
No último pregão da semana, o dólar voltou a registrar queda em relação ao real. Nesta sexta-feira (15/8), o câmbio da moeda norte-americana recuou 0,35%, cotado a R$ 5,39. É a primeira vez que a semana encerra com o valor da divisa abaixo de R$ 5,40 desde o dia 14 de junho de 2024. Nos últimos cinco dias, o câmbio acumulou queda de 0,64%.
O aguardado encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, no estado norte-americano do Alasca, agitou o noticiário político e econômico desta sexta-feira. Com uma forte especulação sobre qual seria o desfecho da cúpula, os principais índices de Nova York fecharam mistos, com o Dow Jones registrando uma ligeira alta de 0,08%, enquanto que Nasdaq e S&P 500 recuaram 0,4% e 0,29%, respectivamente.
Os investidores norte-americanos ainda digerem resultados negativos durante a semana, como os dados da inflação pelo índice de preços ao produtor (PPI, na sigla e inglês) em julho, que veio acima das expectativas, e a confiança do consumidor no mesmo mês, que foi mais fraca do que o esperado para o período.
O analista econômico e membro do CFA Society Brazil, Harrison Gonçalves, acredita que a recente desvalorização do dólar está alinhada com uma estratégia mais ampla dos Estados Unidos para fortalecer sua competitividade industrial e comercial no cenário global. “Ao reduzir o valor relativo da moeda, os produtos americanos se tornam mais baratos no mercado internacional, favorecendo exportações e incentivando a produção doméstica”, destaca.
- Leia também: Dólar sobe e bolsa recua com reação a Estados Unidos
Para o especialista, a política está alinhada a medidas tarifárias e incentivos internos que estimulam empresas estrangeiras a instalar operações produtivas no país. Com o dólar mais fraco, Gonçalves considera que os preços de produtos em território americano se tornam relativamente mais atrativos, enquanto que as importações ficam mais caras.
“Embora o movimento possa gerar pressão inflacionária no curto prazo, o governo americano considera prioritário o ganho em termos de geração de empregos, arrecadação e liderança comercial global”, acrescenta.
Ibovespa fecha estável
Enquanto isso, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa/B3) encerrou o dia praticamente estável, com uma queda mínima de 0,01%, aos 136.340 pontos. No acumulado da semana, a bolsa brasileira valorizou 0,31%. Para o economista-chefe da Bluemetrix Asset, Renan Silva, o pacote apresentado pelo governo na última quarta-feira (15/8), que prevê medidas para compensar perdas em setores afetados pelo tarifaço não representa uma novidade.
“Ele apresenta a possibilidade de o governo emprestar às empresas a taxas subsidiadas, também gerando um ‘wave’ (onda) de impostos e isso traz alguma preocupação porque o governo tem as suas contas ainda no campo do desequilíbrio, tem dificuldade em bater a meta fiscal, e a gente sabe que esses subsídios significam impostos ao contrário, quer dizer, acaba afetando sim os gastos do governo e isso gerou alguma tensão, mas não o suficiente para mudar o humor ou a tendência da bolsa de valores e também da taxa de juros”, considera.
O mercado, segundo o especialista, também entende que o impacto do tarifaço sobre o PIB ainda é considerado marginal – em torno de -0,26% – o que pode ser considerado uma questão mais contornável. “Algumas empresas estariam inviabilizadas, mesmo, e isso pode ter um desdobramento de inadimplência da pessoa jurídica e também com maior desemprego e inadimplência ainda maior das famílias, que estão muito endividadas. Mesmo assim, não foi o suficiente para mudar o humor do mercado nesta sexta-feira”, conclui.
Economia
Economia
Economia
Economia