Crítica // Predador: terras selvagens ★★
Parece sintomático que a nova e violenta ação de Dan Trachtenberg venha distribuída pela Disney, mesma empresa que lançou a animação Elio. Explica-se: ambos os filmes têm por base as conexões e o curto-circuito nas relações entre pais e filhos. A vida alienígena no novo filme se dá em Yautja Prime, local de nada amistoso convívio entre os irmãos (com algo de Caim e Abel) Dek e Kwei, municiados com espada de plasma e muitas desavenças junto ao pai que instiga ódio. Nessa desarmonia, os personagens entendem que "fracasso é morte". Claro, querem sobreviver nem que seja no distante Genna, ambiente que promete iminente encontro com o mortífero Kalisk.
Entre muito arranca-rabo, Dek parte em busca da caça (nada menos do que Kalisk), a fim de se afirmar. Com cenas iniciais débeis, ele encara o ataque de uma floresta viva. Pouco a pouco, Dek se torna embaixador de uma brutalidade fincada no desespero da solidão. Em suma, se vê como ser primário dotado de artefatos sofisticados, com alta tecnologia de ponta. Uma figura feminina, Thia (Elle Fanning, de Um lugar qualquer e Malévola), nascida de fundo sintético, vem como antídoto para a situação que separou Dek do irmão Kwei, nesta adaptação das criações oitentistas de Jim e John Thomas. Em meio a descobertas e ao inesperado, Dek protagoniza cenas de ação sólidas em Predador: terras selvagens.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
Thia (uma insuportável falastrona) passa a ser vista como "ferramenta" para a ambientação de Dek. Com aspecto entre um sapo e um gato, outro personagem adentra a trama, formando o que intitulam de Trio Desarvorado. A afinidade entre todos parece, entretanto, inexistente. A produção capricha em cenas bizarras, como as pernas que caminham só, desconjuntadas de corpo (algo à la Família Adams). A capacidade de regeneração e de reconstituição (em sentido figurado que dá pistas para rearranjos de relações entre Dek e terceiros) paira como tema do filme. Mas é um paralelo tão pobre quanto o da cena em que, graciosamente, um bicho mimetiza o comportamento de Dek.
