
Fernanda Torres foi ovacionada durante sua participação no Jimmy Kimmel Live!, um dos maiores talk shows dos Estados Unidos. Durante a entrevista, que foi ao ar na madrugada desta sexta-feira (17/01), a atriz falou sobre sua mãe, brincou sobre sua volta ao Brasil e chamou o filme Ainda estou aqui, pelo qual ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz de Drama, de feminista.
Em vários momentos da conversa, ela foi fortemente aplaudida e fez o público dar risada com seu já conhecido bom-humor. No começo da entrevista, ela contou que se sentiu em uma montanha-russa, já que, logo depois de ter vencido o prêmio, precisou deixar Los Angeles às pressas por conta dos incêndios florestais que atingem a região.
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Quando questionada sobre onde está sua estatueta de melhor atriz, Fernanda revelou que anda com ela em sua mala de mão. “A gente foi embora e eu não tive tempo de entregar o prêmio, que é muito pesado, pro produtor que ia voltar pro Brasil, agora eu estou carregando ela comigo e você pode matar alguém com ele”, começou.
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Ela disse que foi aconselhada a não colocar a estatueta na mala despachada, para evitar contratempos no aeroporto, mas que viveu uma situação engraçada quando embarcava para Nova York por causa disso. “Eu estava carregando o prêmio na minha bolsa indo para Nova York e o cara da TSA [Transportation Security Administration, agência que cuida da segurança dos aeroportos americanos] olhou e disse: 'O que você tem aqui?' e eu disse: 'Bem, é um Globo de Ouro'. Ele disse: "posso ver que é um Globo de Ouro. Mas pelo o que? Como você conseguiu isso?' E eu disse: 'Ganhei o prêmio de melhor atriz de drama' e então ele me disse: 'Parabéns. você pode ir'. E, para terminar, ele me disse 'Eu trabalhei no ramo, mas tive que deixá-lo para minha sanidade' e ele escolheu ser um cara da TSA”, narrou.
Medo de voltar para o Brasil
Kimmel perguntou a Fernanda sobre a volta para o Brasil. Em tom bem-humorado, ela disse que está com medo de voltar. "Eu preciso descansar. Você é a última tarefa, porque se eu consegui vir aqui, eu consigo ir a qualquer lugar", comentou. Em outro momento, ela afirmou que o programa era “a chance de uma vida”.
Após chamar a participação no Jimmy Kimmel Live! de sua última tarefa nos Estados Unidos, Fernanda falou sobre sua relação com a família e o Brasil. Questionada sobre a mãe, Fernanda Montenegro, Torres se derreteu. “Ela disse algo lindo depois da premiação. Ela estava sendo entrevistada e disse ao jornalista: 'Sabe, tenho 95 anos e vivi para ver isso'. É lindo”, relatou.
A indicação de Fernanda Montenegro à mesma categoria no Globo de Ouro de 1998 também foi lembrada pelo apresentador, que afirmou que a atriz é uma grande estrela no Brasil. “Ela tem 95 anos e está trabalhando, fazendo teatro, cinema. Ela é uma grande estrela e trabalha mais que eu, ela tem mais energia que eu”, confessou a filha.
Em seguida, ela falou sobre seu único irmão, Cláudio. “Ele é o único são da família. Ele tentou escapar [de ser artista], mas não conseguiu e se tornou diretor”, brincou.
Ainda estou aqui
Fernanda ainda falou sobre o filme Ainda estou aqui. Para ela, todo o sucesso do longa é graças à força de Eunice Paiva, personagem que interpreta na produção de Walter Salles. “Tudo o que está acontecendo com esse filme, até mesmo meu prêmio, acho que devemos a essa mulher incrível chamada Eunice Paiva, que perdeu o marido durante a Guerra Fria, porque a ditadura no Brasil fazia parte da Guerra Fria”, afirmou.
Eunice Paiva era esposa do deputado Rubens Paiva, levado pelos militares em 1971, durante a Ditadura Militar. Ele foi torturado e morto, mas seu paradeiro foi desconhecido até a década de 1990, quando sua morte foi reconhecida. “Essa mulher ficou viúva, com cinco filhos. E o filme é a história do desaparecimento desse homem e como essa mulher em um momento trágico se reinventou e realmente se tornou ela mesma”, destacou a atriz.
Para Torres, celebrar a trajetória de Eunice faz de “Ainda estou aqui” um filme feminista. “De certa forma, é um filme feminista, mas ela faz isso muito suavemente, de uma forma muito inteligente. Eunice é uma pessoa muito especial. Ela voltou para a faculdade aos 46 anos, com cinco crianças, se tornou advogada e defensora dos direitos humanos. Ela é uma ótima mulher”, disse Torres.