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Debora Fernanda reflete sobre debates importantes gerados por "Tremembé"

A atriz paulistana Débora Fernanda fala sobre desafios de viver',na série de sucesso da Prime, uma personagem real e ainda viva. "Eu fico me perguntando se ela assistiu? Se identificou?", questiona a intérprete da detenta Raíssa, uma assassina convertida

Debora Fernanda, atriz -  (crédito: Thom Foxx)
Debora Fernanda, atriz - (crédito: Thom Foxx)

A atriz Débora Fernanda, que integra o elenco da aclamada série Tremembé, da Prime Video, compartilhou os desafios e as descobertas de interpretar uma pessoa viva. Na produção, ela vive a presidiária Raíssa, uma personagem verídica que foi parar na cadeia depois de matar a enteada e, depois de solta, casa-se com o pai da criança. A personagem se torna amiga de Suzane Von Richtofen (Marina Ruy Barbosa) e a convida para ser sua madrinha de casamento fora das grades.

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Para Débora, o maior desafio não foi necessariamente interpretar alguém real, mas sim alguém que está viva. Ela confessou pensar constantemente sobre como a pessoa e seus familiares reagiram à sua interpretação. "Eu fico me perguntando se ela assistiu? Se identificou? E os parentes, e outras pessoas envolvidas na vida dela, o que acharam?", questionou a atriz.

Sem muitas referências visuais ou auditivas da personagem real, seu trabalho foi em grande parte de criação. A base foram a história contada no livro Suzane assassina e manipuladora, de Ulisses Campbell, e uma foto do casamento de Raíssa. "Eu fiquei horas olhando tentando ler ela", disse Débora. Para construir a personagem, a atriz mergulhou em séries e depoimentos sobre crimes, frequentou uma igreja evangélica para observar comportamentos e se inspirou em mulheres egressas do sistema carcerário que atuaram como figurantes. "Passar pela cadeia é uma experiência que atravessa a vida das pessoas, tem seus próprios códigos de comportamento", observou.

Sobre o sucesso da produção, a atriz se disse maravilhada e destacou a importância de uma obra nacional gerar discussões relevantes. "A série está gerando muitos debates importantes, sobre a influência da religião, o sistema carcerário desigual, como a mídia cria heróis nocivos, relações homoafetivas", enumerou. Ela acredita que Tremembé valida a competência do audiovisual brasileiro e estimula o público a consumir o que é produzido no país.

Representatividade no audiovisual

Formada em arte e teatro pela UNESP e em Rádio e TV, Débora Fernanda, de 37 anos e 13 de carreira, espera que as portas do mercado se abram para novas oportunidades. "Meu sonho agora é poder viver de atuação no audiovisual, fazer mais séries, filmes e desejo muito fazer novelas com papéis de destaque", afirmou.

Como atriz preta e ativista, Débora comentou sobre a representatividade no setor. "Segundo o Censo do IBGE, a população brasileira é composta de 55,5% de pessoas pretas e pardas, e não vemos isso nas telas", disse. Para ela, a abertura no mercado ainda é lenta, e é crucial ter mais pessoas pretas nas produções e nos roteiros. "Quem lembra de nós somos nós mesmos e as nossas narrativas e vozes foram apagadas", refletiu.

Além de atriz, Débora é colaboradora em quatro livros e tem dois curtas-metragens lançados. Ela expressou o desejo de escrever mais e roteirizar para o audiovisual, inclusive para longas. Atualmente, está envolvida em um projeto de clipe de capoeira submetido à Lei Rouanet.

No currículo, Débora Fernanda também possui participações no filme Biônicos, da Netflix, e na série Tarã, da Disney+. Seus trabalhos em curtas-metragens já foram premiados internacionalmente, como Corre, vencedor em Chicago, e Ilê, documentário sobre racismo na infância premiado em San Francisco (EUA). Natural de São Paulo, ela também integrou coletivos culturais e teve textos publicados em diversas antologias.

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postado em 10/12/2025 13:26
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