TEATRO

Bonecos de todo o mundo fazem a festa em fesitval internacional no DF

Festival internacional reúne bonequeiros do Chile, da França do México e do Brasil em Taguatinga, até domINgo (26/5)

Mamulengo Fuzuê, de Brasília -  (crédito: Fotos: Alice Lira; Davi Mello e Divulgação)
Mamulengo Fuzuê, de Brasília - (crédito: Fotos: Alice Lira; Davi Mello e Divulgação)

Bonecos de vários países do planeta se reúnem em Taguatinga a partir desta quarta-feira (22/5) e até domingo (26/5). Eles são do Chile, da França e do México e estarão ao lado dos mamulengueiros brasileiros em um intercâmbio cultural gratuito e acessível. Mesmo falando idiomas diferentes, todos se entendem pela língua universal do "bonequês".  O Festival Internacional Bonecos do Mundo será realizado em Taguatinga e tem no programa oficinas de mamulengo, roda de conversa sobre essa modalidade de teatro e diversos espetáculos. 

  • Los sueños de Federico , espetáculo dirigido  por   Roberto Oyarzun (Chile)
    Los sueños de Federico , espetáculo dirigido por Roberto Oyarzun (Chile) Divulgação
  • En attendant Margot , do grupo La Malette , da França
    En attendant Margot , do grupo La Malette , da França Divulgação
  • Espetáculo Tawá Tingá da Casa Moringa
    Espetáculo Tawá Tingá da Casa Moringa Davi Mello
  • Mamulengo presepada: representante de Taguatinga
    Mamulengo presepada: representante de Taguatinga Davi Mello

Diretamente do Chile, o espetáculo Los sueños de Federico, de Roberto Oyarzun, inicia as apresentações internacionais, seguido de um mergulho no teatro de bonecos da França, com o En attendant Margot, de La Malette. O grupo Sobrevento traz um toque paulista para o festival com a peça Benedito no pilão. Confira a programação completa no site do Correio.

O idealizador do projeto e integrante do Mamulengo presepada, Chico Simões, viaja pelo Brasil com suas marionetes desde os anos 1980. O primeiro encontro internacional de teatro de bonecos ocorreu em 1995, provando ser muito mais complicado do que o artista imaginava: "Há uns 10 anos pensei que já estava na hora de acontecer novamente um grande festival. Brasília tem o potencial cosmopolita de reunir gente do mundo inteiro e de várias vertentes, a cidade merece essa reunião. Foi um sucesso e já estamos na sétima edição."

De início, Chico enfrentou as dificuldades de comunicação com o Estado para colocar o projeto na concorrência de um edital público. Mesmo tendo de começar tudo do zero, a cada ano, ele consolidou uma equipe de apoio com profissionais de diversas áreas para tornar o sonho uma realidade. 

As políticas públicas estão sempre em mudança e o projeto tem de acompanhá-las para continuar a contemplar o edital. O diretor afirma que a realização dos espetáculos em Taguatinga parte da necessidade de fazer um evento de caráter regionalizado e descentralizado do Plano Piloto. A burocracia de trazer talentos de países distantes muitas vezes não corresponde aos recursos disponibilizados. 

A cada ano o idealizador utiliza critérios diferentes para a seleção das apresentações artísticas da edição. A disponibilidade dos artistas e os custos de viagem frequentemente modificam a ideia original, mas Chico conhece bonequeiros de todo o mundo por meio de suas aventuras globais. "Quero sempre trazer a melhor compreensão possível para o público sobre o que eles estão assistindo. Os espetáculos são levados para escolas, então as performances também têm que se adequar para qualquer espaço possível, fechado ou aberto ", diz.

Os bonecos traduzem a identidade cultural de um povo. As marionetes do festival são de origem milenar e carregam a memória das respectivas regiões, metamorfoseando-se culturalmente ao longo do tempo. Elas trazem a história dos povos nos espetáculos e proporcionam uma comunicação entre países.

"O teatro de bonecos engloba atores, música, artes plásticas e interpretação. Tudo isso concentra a cultura de uma nação, por isso é reconhecido em vários países do mundo como um patrimônio cultural. Somos herdeiros de uma tradição e temos de lutar para que ela seja preservada e atualizada. Ao mesmo tempo em que mantemos a estrutura interna, também a mesclamos com os conteúdos da atualidade. Os bonecos funcionam também como um veículo de comunicação ao divulgar notícias", Chico destaca.

O intercâmbio cultural com os países da América Latina e Europa dialogam com a linguagem da arte, que é semelhante em qualquer lugar. Chico ressalta que, muitas vezes, os artistas não falam a mesma língua, mas se comunicam pelo "bonequês": "A gente se diverte e troca visões de mundo, e o público tem a oportunidade de entrar em contato com pessoas de outras vivências. Brasília é a capital da diversidade e trazer esses contrastes para a cidade só acrescenta a isso. Não aprendemos com os iguais, mas, sim, com os divergentes".

Luciana Meireles participa do festival com o grupo de teatro de bonecos Casa Moringa como um atalho para o imaginário das pessoas. O encanto do mamulengo, para ela, é a possibilidade de contato com a plateia e a improvisação fluída, na qual procura contar as histórias do ponto de vista das mulheres.

O serviço não visto fora do palco é o maior desafio para a artista. Por não ser acompanhado, as pessoas não sabem o quão trabalhoso é. Envolve pesquisas, ensaios, produção, construção e a remuneração de tudo isso. O espetáculo da Casa Moringa é fruto de quase oito anos de estudo.

O grupo Mamulengo Fuzuê também participa do projeto em um espetáculo típico e divertido com personagens em arquétipos. O bonequeiro Thiago Francisco conta que a performance aborda temas desde o cotidiano até a desigualdade social, o medo e a morte. "Mas tudo isso com uma leveza, musicalidade e com bastante irreverência" completa.

A apresentação de Thiago é a estreia de uma montagem em colaboração com várias pessoas. Oficinas de confecção de instrumentos, figurino e manipulação foram realizadas com profissionais das respectivas áreas para uma encenação imersiva e divertida.

Confira a programação completa: 


No Ponto de cultura invenção brasileira - Mercado Sul:

Quarta-feira (22/5)
- 15h: Oficina de Mamulengo | Mamulengo Presepada (DF)
Sábado (25/5)

- 15h: Roda de conversa “Teatro de Bonecos, Formação e Intercâmbios” - com Libras


No Teatro Yara Amaral - Sesi taguatinga:

Quinta-feira (23/5)

- 19h30: Los sueños de Federico | Roberto Oyarzun (Chile)
- 21h: En attendant Margot | La Malette (França)

Sexta-feira (24/5) - com Audiodescrição e Libras

- 19h30: Benedito no Pilão | Sobrevento (SP) 

- 21h30: A Chegança da Burrinha Calunga | Mamulengo Fuzuê (DF) 

Sábado (25/5)

- 19h30: Tawá Tingá: o rio, a cidade e a onça | Casa Moringa (DF)

- 21h30: Variación de títeres para unas manos | Guiñoleros (México)


No Taguaparque:

Domingo (26/5)

- 09h30: Los sueños de Federico - Roberto Oyarzun (Chile)
- 10h: Mateus da Lelé Bicuda - Mamulengo Presepada (DF)
- 10h30: En attendant Margot - La Malette (França)
- 11h: Variación de títeres para unas manos - Guiñoleros (México)

*Estagiária sob supervisão de Severino Francisco

 


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postado em 22/05/2024 10:27 / atualizado em 22/05/2024 14:04
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