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No ar em "Dona de mim", Cecília Chancez une arte e autenticidade na tevê

Em destaque na novela das 19h da TV Globo, atriz de 23 anos transita entre a música e a atuação com muita consciência social

Cecilia Chances, atriz e cantora -  (crédito: @ygormarques)
Cecilia Chances, atriz e cantora - (crédito: @ygormarques)

Aos 7 anos, entre peças de teatro na igreja e apresentações escolares, Cecília Chancez descobriu que os palcos eram seu refúgio. Hoje, aos 23 anos, a atriz e cantora não só conquistou as telas como protagonista da série Vicky e a Musa (Globoplay/Gloob), mas também brilha na TV Globo na novela Dona de mim.

Com quase um milhão de seguidores nas redes sociais e dois singles lançados em 2024, Cecília personifica a nova geração de artistas que unem talento, diversidade e consciência social.  

Nascida e criada em um ambiente onde a arte era linguagem cotidiana, Cecília mergulhou cedo em cursos de violino, jazz, balé e sapateado. Mas foi nos workshops de atuação — inclusive um ministrado pelo diretor argentino Eduardo Milewicz — que ela percebeu a força do seu chamado.

"Crescer no palco me ensinou a valorizar a vida, a ser gentil", reflete. "Foi ali que entendi: isso faz parte de quem eu sou."  

Em 2023, a estreia como Vicky, a protagonista da série infanto-juvenil Vicky e a Musa, trouxe desafios e descobertas. "Tinha medo de não estar à altura, por ser muito nova", admite. "Mas a Vicky foi uma escola. Aprendi a confiar no meu instinto."

A personagem, cheia de sonhos e vulnerabilidades, ecoava sua própria jornada — e preparou o terreno para o próximo passo: viver Dara, uma jovem periférica negra em Dona de mim — novela da mesma autora, Rosane Svartman.  

Mesma moeda

Se nas telas Cecília se destaca pela sensibilidade, na música ela encontra liberdade. Influenciada por ícones como Beyoncé e Iza, seus singles Surreal e Faz de novo são janelas para um universo autoral onde emoções se transformam em melodia. "A música é a forma mais pura de expressar o que palavras sozinhas não conseguem", diz. "Ela transcende barreiras e toca a alma."  

Na novela das 19h, essa dualidade se funde: sua personagem também canta. "Rosane [Svartman, autora] botou a gente pra cantar! É tudo junto, uma troca constante", ri. Para compor Dara, Cecília frequentou batalhas de rima e ouviu histórias de meninas da periferia. "Quero representar com verdade. É sobre escuta e respeito."  

Representatividade

Em um cenário onde a tevê ainda engatinha em diversidade, Cecília enxerga progresso. "A representatividade importa. Tem gente se vendo na tela pela primeira vez", afirma. Sua personagem em "Dona de mim" lida com dilemas raciais e de gênero, temas que a atriz abraça com responsabilidade. "Ser negra num espaço majoritariamente branco é resistência. Mas estamos ocupando lugares que antes nos eram negados", celebra a jovem atriz. 

Nas redes sociais, onde compartilha bastidores e reflexões, ela cultiva uma conexão orgânica com o público. "Meu talento me trouxe até aqui, mas sem o apoio das pessoas, eu não estaria onde estou", defende.

Para jovens artistas, Cecília deixa um recado simples e potente: "Paciência e autenticidade. É um caminho duro, mas lindo. Estudem, respeitem quem está ao lado e nunca percam a paixão." E ela mesma segue o conselho. Entre ensaios, gravações e composições, a jovem estrela prova que arte — quando feita com verdade — é revolução.  

Cecilia Chances, atriz e cantora
Cecilia Chances, atriz e cantora (foto: @ygormarques)

Entrevista | Cecilia Chancez

Como foi sua experiência ao estrear nas telas em 2023 com a série Vicky e a Musa no Globoplay? Qual foi o maior desafio que você enfrentou ao interpretar a protagonista Vicky?
A Vicky foi um presente na minha vida. Foi meu primeiro contato profissional com a atuação e, no começo, eu fiquei bem assustada, com medo do que as pessoas iam pensar. Tinha aquele receio de não estar à altura, por ser muito nova. Mas aprendi tanto nesse processo, e muita coisa que vivi nas gravações levo comigo até hoje. Foi um desafio, mas também uma grande escola.

Você começou sua jornada artística ainda criança, se apresentando em peças de teatro na igreja e na escola. Qual foi o momento que você percebeu que queria seguir carreira artística?
Acho que essas primeiras experiências foram fundamentais, não só pra minha carreira artística, mas pra quem eu sou como pessoa. Crescer no palco, na igreja, nesse ambiente tão bonito, me ensinou a valorizar mais a vida, a ser gentil, a ter empatia. Foi aí que entendi que isso fazia parte de mim e que queria levar adiante.

Você estudou diversas frentes artísticas, como música e dança. Como você acha que essas habilidades influenciaram sua carreira como atriz?
Acho que tudo anda junto. A música, por exemplo, está muito presente na minha atuação, principalmente agora em Dona de mim. Ter esse repertório ajuda a me expressar de outras formas, me dá mais ferramentas pra construir personagens com mais profundidade.

Além da atuação, você também é cantora e lançou dois singles em 2024. Qual é a inspiração por trás de sua música e como você acha que ela se relaciona com sua carreira como atriz?
A música e a atuação caminham lado a lado pra mim. São formas de contar histórias, de se conectar com as pessoas. E nessa novela que estou fazendo agora, a Rosane botou a gente pra cantar também! Então está tudo junto. É uma troca constante entre as duas artes.

Você cita Iza, Rihanna e Beyoncé como inspirações musicais. Qual é a qualidade que você admira nessas artistas e como você acha que pode aplicar isso em sua própria carreira?
Admiro muito a autenticidade, a força e a presença delas. São artistas completas, que têm muito domínio sobre o que fazem e que inspiram outras mulheres. Tento trazer isso para minha vida também: ser verdadeira comigo mesma e com o que quero passar pro público.

Como está sendo a experiência na nova novela Dona de mim?
Tem sido uma experiência incrível. A Dara, minha personagem, ainda tem muita história pra viver, e isso é muito legal. É uma personagem rica, cheia de camadas, e estou colocando muito carinho neste trabalho. É muito honroso estar nesse projeto com uma autora como a Rosane Svartman.

Sua personagem vive os dilemas de uma garota periférica preta. Como sua vivência se aplica na composição?
Fui a batalhas de rima, observei meninas que vivem essa realidade, que são referência pra outras meninas também. É um trabalho de muita escuta e respeito, porque quero representar essas vivências com verdade.

Qual a sua opinião sobre a retratação do feminismo e da representatividade negra nas novelas?
Acredito que estamos avançando, e é muito importante que essas pautas estejam sendo colocadas com mais força. A representatividade importa, principalmente pra quem está em casa se vendo representada na tela pela primeira vez. E poder fazer parte disso me deixa muito feliz.

Você gosta de compartilhar seu lifestyle e bastidores de gravações em suas redes sociais. Qual é a importância de ter uma presença online para você e como você acha que isso ajuda a conectar com seu público?
Eu não sou tão ativa quanto algumas pessoas esperam, mas tento sempre manter esse contato. Sei que meu talento me trouxe até aqui, mas sem o público me apoiando eu não estaria onde estou. Então gosto de aparecer também pra coisas leves, mostrar o dia a dia.

Qual é o conselho que você daria para jovens artistas que estão começando sua carreira e querem se destacar no mercado?
Tenham paciência e sejam fiéis a vocês mesmos. É um caminho cheio de desafios, mas também muito bonito. Se preparem, estudem, respeitem as pessoas com quem trabalham e nunca percam a paixão pelo que fazem.

 

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postado em 17/07/2025 17:52 / atualizado em 17/07/2025 17:52
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