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Sem deixar a peteca cair: Thiago Marinho se equilibra entre palco e tevê

Ator entra em "Dona de mim", na Globo, enquanto dirige a própria história no teatro, com "O formigueiro"

Em um mesmo mês, Thiago Marinho vive o raro privilégio — e o desafio — de transitar por três frentes distintas da arte. O ator, com 18 anos de carreira e um currículo que inclui grandes musicais e montagens premiadas, faz uma participação na novela Dona de mim, da TV Globo, enquanto estreia como autor solo e diretor teatral em O formigueiro, em cartaz até 27 de outubro no Teatro Glaucio Gill, em Copacabana. Paralelamente, segue em turnê com o clássico A falecida, de Nelson Rodrigues, pelas cidades de São Paulo.

Na televisão, Thiago dá vida a Lúcio, um jornalista que surge em meio à trama já consolidada das 19h. "Dá medo, porque você entra com tudo encaminhado e precisa dar um gás pra já chegar no mesmo ritmo de todo mundo. É como quando você entra no meio de uma peça de teatro: não pode deixar a peteca cair", conta o ator, que encara a breve participação como um reencontro com a teledramaturgia após passagens pelas novelas Babilônia e A dona do pedaço, também na Globo, e a série Impuros, da Fox.

Mas é nos palcos que Thiago parece respirar com mais liberdade. Em O formigueiro, ele assina o texto e a direção de um drama familiar inspirado em uma vivência pessoal: o Alzheimer da avó. "Percebi que muita gente vive essa realidade e pouca gente se comunica sobre isso. É uma batalha muito silenciosa", diz.

O espetáculo mergulha nas dores e dilemas de quem precisa lidar com o esquecimento de alguém amado — e também com o impacto disso em toda a estrutura afetiva de uma família. "Pouco se fala sobre os cuidadores, os que ficam, que mudam suas vidas para dar conta de um ente querido. É uma dicotomia entre saúde e doença, lembrança e esquecimento, vontade de cura e necessidade de deixar a pessoa ir. Achei importante falar sobre e para essas pessoas, humanizar suas contradições e redenções."

Formado em teatro e dono de uma trajetória consolidada nos palcos, Thiago coleciona trabalhos em produções marcantes como Se essa lua fosse minha — vencedora do Prêmio APTR de Melhor Elenco —, Chacrinha - O musical, Elis - A musical, Beatles num Céu de Diamantes e O despertar da primavera. Atuou ainda nas elogiadas Incêndios e Céus, e foi idealizador de Tudo o que há Flora, além de atuar como diretor assistente em Os sonhos não envelhecem

Aventura na direção

Agora, com O formigueiro, ele experimenta um novo lugar de fala e de criação. "O bom de fazer esse esquema multitask é poder escolher em que posição você prefere estar em cada projeto. No caso do Formigueiro, eu sabia que não estaria em cena, porque já tinha o tom da peça muito claro e queria me aventurar na direção. Mas quem sabe numa próxima eu escrevo um monólogo e volto ao palco?", brinca.

Mesmo com o sucesso nos palcos, Thiago não esconde o carinho pela televisão — embora reconheça que o teatro é o espaço mais genuíno de seu ofício. "Eu sou um ator criado no teatro. A tevê traz a ideia do glamour, mas o ofício mesmo tá muito mais fora dela do que dentro. A visibilidade é menor, claro, mas o teatro traz alegrias inenarráveis. E, se um dia a IA dominar tudo, se tem uma coisa que não dá pra substituir, é o olho no olho que só tem no teatro."

Depois de O formigueiro e da turnê de A falecida, Thiago engata no musical infantil Ritinha Rock n Roll, parte do projeto Grandes Músicos para Pequenos, e já prepara um novo musical para 2025 — ainda em sigilo. "Vem coisa grande por aí", promete.

Julio Arakack -
Julio Arakack -

 


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