Uma apresentação ao lado de Marisa Monte para celebrar os 90 anos da Universidade de São Paulo (USP) em 2024 foi a semente para Phonica — Marisa Monte & Orquestra, o show que a cantora e o maestro André Bachur apresentam no dia 29 de novembro no Eixo Cultural Ibero-Americano. “A gente se conheceu em 2024 e tivemos a possibilidade de fazer algumas apresentações juntos”, conta o maestro, um dos nomes em ascensão na música instrumental brasileira, 39 anos, regente da Osusp e que já esteve à frente de formações como Orquestra do Theatro São Pedro (ORTHESP), Orquestra Moderna, Ensemble Brasil e a Orquestra do Festival de Prados (MG). “A apresentação da USP foi um dia muito especial para a cidade, com milhares de pessoas, e a gente sentiu ali que tinha uma força muito grande essa junção da Marisa com todas as canções e hits que ela tem, junto com essa potência da sinfônica, com tantas possibilidades de timbre e cores”, conta André.
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A conexão foi tanta que nasceu a ideia de criar um espetáculo inteiro com a participação da orquestra e da banda de Marisa. Para selecionar o repertório, o maestro e a cantora tentaram casar a ideia do canto com a sonoridade sinfônica. “Começamos a pensar o tamanho e tentar selecionar o que seria exatamente, desde as músicas em si até o que funciona mais numa adaptação para o universo sinfônico”, explica Bachur. Como Marisa transita por muitas áreas, tem muitos sucessos e um repertório muito grande, a lista ficou, inicialmente, imensa.
A solução então foi tentar fazer uma mescla com todas as facetas da cantora, incluindo o lançamento mais recente, Sua onda, e hits como Cérebro eletrônico, Carinhoso, Feliz alegre e forte e Maria de verdade. “A gente quer que o público seja envolvido e que a escolha traga diversidade para o show. Porque é um conceito, mas é um show, o público participa muito ativamente e essa conexão é muito forte, o encontro de tantos músicos no palco com tanta gente assistindo”, diz Bachur, conhecido por ser um músico versátil que transita com leveza entre o popular e o erudito, sempre em busca do apagamento de fronteiras que separam gêneros musicais.
A trajetória de Bachur começou com o violino, por causa de uma fita cassete gravada pelo pai com sonatas e partitas de Johann Sebastian Bach. Dividiam o espaço da mesma fita Marisa Monte e Caetano Veloso. “Cismei que queria aprender violino e, com 7 anos, comecei a estudar e fui expandindo essa ideia sonora sempre de maneira muito orgânica sem muitas perspectivas profissionais ou cobranças. E, desde sempre, ouvindo muito os dois lados, música de concerto erudita e popular. Especialmente choro, tinha uma coisa forte com o choro”, conta.
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O estudo do piano foi uma consequência natural até chegar à graduação em regência, quando introduziu, finalmente, o bandolim. “Que é meu instrumento. E que fez o portal para todos os tipos de repertório. A via, é claro, do repertório da música brasileira tradicional, mas, a partir desse encontro com o bandolim, a coisa ficou mais séria”, conta. A paixão pelo repertório sinfônico o levou às melhores orquestras do Brasil, incluindo uma formação com Marin Alsop, na Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). Mas a intenção mesmo é sempre derrubar supostas fronteiras. “Uma característica minha é trazer sempre um olhar pra música que busca não separar o repertório, trazer encontros, conversas e diálogos entre repertórios que a gente não veria juntos”, explica. “E valorizar desde a música contemporânea ou barroca até o samba, forró, música autoral e MPB. Cada coisa tem sua linguagem e suas especificidades. A intenção é que esse universo dos sons seja menos dividido e viva mais em comunhão. E que a gente descubra as possibilidades dentro desse repertório”.
Serviço
Phonica — Marisa Monte & Orquestra
Dia 29 de novembro, às 19h30, no Eixo Cultural Ibero-Americano. Ingressos: R$ 430 a R$ 540
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