Artes cênicas

Novo espetáculo do grupo ATA adapta distopia para tempos atuais

Com o espetáculo '2+2=5', a Agrupação Teatral Amacaca (ATA) traz para o palco adaptação do romance '1984', de George Orwell

Na nova montagem do grupo, a cpaital virou Brasília Distrito Finalizador -  (crédito: Gleyka Vieira)
Na nova montagem do grupo, a cpaital virou Brasília Distrito Finalizador - (crédito: Gleyka Vieira)

No palco, as pessoas que moram na Brasília Distrito Finalizador são empregadas da congregação milico-religiosa Metabras, uma mistura de governo com indústria controlada pelo Grande Pai de Todos, ou o GPT. O público acompanha a história de Wilson Ferreira, que tenta encontrar alguma individualidade nessa coletividade distópica e controlada. 2+2=5, nova peça da Agrupação Teatral Amacaca (ATA), em cartaz a partir de amanhã e até 12 de maio no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), é inspirada no romance 1984, de George Orwell, uma narrativa distópica na qual o protagonista Winston Smith tenta fugir das garras do Big Brother.

2+2=5, da Agremiação Teatral Amacaca, ATA, nova peça do ATA, em cartaz no CCBB
2+2=5, da Agremiação Teatral Amacaca, ATA, nova peça do ATA, em cartaz no CCBB (foto: Gleyka Vieira)

A peça foi exibida pela primeira vez em três sessões durante o Cena Contemporânea, em 2023, mas agora volta aos palcos para uma temporada mais longa e com alguns ajustes. "A gente fez umas pequenas mudancinhas, uma apertada nos parafusos para estar tudo pronto para a estreia da temporada", avisa o diretor, Felipe Vidal. "A gente fez umas pequenas mudanças da lógica do Orwell. A maior de todas é que, em vez de ter o Big Brother controlando tudo, quem controla tudo é o GPT, uma alusão ao chat GPT."

A Inteligência Artificial (IA) também foi utilizada na construção do texto da peça, especialmente nas falas do GPT. Para realizar a dramaturgia, o ATA consultou o chat GPT e assume a parceira como uma provocação à ideia de que as máquinas podem tomar o lugar dos seres humanos. "A gente tem o GPT como personagem e os textos dele foram criados a partir do GPT, algumas músicas também foram criadas a partir da máquina. É um tema do espetáculo", avisa o diretor.

A obra de Orwell foi publicada, originalmente, em 1949 e fala de um futuro vigiado e controlado por uma grande entidade que teria acesso a todos os pensamentos e movimentos dos habitantes de um país. O clássico descreve um mundo distópico no qual o passado é manipulado para manter o controle do presente. "É um mundo assustadoramente parecido com o que estamos vivendo agora. Em alguns aspectos, estamos caminhando para coisas mais impactantes do que ele tinha previsto", acredita o diretor. "A realidade está indo mais longe do que Orwell havia previsto, sobretudo nessa questão de manipulação do passado, com as pessoas perdendo a conexão com a realidade, a relativização da verdade, a vigilância, a ameaça das IA".

Vidal diz que uma das intenções de 2+2=5 é levar o público a uma reflexão sobre o mundo no qual se quer viver a partir de uma distopia, que nada mais é que a distorção da utopia. “Vamos ser devorados pelas máquinas e pelo controle? Ou o humano ainda tem controle sobre seu futuro?”, questiona o diretor.

Serviço

2 2 = 5"

Do grupo Agremiação Teatral Amacaca. De hoje até 12 de maio, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB - SCES Trecho 02 Lote 22). Sexta-feira e sábado, às 20h, e domingo, às 18h. Ingresso: R$ 30 e R$ 15 (meia) Não recomendado para menores de 12 anos

 


Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 25/04/2024 11:00 / atualizado em 25/04/2024 11:07
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação