
Crítica // Código preto ★★★
Um thriller de espionagem casado com humor e com aquela antiquada (mas infalível) fórmula do "quem cometeu o crime?" — assim é o novo filme de Steven Soderbergh (de sexo, mentiras e videotape e melhor diretor, no Oscar, por Traffic). No filme, ele dispõe de uma gama de personagens da elite da espionagem britânica que respalda o projeto Severus, com joguinhos internos de poder, conduzidos com total sangue-frio. Aclamado por ações na guerra civil da Síria, o casal George (Michael Fassbender) e Kathryn (Cate Blanchett) impressiona os colegas que se verão emaranhados numa sórdida conspiração.
Mais de 15 mil civis estarão em risco (numa conjuntura misteriosa até mesmo para a Cia). No habilidoso roteiro de David Koepp (da patota de redatores de Indiana Jones e a relíquia do destino), há jogo da verdade (urdido com camadas de mentiras), quadro doentio para o dia a dia dos espiões e traições a rodo. Tudo isso movido a muitos encontros (na calada da noite), sobrepostos. A rede de animosidade entre os colegas de trabalho compreende os agentes Freddie (Tom Burke, de Furiosa!); Clarissa (Marisa Abela, a Amy Winehouse de Back to black) e James (Regé-Jean Page, visto em Dungeons & dragons).
Entretenimento fantasioso com bom texto, o longa conjuga a frieza típica dos filmes de Soderbergh com muita volúpia dos personagens. As provas implantadas e o complexo jogo de poder (que abarca a existência de contas bancárias em paraísos fiscais) passam até mesmo pelos atentos olhos da psicóloga Zoe (Naomie Harris), parceira de James. Tratando, jocosamente, de temas, como privacidade e imenso risco, Soderbergh faz lembrar filmes como Terapia de risco (2013) e O desinformante! (2009). Uma das cenas mais inspiradas está na em que há uso de polígrafo (constituída de montagem intrigante). No papel do experiente Stieglitz, Pierce Brosnan (um dos eternos 007) impõe a presença, até mesmo quando, em cena, saboreia o controverso prato japonês ikizukuri (que impõem sofrimento a animais).
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