Cinema

Brasília recebe mostra pelos 35 anos da Reunificação da Alemanha

A celebração da unidade alemã traz para o primeiro plano a relevância da diplomacia, demarcada pela queda do muro que isolou regimes germânicos entre os anos de 1961 e 1989

Filme Adeus, Lênin! -  (crédito: Imagem Filmes/ Divulgação)
Filme Adeus, Lênin! - (crédito: Imagem Filmes/ Divulgação)

Ideais de reconciliação e reconstruções familiares e de elos com compatriotas, além do registro do fim da República Democrática Alemã, pontuam uma exposição de 23 painéis e a exibição de cinco filmes integrados ao evento 35 anos da Reunificação da Alemanha, com entrada franca, no Sesc Estação 504 Sul. A projeção dos filmes será até sábado, sempre às 19h, enquanto a exposição Transformação no Leste — Vidas em transição prossegue até 15 de outubro, com visitação das 9h às 18h, de segunda a sexta.

A celebração da unidade alemã traz para o primeiro plano a relevância da diplomacia, demarcada pela queda do muro que isolou regimes germânicos entre os anos de 1961 e 1989 (quatro décadas depois do surgimento da RDA). Ímpetos de liberdade e união estão estampados nos painéis com conteúdo sob curadoria de Stefan Wolle. "Neles há informações sobre vários aspectos da vida depois da Reunificação, como as novas descobertas — por exemplo, nos supermercados, nas viagens internacionais —, mas também o processo de migração leste-oeste, a liquidação da quase totalidade das empresas da RDA. Trata ainda do que falta fazer para sarar cicatrizes da divisão", observa a diretora-executiva do Goethe-Zentrum Brasília Sabine Platter. Ela conta que o candente tema dos imigrantes está mencionado (no evento) no contexto do extremismo de direita, "mas não como tema principal".

Três filmes precederão a exibição de 4 de outubro, quando será visto Adeus, Lênin!, assinado por Wolfgang Beckere e vencedor do título de melhor filme europeu em votação da Academia do Cinema Europeu. No personagem central Alexander (Daniel Brühl) pulsa a luta por cenário a favor da derrocada socialista, num clima cômico recheado por situações de afeto junto à mãe Christiane, camarada que passou oito meses em coma (e que nada sabe da reunificação). Fragilizada na saúde, a mãe vive distante de aflições, uma vez que Alexander se empenha em recriar fatos históricos, ao gosto da satisfação individual de Christiane. "O cinema tem capacidade de sensibilizar o público e de fortalecer fatores de empatia. E a empatia foi fundamental para que alemães orientais e ocidentais aprendessem a se entender mutuamente", comenta Sabine.

Novos caminhos

Culturalmente, traços da Alemanha Oriental transformaram dados do cotidiano da RFA, como ressalta Sabine Paltter. "Houve a presença da mulher no mercado de trabalho, inclusive em posições de liderança — coisa que era bem mais normal na Alemanha Oriental do que na Ocidental. Embora, na metade da década de 90, as mulheres orientais tenham sido vistas como perdedoras da Reunificação por terem sido frequentemente as primeiras a serem 'liquidadas' (termo da época), aos poucos, se percebeu o número surpreendentemente alto de alemãs-orientais atuantes e bem-sucedidas na profissão e, notadamente, na política. Angela Merkel é um exemplo disso", avalia.

Aberta com o longa Berlim fica na Alemanha (2001), que venceu o prêmio de público no Festival de Berlim (no segmento Panorama 2001), a mostra de filmes prossegue, hoje, um casamento em crise se cristaliza na vida de Adam & Evelyn, dirigido por Andreas Goldstein, a partir de escritos de Ingo Schulze. Moradores da Alemanha Oriental, o casal; ele, um designer de roupas, e, ela, uma garçonete, vivem o dilema de suposta traição, enquanto vislumbram a possibilidade de uma viagem de passeio pela Hungria.

Na quinta (2/10) a atração será Viagem pela Alemanha, um roadmovie de passeio pela área da Alemanha Oriental feito em ciclos iniciados em 1990, quando receios e precariedade estavam instaurados na população. Sistematicamente, o documentarista Wolfgang Ettlish voltou a fazer a rota com participação das mesmas pessoas e registrando diferenciais dos tempos. Na sexta, haverá exibição de A lenda de Rita, do celebrado Volker Schlöndorff (de Um amor de Swann e O tambor). O filme mostra o destino de Rita Vogt, integrante de grupo terrorista que renega a vida anterior, em jornada de renovação pelo Ocidente.

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postado em 01/10/2025 05:01
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