Guerra comercial

Apex abrirá escritório em Washington para apoiar empresas afetadas por tarifaço

Medidas de apoio às empresas estão sendo articuladas para complementar o plano do governo federal e visam ajudar exportadores a enfrentar as tarifas de 50%; setores como carne e café estão no centro das negociações por novas exceções

Segundo o presidente da Apex, há uma frente atuando para ampliar o número de exceções à nova taxação imposta pelos EUA -  (crédito: Divulgação/Apex Brasil)
Segundo o presidente da Apex, há uma frente atuando para ampliar o número de exceções à nova taxação imposta pelos EUA - (crédito: Divulgação/Apex Brasil)

O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, afirmou nesta quarta-feira (6/8) que a entidade criará um escritório em Washington para apoio às empresas brasileiras impactadas pelas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos, que entraram em vigor hoje.

De acordo com ele, a agência seguirá o trabalho já realizado atualmente em parceria com a Câmara Americana de Comércio (Amcham, na sigla em inglês). “Já temos três bases nos Estados Unidos — Miami, São Francisco e Nova York — e agora estamos estabelecendo uma nova presença em Washington, em parceria com a Amcham. Já atuamos juntos, mas, diante desse cenário desafiador, estamos fortalecendo ainda mais essa colaboração”, disse em conversa com jornalistas. 

Viana afirmou que a entidade está trabalhando em um plano próprio de apoio às empresas afetadas, que deve complementar as medidas do governo federal. A iniciativa tem como objetivo oferecer suporte emergencial, com foco na promoção comercial e na diversificação de mercados. “Nós fizemos isso no Rio Grande do Sul”, comentou ao lembrar das enchentes que atingiram o estado no ano passado. 

O presidente da Apex também informou que há uma frente atuando para ampliar o número de exceções à nova taxação imposta pelos EUA. Setores estratégicos como carne e café estão entre os alvos das negociações. “Tem alguns que já estão fora das taxas. Estamos lutando para que mais setores fiquem de fora. Carne e café são prioridades, porque têm peso nas exportações e impacto direto nos produtores brasileiros”, destacou.

Apesar de atuar de forma complementar, Viana ressaltou que a Apex tem autonomia e agilidade para implementar ações próprias. Ele comentou, ainda, as medidas esperadas para o plano de contingência que deve ser anunciado pelo governo nesta semana. 

“Esse plano de contingência provavelmente vai trabalhar garantias e empréstimos, socorro para as empresas, desoneração. Mas isso aí é a Fazenda que está fazendo, junto com o Mdic. Nós podemos fazer o nosso, para as empresas que trabalham com promoção. Porque é o nosso ofício fazer isso”, disse.

Recado para Tarcísio 

Ao comentar os impactos regionais, Viana destacou que o estado de São Paulo será um dos mais afetados pelas tarifas impostas por Washington. "São Paulo tem 30% das exportações que vão para os Estados Unidos. O estado mais prejudicado com as ações é São Paulo, e o governador Tarcísio sabe disso", afirmou. A fala veio acompanhada de uma crítica ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), potencial presidenciável aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro. 

Viana cobrou uma postura mais firme de Tarcísio diante das medidas adotadas pelos EUA, que afetam diretamente a economia paulista. “Não tem muro para o Tarcísio, ou ele vai na defesa da soberania, ou vai com seus aliados. Ou ele vai contra ou a favor do país”, enfatizou o presidente da Apex, em referência à necessidade de união institucional para enfrentar os efeitos do tarifaço.

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postado em 06/08/2025 13:55 / atualizado em 06/08/2025 13:59
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