
O ator Mateus Honori vibra com a chegada de seu personagem em Guerreiros do Sol, novela original do Globoplay. Trata-se de uma história de amor em tempos de uma guerra familiar, livremente inspirada na vida de Lampião e Maria Bonita, e de muitos outros casais de cangaceiros que viveram no Sertão Nordestino nas décadas de 1920 e 1930. Paixões, traição, política, vingança, dinheiro e banditismo são alguns dos temas que perpassam os capítulos, recheados de brasilidade, ação e muito romance. Mateus interpreta Lucínio.
Lucínio é amigo de longa data de Josué, protagonista interpretado por Thomás Aquino, e é coiteiro do bando, passando a atuar como informante, levando e trazendo informações valiosas sobre a volante, os coronéis e os cangaceiros. Conforme a série avança, torna-se um grande aliado de Rosa, Otília e Petúnia, interpretadas por Isadora Cruz, Alice Carvalho e Larissa Góes. Mateus também contracena com as personagens de Alinne Moraes e Teresa Fonseca.
“Gravamos no Rio, na Bahia e em Alagoas. Filmar no sertão traz para a pele a visceralidade que essa história precisa para ser contada. O chão, a poeira, o sol, os espinhos… tudo vira verdade. O texto faz mais sentido do que nunca. O suor deixa de ser cenográfico e ocorre um processo de imersão que, muitas vezes, beirou o transcendental. As revoltas e os movimentos populares sempre me interessaram. Esse movimento, tão marcante e ao mesmo tempo tão controverso, é fundamental para uma compreensão mais abrangente da nossa própria história enquanto povo”, explica Mateus.
Nordestino natural de Fortaleza, Mateus já se interessava pelo cangaço antes de vivê-lo na ficção. “Acho que, para todo nordestino, falar de cangaceiros é visitar um capítulo fundamental na construção de um povo. O fenômeno do cangaço é complexo e precisa ser abordado com profundidade e de maneira responsável, por isso me debrucei integralmente, com muita pesquisa. É uma chance de melhorar a compreensão da nossa própria sociedade”, diz.
Afinidade com o cangaço
Não é a primeira vez que o ator se envolve em uma trama que envolve a história do cangaço, em O Cangaceiro do Futuro, série de 2022 da Netflix, Mateus interpretou Jararaca. Um personagem inspirado em uma figura real que se tornou um santo popular no Rio Grande do Norte. Ele foi um cangaceiro muito famoso do bando de Lampião, era militar antes de se juntar ao grupo, e assumiu a chefia de artilharia do cangaço, sendo um dos nomes mais importantes do movimento.
“Jararaca foi um personagem muito interessante. O fim de sua vida é cercado de mistérios, e lhe são atribuídos diversos milagres, tendo se tornado um santo popular no Oeste Potiguar. Para interpretá-lo, li sua carta/confissão, visitei seu túmulo e rezei pedindo proteção e permissão. Durante a gravação de uma cena muito complicada, no sertão cearense, em que eu corria a cavalo, segurava armas e bornais, acabei caindo de maneira violenta. Apesar do acidente, não sofri um arranhão”, relembra Honori.
"Pessoal do Ceará"
Mateus também integra o elenco de Alucinação, minissérie do Canal Brasil sobre a vida e carreira do cantor Belchior, lenda da música popular brasileira. Na série, interpreta o cantor e compositor cearense Rodger Rogério, que, nos anos 1970, iniciou o movimento artístico conhecido como “Pessoal do Ceará”, ao lado de Fagner, Ednardo, Amelinha e Belchior. A série, ambientada nos anos 70, recorta um momento muito importante da história desse grupo de amigos que se tornariam grandes nomes da música popular brasileira.
“Criar o Rodger foi uma experiência inesquecível. O processo de preparação do elenco consistiu, basicamente, em reproduzir o senso de trupe que eles viveram. As gravações aconteceram em Fortaleza e Guaramiranga, no interior do Ceará. Eu e os outros atores do “Pessoal do Ceará” ficamos juntos numa casa na Praia de Iracema, criando, fazendo música, dormindo e acordando juntos, tocando violão e tomando banho de mar. Era a mesma praia, o mesmo sol, as mesmas canções dos anos 70. Aos poucos, o Rodger foi aparecendo em mim”, conta.
Um dos pontos mais importantes do seu processo de caracterização e construção do personagem foi o encontro com Rodger, que se iniciou pelo celular e se consolidou durante encontros no final das gravações.
“O Rodger, apesar da idade avançada, é um cara muito acessível e gente boa. Bem-humorado, me recebeu super bem. Em tom de piada, disse que o casting estava errado: ‘Eu não era tão bonito assim.’ Conversamos, trocamos telefones e ele me contou como gostava de cantar. Também encontrei Teti, cantora cearense com quem ele foi casado e, talvez, sua maior parceira musical. Eu e ele temos muito em comum; temos uma música parecida, somos violeiros e cantadores, gostamos de aviação e ambos viramos atores de cinema. Além disso, visitei toda sua discografia, li bastante sobre ele, visitei seus lugares preferidos, assisti a entrevistas, conversei com amigos, com a filha dele”, recorda Mateus.
As cenas de música na série são todas cantadas e tocadas ao vivo, com Mateus tocando violão em todas. “Meu trabalho como músico me ajudou a reproduzir os arranjos e sonoridades originais da época, tocando como ele tocava. Há muito tempo queria fazer um personagem músico no cinema. Foi um presente enorme viver esse cara tão grandioso e importante. O Eduardo Albergaria, diretor, abraçou a minha música e as minhas propostas pros arranjos da série”, conta.
Luar, um projeto
Nas filmagens, Mateus conheceu Lua Martins, que interpreta Amelinha. Nos encontros de preparação e bastidores da minissérie, nasceu o “Luar”, projeto musical, parceria de Mateus com Lua, que revisita clássicos da música nordestina, como Zé Ramalho, Dorival Caymmi e Geraldo Azevedo, assim como Rodger Rogério e Amelinha, além de composições autorais de ambos. Juntos, realizaram um show disponível no YouTube com onze faixas cantadas ao vivo.
“Nossa identificação foi imediata. Nossa música é muito parecida e falamos a mesma língua. Ficamos muito interessados em criar algo juntos. Aos poucos, criamos arranjos para canções que nos atravessavam e iniciamos uma parceria de composição. Ao todo, no show, existem seis composições autorais. Todas elas têm em comum a grandeza de um encontro poderoso. São músicas que entrelaçam a natureza, o etéreo e o destino”, conta Honori.
Em meio a tantos projetos, a dupla também entra em turnê pelo Ceará em setembro, com apresentações confirmadas em Sobral e no Crato, região do Cariri cearense.
Diversão e Arte
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