O primeiro dia do SAP NOW AI Tour Brazil, maior evento corporativo de gestão empresarial do país, reuniu mais de 3 mil pessoas na terça-feira (19/8), no Transamerica Expo Center, em São Paulo. O encontro, promovido pela multinacional de tecnologia SAP, oferece uma imersão completa em inteligência artificial, reunindo executivos, especialistas e clientes para debater como conectar todas as áreas de uma empresa e impulsionar uma transformação digital inteligente, integrada e ética. Ao todo, são mais de 300 sessões divididas entre keynotes, strategy talks, demos de soluções e histórias de clientes.
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No palco principal, o presidente da SAP Brasil, Rui Botelho, conduziu discussões ao lado de nomes como Adriana Aroulho (presidente da SAP América Latina e Caribe), Muhammad Alam (executivo global da SAP responsável por Product & Engineering), Stephan de Barse (presidente da Business Suite Organization da SAP), além de representantes do mercado nacional como Sergio Malacrida (CFO da Votorantim) e Marcelo Facchini (CEO da Facchini).
O ponto alto do primeiro dia, no entanto, veio com o painel de encerramento “Tecnologia com alma: inteligência artificial, diversidade e o futuro das relações humanas”, que reuniu a atriz e diretora Regina Casé, o escritor Marcelo Rubens Paiva e o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck. O bate-papo trouxe um debate sensível e provocativo sobre os limites da tecnologia, o papel da emoção na criação humana e as oportunidades de inclusão proporcionadas pela IA.
Regina Casé emocionou o público ao contar histórias pessoais que demonstram como a tecnologia pode transformar vidas, especialmente em contextos de desigualdade. “A gente sempre ouve que tecnologia é coisa de gente rica, mas o Brasil deu um ‘olé’ nisso. O uso criativo da tecnologia pelas periferias e favelas é algo que o mundo inteiro admira”, afirmou.
A atriz relembrou a série que produziu nos anos 2000 chamada Lan House, que retratava o uso coletivo da internet por jovens de comunidades que ainda não tinham acesso a computadores pessoais. “Eu entrei em uma lan house escura numa periferia de Fortaleza (CE) e tinha vários jovens cearenses falando japonês. Eles viam tanto anime, tantas séries, que repetiam até aprender. Isso é inclusão tecnológica de verdade”, destacou.
Ela também compartilhou a história da filha Benedita, que perdeu a audição na infância. Durante décadas, ela conseguiu ouvir apenas sons graves e médios. Mas, graças ao avanço dos aparelhos auditivos, aos 31 anos escutou pela primeira vez o canto de um pássaro. “Como não ser grata à tecnologia? Ela não é bruxa, é amiga. Mas, como toda amiga, precisa ser educada com valores, com cuidado, praticamente como educar um filho”, afirmou.
Já o escritor Marcelo Rubens Paiva destacou que, apesar da capacidade da inteligência artificial de produzir textos e automatizar processos, ela ainda está longe de capturar a complexidade da experiência humana. “Não existe algoritmo que consiga traduzir o que eu senti ao escrever Ainda Estou Aqui. A máquina pode produzir um texto correto, mas não consegue reproduzir o choro, a raiva, a paixão ou a surpresa que fazem parte do processo criativo humano”, disse.
Um dos momentos marcantes de sua carreira foi a inspiração despertada ao assistir à peça Asdrúbal Trouxe o Trombone, nos anos 1970, da qual Regina Casé fazia parte. “Aquilo mudou a minha vida. Eu quis ser artista depois daquilo. A IA pode até tentar reproduzir, mas ela parte sempre de algo que já existiu. O que o artista faz é criar o que nunca foi feito.”
Outro caso curioso aconteceu devido a um erro gráfico em um de seus livros que acabou tornando a obra ainda mais cativante. “A gráfica juntou duas cenas que deveriam estar separadas, e isso gerou uma confusão narrativa incrível. Eu nunca corrigi, porque o erro tornou a obra melhor. A arte nasce do inesperado, da tentativa. Ela trabalha com a emoção e com o seu estado de espírito. Talvez a IA erre pouco, mas é justamente o erro que abre espaço para o novo.”
Além disso, Marcelo conta que quando era colunista da Folha de São Paulo recebeu, por ligação, a notícia do falecimento de Renato Russo e precisava escrever uma matéria em 20 minutos. “Eu era amigo dele. E tinha minutos para escrever uma matéria, chorando aos prantos, e é, até hoje, um dos textos mais bonitos que escrevi na minha vida. Então, eu acho que é difícil substituir um artista. A IA pode escrever um texto, uma dramaturgia, redondinha. Mas nunca vai ter esses erros, essas causalidades, o humor repentino que um artista tem e que torna qualquer obra única.”
O SAP NOW AI Tour Brazil segue nesta quarta-feira (20/8) com novas rodadas de painéis, demonstrações e encontros estratégicos. O evento oferece ainda acesso ao portfólio completo de soluções da SAP e uma imersão nas principais tendências tecnológicas globais, com foco em IA generativa, automação, cloud e sustentabilidade.
*A jornalista viajou a convite do evento
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