Após ser indicada ao Oscar de melhor atriz pela atuação no filme Ainda estou aqui, a atriz Fernanda Torres exaltou o legado da advogada e ativista Eunice Paiva. "Quem está movendo isso tudo é uma mulher chamada Eunice Paiva. Ela lutou com amor e sorriso. Uma mulher gigante. A família Paiva merece tudo isso", disse a brasileira, em entrevista à GloboNews, nesta quinta-feira (23/1).
Fernanda também contou que não assistiu a transmissão pela televisão. Ela foi informada da indicação pelo marido e pelo filho mais velho. "Eu resolvi não assistir, inclusive, porque o meu nome é Torres, eles vão em ordem alfabética pelo sobrenome e o meu vem sempre no fim. Eu estava no meu quarto. Andrucha e Joaquim subiram e falaram: 'Nanda, rolou'", afirma.
A atriz relatou que uma das cenas mais desafiadoras de Ainda estou aqui foi quando ela foi levada para ser interrogada junto com a filha Eliana Paiva. "É a primeira vez que aquela mulher entende que a lei não vale”, cita.
Outro momento marcante citado por Fernanda foi quando ela retornou para a casa 12 dias depois de ter ficado presa no Departamento de Operação de Informações — Centro de Operação de Defesa Interna (DOI-Codi), no Rio de Janeiro. Outra cena é quando ela leva os filhos para a sorveteria e olha para as famílias que estavam em volta já sabendo que o marido, Rubens Paiva, tinha sido morto. "Ali Eunice tem a consciência de que precisa seguir com os filhos", diz.
Fernanda avalia que Eunice viveu tempos parecidos com os que nós estamos vivendo atualmente. "Ela viveu o período da Guerra Fria. Eu costumo dizer que ela, a família dela, o Rubens Paiva, foram vítimas da Guerra Fria, que é um período muito distópico de medo do Armagedom, medo do botão vermelho. Eu acho que a gente está vivendo um período parecido, assim, distópico no mundo", destacou a atriz.
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Ainda estou aqui é baseado no livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva sobre o próprio pai, o deputado federal Rubens Paiva (interpretado por Selton Mello), que foi preso e morto durante a ditadura militar. Após a morte do marido, Eunice Paiva (interpretada por Fernanda Torres) precisa mudar de vida e vira advogada e ativista de direitos humanos. O filme é dirigido por Walter Salles e foi indicado a duas categorias do Oscar 2025: melhor filme e melhor filme internacional.
Fernanda Torres é filha de Fernanda Montenegro — que foi indicada ao Oscar de melhor atriz em 1999, pela atuação como Dora em Central do Brasil.