pode oferecer proteção. Ainda se espera que a vacinação proteja contra doença grave, sendo uma das medidas de saúde pública mais eficazes”, afirma a organização.
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