
Mundialmente conhecido pelo sucesso Ai, se eu te pego, Michel Teló revela referências que vão além do sertanejo em novo trabalho. Precursor do batidão no Brasil, ritmo que mescla a música caipira com sons dançantes, o cantor apresenta releituras de faixas como Metamorfose ambulante, Anna Júlia e Meu erro no álbum Sertanejinho do Teló — tudo isso sem deixar de lado o estilo que o consagrou na música.
"As ideias do álbum e do próprio repertório surgiram a partir das festas que fazemos na minha casa, das confraternizações com a minha galera", conta o artista em entrevista ao Correio. Filho de Aldo e Nina Teló, ambos com 12 irmãos cada, o cantor relata que vem de uma família que gosta de "se ver, estar junto e cantar". "Durante uma das nossas reuniões, eu decidi que precisava registrar a energia desses momentos", lembra o vocalista.
Segundo o músico, trata-se de uma "turma muito eclética". "Gostamos de tudo. Por isso, decidi fazer essa mistura do batidão sertanejo, dançante e da sanfona, com vários estilos. São essas as canções que a gente sempre canta e que fizeram parte da minha vida", garante o instrumentista.
"O pessoal vai se surpreender", continua. "Acho que o público não conhece muito esse lado meu. Eu sou um cara do bailão, mas gosto de tocar um pouco de tudo. Esse álbum é bastante aleatório, são várias tribos e estilos diferentes, de épocas distintas. É muito gostoso poder trazer isso. Foi muito divertido, desde a concepção até a maneira como a gente gravou", celebra Teló.
Raul Seixas, por exemplo, é um dos ídolos de infância do sanfoneiro. "Está sendo muito especial trazer ele para esse estilo", exemplifica o cantor. O sucesso Metamorfose ambulante abre o disco, em um "pot-pourri" com Anna Júlia, da banda Los Hermanos.
"A parte mais legal foi que meus filhos começaram a ouvir as músicas dele — eles adoram, ficam cantando toda hora. Então trazer Raul para uma geração mais nova, mesmo que com outro arranjo, desperta a vontade da galera escutar mais dele. Isso é muito válido. A música permite misturar universos diferentes e, quando a gente está com o coração aberto, a coisa acontece", afirma o vocalista.
"O Paralamas, por sua vez, fez parte da minha adolescência, com esse som percussivo deles. Eu acho o pop rock brasileiro que eles fazem muito especial", afirma. No disco, Meu erro, sucesso do grupo, aparece em um medley com O Sol, do gaúcho Vitor Kley. Até É O Tchan, revela Teló, serviu de inspiração para o vocalista: "Quando eu ainda estava no grupo Tradição, entre os anos 1999 e 2000, o sertanejo ainda não tinha esse som da percussão. Eu peguei isso deles e botei no nosso som. Desde então, começamos a usar muito".
Faixas de Lulu Santos, Cazuza e, claro, de grandes nomes do sertanejo, como Rick e Renner e Leonardo, também aparecem no projeto. "Eu sempre gostei de me aventurar em outros estilos. Quando eu lancei Fugidinha, por exemplo, eu peguei um pagode do Thiaguinho e do Rodriguinho, trouxe para o arranjo sertanejo e deu certo", revela o instrumentista, que além de cantar, toca bateria, sanfona e contrabaixo em determinadas faixas do projeto.
De acordo com ele, a intenção era trazer para o álbum uma canção de cada estilo. "Tiveram muitas músicas que quisemos gravar, mas acabaram ficando de fora. Tem muita coisa que fica na memória afetiva das pessoas e conseguem ultrapassar suas tribos e estilos", avalia. "Eu quero gravar mais, porque foi muito divertido", ri o cantor.
Apaixonado pelo modão
"Eu sou um cara que sempre abraçou a bandeira da música dançante", declara Michel Teló. "Eu vim do baile, gosto de tocar o acordeon, mas, apesar de ser sanfoneiro, gosto de fazer uma mistura. Então, poder fazer isso com essa batida que também está nas minhas veias é algo que se torna natural e divertido. A intenção desse projeto é justamente trazer alegria", destaca.
O instrumentista relembra que, no DVD Na balada, gravado em 2011, "tem música eletrônica com sanfona, de tudo um pouco". "Mas meu pé sempre está ali no sertanejo, sem dúvida", assegura. Apesar de mais de uma década de diferença, a gravação do início dos anos 2000 tem uma característica em comum com o Sertanejinho do Teló: ambas foram feitas ao vivo.
"Eu sempre curti essa vibração da música ao vivo. Sempre funcionou muito bem para mim. Eu gosto da adrenalina do momento, de gravar à vera, da vibração das pessoas estarem ali cantando com você. Quando você canta olho no olho, tem aquela troca de energia", diz ele.
No novo trabalho, Teló se apresentou para um público exclusivo, composto por amigos e familiares, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, capital onde cresceu. "Foi lá onde tudo começou, onde eu me criei e onde as coisas aconteceram. Os convidados são todos meus amigos e meus familiares, a galera que faz parte da minha vida. Foi um evento para nós, o pessoal que é festeiro e inimigo do fim. Foi muito especial", celebra o cantor.
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