CB.AGRO

Mercado de orgânicos precisa de mais investimentos, avalia pesquisador

João Paulo Soares, zootecnista e pesquisador da Embrapa Cerrados, falou nesta sexta-feira (17/12) sobre o crescimento da produção orgânica no CB.Agro, uma parceria do Correio com a TV Brasília.

Gabriela Bernardes*
postado em 17/12/2021 16:56 / atualizado em 17/12/2021 17:38
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Produtos orgânicos é um dos mercados que mais crescem no país. Em 2020, a produção orgânica como um todo movimentou R$ 5,8 bilhões. Mesmo assim, produtores e pesquisadores da área sentem que não conseguem avançar mais em razão da falta de investimentos. João Paulo Soares, zootecnista e pesquisador da Embrapa Cerrados falou sobre o assunto nesta sexta-feira (17/12), no CB.Agro, uma parceria do Correio com a TV Brasília.

“A Embrapa vem desenvolvendo tecnologias nessa questão de produção. Buscamos muitas práticas e processos que melhoram as condições do produtor, para que ele consiga avançar em termos de redução de custo de produção, assim como para a produção de tecnologias desenvolvidas por nós para facilitar a produção. Os avanços necessários para que ele produza são tecnologias disponíveis, alternativas de insumos com menor custo e também a possibilidade de financiamento e crédito rural ao produtor orgânico”, afirmou Soares.

O pesquisador explica que há disposição dos produtores em ampliar essa produção, principalmente no Distrito Federal, que ainda não é autossuficiente no mercado de orgânicos. Entretanto, falta incentivo. “Nós entendemos que existem, sim, aqueles produtores interessados em ampliar, mas que eles têm limitações. Se nós tivéssemos todas essas questões, como tecnologias e possibilidade de financiamento, eles poderiam avançar”, disse.

Soares acredita que o governo federal e o governo do Distrito Federal têm um papel fundamental no crescimento do ramo. Em 2020, o Ministério da Agricultura lançou o Programa Nacional de Bioinsumos para aproveitar o potencial da biodiversidade brasileira para reduzir a dependência dos produtores rurais em relação aos insumos importados e ampliar a oferta de matéria-prima para o setor.

Segundo o pesquisador, políticas públicas como essa são o que de fato podem mudar a agricultura brasileira. “Eu acredito que esse é um importante papel do governo: continuar incentivando o desenvolvimento deste tipo de programa que auxilia com recursos, editais para existirem projetos que fomentem o desenvolvimento de pesquisa e auxílio com crédito rural para produtores que queiram utilizar esse tipo de tecnologia”, pontuou.

“A Embrapa necessita de amparo por recursos que possam facilitar e melhorar o desenvolvimento de pesquisa. É por meio da pesquisa que nós conseguimos avançar com a produção e produtividade. Assim, o agronegócio responde no Produto Interno Bruto e na produtividade”, afirmou Soares.

Produtos orgânicos

O pesquisador da Embrapa Cerrados explica que o produto orgânico é produzido e desenvolvido a partir de normas específicas para a esse tipo de produção. “O produto orgânico precisa passar por um processo de certificação. É um produto livre de químicos e transgênicos, com segurança alimentar. Além disso, ele tem a qualidade resguardada pelo Selo Orgânico Brasil”, disse.

Por isso, os alimentos naturais têm qualidade e preço maior. “O agronegócio brasileiro, no geral, produz alimentos de muita qualidade, tanto que sempre somos valorizados no mercado internacional. O produto brasileiro tem qualidade. Mas o produto orgânico agrega uma qualidade ainda maior por ter o selo de qualidade, mostrando ser livre de produtos químicos, livre de qualquer tipo de contaminação com transgênicos e tem segurança alimentar”, exemplificou.

O zootecnista destaca ainda que o consumo de produtos orgânicos no DF está acima da média nacional. “A história agropecuária orgânica no DF vem de muitos anos. Todos aqueles produtores que hoje ainda permanecem no mercado construíram uma identidade, várias associações, vários produtores isolados, o próprio mercado orgânico construiu uma identidade com o consumidor”, explicou. “É uma relação muito interessante, porque o produtor conhece o consumidor, que sabe a origem do que está comprando. Então, essa relação produtor/consumidor é um ponto que favorece esse mercado no DF”, completou.

Confira na versão em podcast:

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

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