Assessores de Trump criticam ação contra Bolsonaro: "Perverso e errado"
Aliados do presidente Donald Trump acusam Alexandre de Moraes de liderar perseguição política contra Bolsonaro nas redes sociais, agravando tensão comercial
Jason Miller: "Ação corajosa de Alexandre de Moraes ao anunciar ao mundo que quer todo o crédito pela perseguição política e caça às bruxas contra o presidente Jair Bolsonaro! Agora sabemos quem realmente está mandando no Brasil!" - (crédito: AFP/Andrew Harnik)
Assessores próximos ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usaram as redes sociais para criticar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que impôs medidas cautelares ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A ordem, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, prevê o uso de tornozeleira eletrônica e proíbe Bolsonaro de manter contato com embaixadores e autoridades estrangeiras.
A Polícia Federal (PF) fez operação na residência do ex-presidente na manhã desta sexta-feira (18/7). Busca e apreensão encontrou US$ 14 mil (cerca de R$ 78 mil) e R$ 8 mil em espécie, além de um pen drive.
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
Após ação, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou medidas cautelares contra Bolsonaro, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica
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O político foi encaminhado ainda na manhã desta sexta-feira (18/7) ao Centro Integrado de Monitoração Eletrônica, da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal, onde colocou o dispositivo eletrônico
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A decisão de Moraes determina ainda que Bolsonaro não pode usar redes sociais, se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros ou nem com outros réus e investigados pelo STF, incluindo o filho Eduardo Bolsonaro. Ele também deve cumprir recolhimento domiciliar de 19h às 6h
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Em fala à imprensa, o ex-presidente afirmou que é alvo de uma "suprema humilhação". Em relação aos dólares, ele alegou: "Sempre guardei dólar em casa. É normal". Ter dólares em casa não é ilegal, mas é necessário declarar valores acima de US$ 10 mil. A suspeita é de que o dinheiro poderia ser usado para arquitetar fuga do país.
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"Eu não tenho a menor dúvida de que (esse movimento) é uma perseguição. Que provas tem contra mim? Não tem nada, são só suposições. Quando se fala em (acusação) criminal, você tem que ter algo concreto. Eu não me reuni com marginal no Morro do Alemão, como o Lula fez, 'tá'?", declarou o ex-presidente.
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Decisão de Moraes aponta que Bolsonaro e o filho Eduardo "vêm atuando, ao longo dos últimos meses, junto a autoridades governamentais dos Estados Unidos da América, com o intuito de obter a imposição de sanções contra agentes públicos do Estado Brasileiro".
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Os atos do ex-presidente e do filho podem ser configurados como crime de coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito
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Após conversa com a imprensa no Centro Integrado de Monitoração Eletrônica, Jair Bolsonaro foi para a sede do Partido Liberal
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Bolsonaro fala à imprensa após colocar a tornozeleira eletrônica
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Em publicação na plataforma X (antigo Twitter), o assessor sênior de Trump, Jason Miller, ironizou a atuação de Moraes e acusou o ministro de protagonizar uma perseguição política. "Ação corajosa de Alexandre de Moraes ao anunciar ao mundo que quer todo o crédito pela perseguição política e caça às bruxas contra o presidente Jair Bolsonaro! Agora sabemos quem realmente está mandando no Brasil!", escreveu Miller, que foi um dos principais estrategistas das campanhas presidenciais de Trump em 2016 e 2020.
Outro aliado do presidente americano, Alex Bruesewitz, também reagiu. Em post publicado no X, afirmou: “O que Alexandre de Moraes e o Supremo Tribunal Federal estão fazendo com o presidente Bolsonaro é perverso e errado.” Ele comparou o caso brasileiro ao cenário político dos EUA: “Esse nível de instrumentalização do governo contra um oponente político é tão ruim quanto o que tentaram fazer com o presidente Trump!”
A Polícia Federal deflagrou uma operação na manhã desta sexta-feira (18/7) contra Jair Bolsonaro, com autorização do STF
Mateus Bonomi/AFP
Agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na casa do ex-presidente e em endereços ligados ao Partido Liberal (PL)
Mateus Bonomi/AFP
O STF determinou que Bolsonaro passe a usar tornozeleira eletrônica para monitoramento contínuo
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Ele está proibido de sair de casa entre 19h e 7h, como medida de contenção e vigilância
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Bolsonaro não poderá acessar ou usar redes sociais, nem mesmo por meio de terceiros
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Está proibido de se comunicar com outros réus ou investigados, inclusive o filho Eduardo Bolsonaro
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Jair Bolsonaro não pode se comunicar com diplomatas, embaixadores ou representantes estrangeiros
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Está vetado seu acesso físico a embaixadas, especialmente a dos Estados Unidos
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Ele não poderá deixar o país sem autorização prévia do Supremo Tribunal Federal
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Endereços ligados ao Partido Liberal foram alvo de busca e apreensão na mesma operação
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O advogado Fabio Wajngarten disse que a defesa recebeu as medidas com surpresa e vai se manifestar após acesso ao processo
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O Partido Liberal classificou a operação como desproporcional e questionou sua justificativa
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O deputado Rogério Correia (PT-MG) solicitou a prisão preventiva e a tornozeleira, citando risco de fuga
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A Corte atendeu parcialmente, impondo restrições, mas sem decretar prisão até o momento
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As medidas representam o avanço das investigações e aumentam o cerco judicial sobre o ex-presidente
Edilson Rodrigues/Agência Senado
Bruesewitz, de 28 anos, é apontado como um dos principais responsáveis pela estratégia digital de Trump voltada à geração Z. Ele ganhou notoriedade nas eleições americanas do ano passado por sua atuação nas redes sociais.
Na semana passada, o próprio Donald Trump reforçou as críticas ao governo brasileiro em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No documento, ele defendeu diretamente Bolsonaro e classificou o processo contra o ex-presidente como uma “caça às bruxas”. Na mesma carta, Trump anunciou a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos.
Jornalista formada pela UCB, com especialização em Economia pela Saint Paul Escola de Negócios e cursando MBA em Gestão Ambiental e Sustentabilidade na Uniube. Atua na cobertura política em Brasília desde 2018.