Vicente Valle está no elenco de Pedaço de mim, a primeira novela brasileira produzida pela Netflix. Na trama, o carioca dá vida a Robson, o vilão do núcleo jovem e não esconde a surpresa pela repercussão estrondosa da produção em nível internacional.
"A primeira 'novela' da Netflix, e eu sou parte dela!, eu pensava, com muita alegria. Mesmo assim, o patamar de sucesso internacional que atingimos foi uma surpresa pra mim. Mas, depois, pensei, e entendi: claro, esse é o poder do audiovisual brasileiro. E que a gente possa ocupar esse lugar de destaque mundial cada vez mais. É o nosso lugar. O que fazemos aqui é muito potente em seu poder de comunicação e emoção", afirmou.
- Série brasileira ‘Pedaço de Mim’ é a mais vista da Netflix
-
Juliana Paes é mãe de gêmeos de pais diferentes em série da Netflix
Com 22 anos, Vicente Valle também pode ser visto na série A vida pela frente, obra Original Globoplay. Estudante de letras, o rapaz já ganhou o Prêmio Literário Paulo Henriques Britto em 2023 com o conto Romance de gosto duvidoso.
Depois de um ano cursando cinema nos EUA, o artista aguarda para o próximo semestre a estreia de seu primeiro longa como escritor: Todo mundo (ainda) tem problemas sexuais, dirigido por Renata Paschoal. A comédia romântica traz histórias da obra de Domingos Oliveira reescritas por jovens roteiristas.
"O Domingos é uma referência obrigatória para quem quer fazer cinema, teatro e televisão no Brasil. Um aspecto dele que me inspira muito também é justamente a produtividade. O cara não parava de escrever, filmar e ensaiar, até o final da vida. Quero ser assim também", declara.
Ainda este ano, também está previsto o lançamento de uma áudio-série de sua autoria na plataforma Storytel. Esse, aliás, é o primeiro projeto de conteúdo original roteirizado de comédia em áudio do Brasil. Outro projeto de Vicente é levar para os palcos uma peça que escreveu nos Estados Unidos.
ENTREVISTA |Vicente Valle
Quando vocês estavam gravando Pedaço de mim, achavam que seria esse estrondo?
Acho que a gente sempre teve noção de que estávamos fazendo parte de algo grande. Seja pelos nomes que capitanearam o elenco, como Juliana Paes, Vladimir Brichta, Felipe Abib, Palomma Duarte etc., mas também pela excelência do time de direção, chefiado por Maurício Farias, e a dramaturgia sensacional da Ângela Chaves. Quero dizer que, depois que eu devorei os roteiros, e tive conhecimento de toda a gente que estava por trás, e na frente da câmera, eu sabia que seria algo grande. “A primeira ‘novela’ da Netflix, e eu sou parte dela!”, pensava, com muita alegria. Mesmo assim, o patamar de sucesso internacional que atingimos foi uma surpresa para mim. Mas depois pensei, e entendi: claro, esse é o poder do audiovisual brasileiro. E que a gente possa ocupar esse lugar de destaque mundial cada vez mais. É o nosso lugar. O que fazemos aqui é muito potente em seu poder de comunicação e emoção.
Robson, seu personagem, é um menino insensível, sem empatia, com ares de “vilão” da turma. Como foi compor esse trabalho? Antes dele, você só havia feito participação em uma série do Globoplay. Como é a responsabilidade de estrear no elenco principal já com essa carga dramática?
A responsabilidade é muito maior, mas, por isso, também é muito maior o prazer do trabalho. E, para ser sincero, não teve muito espaço pra insegurança e dúvida, porque estávamos amparados por um coletivo maravilhoso do elenco jovem, uma preparadora sensacional, Ana Kutner, e pelo próprio roteiro e direção brilhantes. Para compor o Robson, eu e Ana buscamos tirar essa pecha de “vilão” dele entre nós, e entender de onde vem esses sentimentos tão fortes de raiva que ele sente. Eu acredito que pra interpretar um personagem como esse de maneira verdadeira, a gente precisa achar dentro da gente o que é Robson, e se conectar profundamente com isso. Tenho recebido muitos feedbacks incríveis, de pessoas dizendo que sentiram ódio do personagem, e, em seguida, me parabenizando muito pela atuação. Acho isso muito interessante, porque me diz que eu consegui pegar esse “vilão” ficcional e interpretar ele com tal verdade que ele gera raiva no espectador porque ele parece uma pessoa de verdade, que existe por aí, e que é maldosa e vilanesca assim. Ou pelo menos é o que me dizem hahaha.
Você escreveu, ao lado de outros jovens roteiristas, um filme baseado na obra de Domingos de Oliveira e que deve estrear esse ano. Como foi trabalhar o material de um dramaturgo tão importante nesse projeto? E há planos para se tornar roteirista no audiovisual ou no teatro?
O Domingos é uma referência obrigatória para quem quer fazer cinema, teatro e televisão no Brasil. Um aspecto dele que me inspira muito também é justamente a produtividade. O cara não parava de escrever, filmar e ensaiar, até o final da vida. Quero ser assim também. Trabalhar com o material dele foi uma honra e um grande aprendizado, no sentido de entender que é honrar esse legado, atualizar o material e as temáticas, porque muita coisa envelheceu muito rápido, mas também construir novas vozes, quem sabe tão prolíficas e marcantes como foi o Domingos. Hoje já me considero ator e roteirista. Fora esse crédito e alguns outros, tenho vários projetos de longa e série escritos e em desenvolvimento. Pro teatro até hoje só escrevi de forma amadora. Meu próximo objetivo agora que acabei de voltar, é justamente realizar o sonho de trazer pro palco um texto que surgiu aqui na minha cachola.
Você ficou um ano nos EUA estudando cinema. Pensa em virar diretor também?
Para mim, estudar cinema no sentido amplo é uma necessidade do meu trabalho como ator e roteirista pra audiovisual, não necessariamente uma busca por um outro ofício. Eu já dirigi um curta-metragem e alguns vídeos curtos pra internet. Achei que me dei bem na função. Mas não tem jeito, eu tenho duas grandes paixões de verdade: atuar e escrever. Por enquanto, quero colocar todo o meu foco e energia nessas duas aí. Me parece estar de bom tamanho por até agora hahaha.
Você tem apenas 22 anos, mas um currículo com vários projetos a caminho, inclusive uma áudio série para estrear. Quais seus próximos passos profissionais?
Tenho contos publicados em um livro e em revistas literárias, aqui e nos EUA. Quem sabe eu não reúno esse material de contos e ensaios e sai o primeiro? No momento, a experiência do Robson me alimentou muito a vontade de conhecer e trabalhar com TV. Quem sabe mais um vilão? Ou um núcleo cômico, pra variar bastante? Me interesso muito pela longevidade e pelo aspecto aberto das novelas, quero viver isso. E seguir trabalhando, movimentando, e plantando sementes no cinema e no teatro. Como disse antes, escrevi uma peça durante o intercâmbio, e vou trazer ela pros palcos do Rio, mais cedo ou mais tarde.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br