Banco Central

Ata do Copom reforça cenário de juros elevados por mais tempo

Colegiado cita incertezas nos EUA e inflação resistente no Brasil para justificar manutenção da Selic em 15%. Política fiscal também segue no radar e preocupa

O colegiado afirma que tem acompanhado, com particular atenção, os anúncios referentes à imposição pelos EUA de tarifas comerciais ao Brasil -  (crédito: Leonardo Sá/Agência Senado/Flicker)
O colegiado afirma que tem acompanhado, com particular atenção, os anúncios referentes à imposição pelos EUA de tarifas comerciais ao Brasil - (crédito: Leonardo Sá/Agência Senado/Flicker)

O Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou que a taxa básica de juros (Selic), deve continuar em um patamar alto por “período bastante prolongado”. Na ata de sua última reunião, divulgada nesta terça-feira (5/8), o colegiado atribuiu a manutenção dos juros em 15% ao elevado grau de incerteza no cenário externo — marcado pela conjuntura e pela política econômica dos Estados Unidos — e às expectativas de inflação ainda desancoradas no contexto doméstico.

“O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, destaca o documento.

O colegiado afirma que tem acompanhado, com particular atenção, os anúncios referentes à imposição pelos EUA de tarifas comerciais ao Brasil. “A elevação por parte dos Estados Unidos das tarifas comerciais para o Brasil tem impactos setoriais relevantes e impactos agregados ainda incertos a depender de como se encaminharão os próximos passos da negociação e a percepção de risco inerente ao processo.”

Diante desse cenário, o Copom apontou que “deve preservar uma postura de cautela”. “Como usual, o Comitê focará nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica de inflação interna”, diz outro trecho do documento.

Inflação acima da meta

Sobre a inflação, a ata destaca que, embora o cenário tenha apresentado surpresas baixistas nos últimos períodos em relação às projeções dos analistas, o índice geral permaneceu acima da meta.

“Para além das variações dos itens, ou mesmo das oscilações de curto prazo, os núcleos de inflação têm se mantido acima do valor compatível com o atingimento da meta há meses, corroborando a interpretação de uma inflação pressionada pela demanda e que requer uma política monetária contracionista por um período bastante prolongado”, avalia.

Fiscal

Além disso, o Copom afirma que segue acompanhando a política fiscal. O Comitê reforçou que a perda de impulso nas reformas estruturais, o enfraquecimento da disciplina fiscal, o avanço do crédito direcionado e as incertezas quanto à estabilização da dívida pública podem elevar a taxa de juros neutra da economia.

Segundo o colegiado, isso obrigaria também a manter a Selic alta por mais tempo. “O debate do Comitê evidenciou, novamente, a necessidade de políticas fiscal e monetária harmoniosas.”

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postado em 05/08/2025 10:55 / atualizado em 05/08/2025 11:00
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