Cinema

Com mirada apocalíptica, 'Casa de dinamite' estreia nos cinemas

Filme com mirada apocalíptica, Casa de dinamite estreia nos cinemas, antes de chegar à plataforma da Netflix

"Há muitas dessas armas (de letalidade coletiva) que estão em ponto de bala e, em países como os Estados Unidos, um indivíduo, o presidente, em decisão intransferível, autoriza o seu uso", apontou Noah Oppenheim, roteirista do incendiário longa-metragem Casa de dinamite, nas primeiras exibições do filme integrado ao acervo da Netflix. Previsto para chegar à plataforma em 24 de outubro, o filme que competiu no mais recente Festival de Veneza, antes, terá exibições nos cinemas a partir de hoje.

Foi há 15 anos que a diretora de Casa de dinamite, Kathryn Bigelow, debutou no Oscar, como a primeira vencedora do prêmio de melhor direção (por Guerra ao terror),  num cenário de escassas indicações para mulheres, entre as quais Lina Wertmüller, Jane Campion e Sofia Coppola. "Estamos vivendo em uma casa de dinamite", já disse ela, acerca da complexidade de um tema global administrado no filme: um míssil de origem desconhecida segue rumo ao coração de Chicago, causando absoluto alvoroço entre a população.

"Neste momento, existem nove países na Terra que possuem arsenais nucleares que poderiam acabar com a civilização humana, várias vezes numa rotina de ciclo", observou Oppenheim, em entrevista para a Variety. Ele sentenciou que a dinâmica geopolítica precisa "em qualquer momento, não é realmente o tópico (e a raiz do problema)" no filme. A diretora, durante a competição no Festival de Veneza (transcorrido em setembro, com Fernanda Torres como integrante do júri), comentou com a imprensa que numa expectativa desejada haveria "uma redução no estoque nuclear", e completou: "Como aniquilar o mundo representa uma boa meta defensiva?".

Bigelow lembrou, durante entrevistas em Veneza, da necessidade de, em criança, ter que buscar refúgio debaixo de mesas escolares, numa atitude protocolar, diante de um possível ataque de bomba atômica. "Parece absurdo agora — e era —, mas, na época, a ameaça era tão imediata que tais medidas eram levadas a sério. Hoje, o perigo só aumentou. Várias nações possuem armas nucleares suficientes para acabar com a civilização em minutos", reforçou.

Pelo que alardeia a cineasta haveria uma "normalização silenciosa" do impensável, e estaríamos num curso de vida, relegado à sombra constante da aniquilação — "mas raramente se fala nisso". A produção tem o ator Idris Elba, no papel do presidente dos Estados Unidos — numa corrente de artistas negros que ocuparam o posto no imaginário de cinéfilos, ao lado de Dennis Haysbert, Chris Rock, James Earl Jones, Morgan Freeman e Jamie Foxx. Rebecca Ferguson, atriz sueca vista em franquias estadunidenses como Duna e Missão: Impossível, tem o papel da capitã Olivia Walker.

Ainda no elenco, Gabriel Basso (curiosamente, em cartaz no terror Os estranhos: capítulo 2), Jared Harris (visto na série The crown, e agora na pele do secretário de defesa) e Tracy Letts (coadjuvante, em Lady Bird: A hora de voar) batem ponto. O respaldo técnico está na direção de fotografia de Barry Ackroyd (dos tensos Voo United 93 e Capitão Phillips) e de Oppenheim (da série Dia zero, com Robert DeNiro, e da cinebiografia Jackie, além de etapas das franquias Maze Runner e Divergente).

 


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