Em pronunciamento neste domingo (27/7), o Secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, declarou que não haverá novas prorrogações para a data-limite de 1º de agosto, quando entram em vigor tarifas “recíprocas” impostas pelo governo Trump.
Países que não formalizarem acordos comerciais até lá enfrentarão taxas que variam de 15% a 50%, conforme o grau de negociação bilateral. Entre os países mais afetados estão Brasil, União Europeia e Japão, enquanto nações menores podem se limitar à tarifa base de 10%.
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Em entrevista a norte-americana TV Fox, Lutnick afirmou que, embora as conversas possam continuar após a data, os pagamentos tarifários começarão imediatamente em 1º de agosto.
A iniciativa inclui tarifas específicas por país: 50% sobre o Brasil; 30% sobre a União Europeia e o México; 35% sobre o Canadá, e 25% sobre Japão e Coreia do Sul. A maioria das demais nações deve enfrentar a tarifa base de 10%.
Na última sexta-feira (25), um grupo de senadores viajou para Washington com o objetivo de negociar o “tarifaço do Trump”. Enquanto isso, o setor produtivo inicia conversas com o governo federal para definir medidas paliativas que possam atenuar possíveis impactos, caso a tarifa de 50% prevaleça.
Cronologia do prazo
Originalmente previstas para abril de 2025, as tarifas foram adiadas inicialmente para 9 de julho, e depois estendidas até 1º de agosto. O secretário Lutnick reforçou que desta vez o prazo é "duro", sem margem para novos adiamentos.
Apesar da rigidez formal do prazo, o representante do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que acordos de qualidade são mais importantes que cumprir a data exata, sinalizando alguma flexibilidade nos bastidores.
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Parlamentares brasileiros viajam para negociar tarifa
A comitiva de senadores da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) inicia, na próxima segunda-feira (28/7), uma série de compromissos na tentativa de reverter as tarifas de 50% impostas pelo governo dos Estados Unidos a produtos brasileiros como aço e alumínio. Oito parlamentares embarcaram na última sexta-feira (25) para Washington.
Conforme as diretrizes acordadas com o Itamaraty, a missão terá caráter exclusivamente institucional, voltado ao diálogo e ao fortalecimento das relações bilaterais, sem envolvimento direto em negociações formais com a Casa Branca. A expectativa dos senadores é realizar uma "interlocução sobre as relações econômicas bilaterais com os EUA”.
A comitiva foi liderada pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Dos oito senadores que integram a comissão temporária criada para dialogar sobre as tarifas, quatro ocupam vagas titulares no grupo.
Além do presidente, estão confirmados como titulares Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado; Tereza Cristina (PP-MS); e Fernando Farias (MDB-AL). Completam a delegação, na condição de suplentes, os senadores Marcos Pontes (PL-SP), Esperidião Amin (PP-SC), Rogério Carvalho (PT-SE) e Carlos Viana (Podemos-MG).
Medidas Paliativas
O setor produtivo iniciou conversas com o governo federal brasileiro para definir medidas paliativas que possam atenuar os impactos da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. A iniciativa busca proteger a competitividade das exportações nacionais e minimizar prejuízos para a indústria, especialmente nos segmentos mais afetados pela medida.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, afirmou que, neste momento, a alternativa mais realista é concentrar esforços na tentativa de postergar as tarifas.
Ele defendeu a aplicação de medidas como antidumping, que são adotadas por um país para proteger sua indústria nacional contra práticas comerciais desleais, previstas pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
"Falei e destaquei a relevância da gente proteger o mercado brasileiro da invasão de produtos importados, que está ocorrendo em função da guerra comercial e internacional e da implementação de medidas previstas na OMC, como antidumping, e como avaliação também do fluxo de importações, para que haja ali uma proteção do mercado local", afirmou.
Um estudo da Fiemg, divulgado na última semana, apontou que as tarifas podem ter um custo de até R$ 175 bilhões ao Brasil. Mesmo diante do cenário preocupante, Roscoe definiu a reunião como produtiva. "O vice-presidente deixou de maneira muito clara que está atuando de maneira contundente junto ao governo americano, mas de maneira discreta."
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