Crítica

Da constituição de famílias e sonhos: confira crítica do documentário Lar

Filme examina a construção de novas constituições familiares, a partir do avanço no direito de pessoas LGBTQIA+

Crítica // Lar ★★

Um passado de instabilidade assombra o cineasta Leandro Wenceslau, não apenas responsável pelo projeto Cine Vida, centrado na formação em audiovisual na capital de Minas Gerais, mas ainda representante do vigor da produção LGBTQIA+. É como registra uma personagem do documentário: "cada um tem uma história triste e alegre para contar"; no caso de Wenceslau pesou a fusão das circunstâncias. Como cita no filme, que preza uma narrativa com o encontro por meio do outro, ele contou com rede de apoio para avançar e buscou consistência de enredos saídos do cotidiano de integração proposto nos quadros de adoção Brasil afora.

O propósito da realização pessoal (com o filme) atravessou mudanças nas três famílias, inicialmente passíveis de identificação, pelo enfrentamento de preconceitos e um punhado de problematizações referentes à sexualidade. Transfobia e traumas vão de encontro ao acolhimento recebido em abrigos e seios familiares. Fora dos modelos tradicionais, as novas famílias dão a cara no filme.

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Apesar do espírito de resistência presente na narrativa, não há como não demarcar o desconforto com a falta de substância da realização. O diretor fala abertamente de suas dificuldades, em meio a sonhos e ilusões desfeitas durante todo o processo, que resistiu ao governo Bolsonaro e à pandemia. É interessante acompanhar o empenho nascido na (adotada) menor aprendiz, a busca por equilíbrio de uma mãe solo, os esforços até na instância legal de pais gays; mas as conquistas não chegam muito bem encadeadas, dada uma montagem algo confusa do longa Lar.

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