
O acaso e uma liberdade lúdica são as marcas das mais de 300 obras selecionadas por Nelson Maravalhas para a exposição Experimental, em cartaz até 2026 na Hypnacoteca Maravalhas. São obras diferentes da seleção para a exposição anterior, feitas com um processo de liberdade que permite ao artista explorar diferentes searas.
Objetos remodelados e transformados em pinturas tridimensionais, cartazes recolhidos em Berlim e Chicago, telas ou desenhos descartados por outros artistas sobre os quais são sobrepostas diversas camadas de tinta, releituras e interferências em clássicos da história da arte, Maravalhas se orienta pelo gestual, pela movimentação corporal para produzir as obras.
São produções, como lembra, completamente diferentes da exposição anterior, na qual apresentou as pinturas que chama de hipnagógicas, realizadas a partir de um esboço ou estudo. “Logo na entrada, o público se depara com uma sala só de interferências na história da arte ou da ciência, em que pego imagens de Caravaggio, Botticelli, Bruegel e faço alterações profundas. É uma imagem que está na história da arte e lanço mão e produzo uma pintura como se fosse do zero”, explica o artista. “Então, essa exposição tem um tipo de processo criativo muito diferente da anterior, muito contrastado.”
Mesmo quando se debruça sobre objetos, Maravalhas cede lugar ao acaso. “Pego objetos e vejo se encaixam um no outro, e chego à conclusão de que tem um organizador universal que fez com que uma peça se encaixasse na outra. Embora não tenham relação nenhuma”, explica. Há, ainda, uma série de pinturas que partem de manchas para as quais o pintor pode passar horas olhando até encontrar um caminho. “A partir delas, fico vendo o que tem lá, como um Teste de Rorschach, em que a pessoa enxerga coisas que não existem. E aí elaboro e faço ela bem visível”, conta.
As obras cobrem um período de quase quatro décadas da produção do artista e foram realizadas entre 1984 e 2020. As mais antigas datam do período em que Maravalhas fazia o mestrado em Chicago. Além de objetos e pinturas, há também colagens. “Mas mesmo a colagem entra no rol da pintura, até o objeto entra. É um trabalho mais lúdico, mais brincalhão, despreocupado em relação ao anterior, que tinha um laivo mais intelectualizado, cheio de mensagens psíquicas, pesadas”, garante o artista.
Serviço
Experimental
Exposição de Nelson Maravalhas. Em cartaz até setembro de 2026, na Hypnacoteca Maravalhas (Núcleo Rural Córrego Urubu 74VV+W9 - Lago Norte)
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