Silvio Santos tinha o toque de Midas

Como o Rei da Tevê colocou na vitrine talentos, como o "sucessor" eleito Gugu Liberato, Eliana, Mara Maravilha, Sérgio Mallando, Maisa Silva, e conseguiu prosperar carreiras

Silvio Santos - (crédito: Reprodução/SBT)

Midas é um personagem da mitologia grega. Um dos atributos do rei da Frígia era prosperar tudo o que ele tocava. Quem trabalhou com Silvio Santos e aproveitou segundos, minutos ou horas de palco com ele ou nos programas do SBT mudou de patamar e acessou a fama. Descobridor de talentos, como Eliana, Mara Maravilha, Sérgio Mallandro, Maisa Silva, entre outros, o comunicador elegeu até sucessor. O discípulo Antônio Augusto Moraes Liberato tinha a bênção do patrão, porém morreu quatro anos antes do mestre (1959-2019).

Gugu Liberato foi a maior das descobertas de Silvio Santos. Fanático por televisão, o adolescente escrevia tantas cartas para Silvio com sugestões de programas que, aos 14 anos, foi contratado por ele. Começou como assistente do Domingo no parque, no início da década de 1970. Acompanhou o patrão na Record e na Tupi. Quando Silvio criou o SBT, no início da década de 1980, Gugu foi junto. Teve as primeiras chances em frente às câmeras no humorístico Alegria 81 e no Programa Raul Gil, em que atuou como jurado.

Não demorou a estrear como apresentador. Fez entradas ao vivo ao longo dos filmes exibidos pela "Sessão premiada" e distribuindo brindes aos telespectadores. Em 1982, a pedido de Silvio, a argentina Nelly Raymond criou o Viva a noite, com vários quadros de variedades. Gugu foi escalado para comandar a nova atração. O programa começou a bater a Globo. Gugu topava qualquer negócio: cantava, incorporava a "Dança do passarinho".

A Globo convidou Gugu. Ele assinou contrato em 1987, mas Silvio não deixou o maior ativo ir embora. Pagou uma imensa multa rescisória, e Gugu continuou no SBT, em lugar muito mais confortável: salário multiplicado e o lugar de herdeiro de Silvio Santos.

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  Silvio Santos Reprodução/SBT
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  Silvio Santos Reprodução/SBT
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  Silvio Santos Reprodução/SBT
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  Silvio Santos Reprodução/SBT
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  Silvio Santos Reprodução/SBT
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  Silvio Santos Reprodução/SBT
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  Silvio Santos Reprodução/SBT
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  Silvio Santos Reprodução/SBT
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  Silvio Santos Foto: SBT
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  Silvio estreou como apresentador na televisão em 1960, aos 30 anos, no programa Vamos Brincar de Forca, da TV Paulista Reprodução/SBT
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  Silvio Santos na adolescente Reprodução/SBT
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  Silvio Santos já trabalhou como camelô Reprodução/SBT
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  Silvio Santos Foto: SBT
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  Silvio Santos na infância Reprodução/SBT
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  Silvio Santos na infância Reprodução/SBT

"Minha corda vocal é um músculo e está cansada. Eu posso parar de falar a qualquer momento se o músculo se cansar. Eu posso ficar um ou dois anos sem falar. O Gugu não é só um bom animador. É um garoto e bom caráter. Conheci a mãe dele, conheci o pai dele, que me disse: 'Comigo é pau na mão e pow na outra. Filho meu não pode ser nem bêbado, vagabundo e ladrão'. Eu conheci a Maria (mãe) e o Augusto (pai), que foi caminhoneiro. Eu disse que não vou perder esse garoto que eu trouxe para o SBT", comentou o apresentador, ao lado de Hebe Camargo, no palco do Show de Calouros, ao segurá-lo na empresa.

Silvio Santos acrescentou: "Eu vou encontrar outros animadores, e já tinha até outros animadores, mas talvez eu não encontre um rapaz com boa formação como é o Gugu. Como eu perdi a batalha da minha voz, pela minha idade, eu vou passar, até por inteligência, para o Gugu", indicou Silvio Santos.

Sem Gugu, a Globo foi de Faustão. Tirou Fausto Silva da Band. Nos anos seguintes, o domingo virou embate entre os programas de Faustão e Gugu. Empresário bem-sucedido nos anos 1990, Gugu quis ter a própria tevê. Comprou estúdios e produziu a "Escolinha do barulho", atração da Record. O projeto de ter o próprio canal não foi adiante.

Em 2009, a Record bateu à porta e, desta vez, não deu para não ir embora. Foram quatro anos na emissora com o Programa do Gugu, que não teve o retorno esperado. Ele ficaria mais alguns anos, após 2013, na Record, em temporadas. Negociava o retorno para o SBT em 2019, quando morreu, aos 60 anos, após um acidente doméstico. Caiu do sótão de casa, em Orlando, quando tentava trocar o filtro do ar-condicionado.

Sérgio Mallandro

Só fã das antigas de Silvio Santos vai se lembrar do Cidade contra cidade, um programa exibido no fim dos anos 1960 até meados dos 1980. Em 1981, Silvio conheceu uma figura carioca sem papas na língua. A química com Sérgio Mallandro deu certo, e o patrão o convidou para fazer testes no SBT. Logo Mallandro se tornou um dos apresentadores do programa O povo na TV, ao lado de outros nomes descobertos por Silvio - Wagner Montes e Mara Maravilha entre eles. Até 1990, foi ainda jurado do Show de calouros, o que lhe rendeu o Troféu Imprensa em cinco ocasiões.

Eliana

A recente chegada de Eliana à Globo representou o ponto-final da história dela com o SBT. A trajetória iniciou na década de 1990, quando a loira, então uma das cantoras do grupo adolescente Banana Split — cujo empresário era Gugu Liberato — participou do quadro Qual é a música?, do Programa Silvio Santos.

"O Silvio ligou para o Gugu pedindo para que eu saísse do grupo e ingressasse para o time de apresentadores do SBT", contou Eliana certa vez. Até então, ela nunca havia pensado em ir para a televisão. Tinha 18 anos quando comandou o primeiro programa na emissora, Festolândia. Foi uma estreia infeliz. Três meses depois, a atração foi cancelada.

Aos prantos, Eliana pediu a Silvio que lhe desse uma nova chance. Ela veio, mas não era nada muito importante. Passou a apresentar o Sessão desenho, em aparições curtas. A guinada começou em 1993, com a estreia do Bom dia & Cia., que em sua primeira fase foi comandado por ela até 1998.

Depois de trocar o SBT pela Record, Eliana voltaria para a emissora de Silvio Santos em 2005. No período, que foi até março de 2024, assumiu atrações adultas e se tornou um dos principais nomes da emissora.

Mara Maravilha

Nascida em Itapetinga, no interior da Bahia, Eliemary Silva da Silveira foi descoberta por Silvio quando comandava, em Salvador, a versão local do Clube do Mickey, da TV Itapoan, então afiliada do SBT. Era chamada de Miss Mara.

Foi Silvio quem a batizou Mara Maravilha. Ela tinha 15 anos quando deixou a Bahia e se mudou para São Paulo. Como contratada do SBT, assumiu programas voltados para o público adolescente. No Show Maravilha, competia com Xuxa e Angélica. Virou estrela teen dos anos 1980 e 1990. A carreira na TV também ajudou a trajetória como cantora.

Logo passou a integrar o júri do Show de calouros. Ficou no SBT até a primeira metade da década de 1990. Mais tarde, torno-se evangélica e ficou muitos anos fora da TV. Retornou em 2016, graças a Silvio Santos, para participar do programa Fofocalizando. Ficou na emissora até o início desta década.

Maisa

Quem descobriu a menina Maisa não foi Silvio Santos, mas Raul Gil. Ela tinha três anos quando foi revelada no Programa Raul Gil, dublando Ivete Sangalo e Wanessa Camargo. Na época, Raul Gil se exibia na Record.

Atento ao sucesso da menina, Silvio logo tratou de convidá-la para o SBT. Maisa tinha 5 anos quando conheceu o apresentador. Foi acompanhada dos pais, a pedido do próprio Silvio, na primeira reunião. Na nova emissora, onde ficou por 13 anos (2005-2019), Maisa estreou no programa Sábado animado. Passou por outras atrações, muitas vezes superando a audiência de Xuxa na Globo. Era um contraponto e tanto. Maisa usava roupas conservadoras, remetendo à Shirley Temple da década de 1930.

Em 2008, entrou para o Programa Silvio Santos com o quadro Pergunte à Maisa. A interação com o patrão teve seus momentos. No primeiro ato, ela mandou um: "É peruca, você usa peruca, Silvio Santos!".

Correio Braziliense

postado em 18/08/2024 00:01 / atualizado em 18/08/2024 08:49