
Nos últimos 30 anos, a indústria de defensivos químicos — ou agrotóxicos — consolidou um monopólio na produção e comercialização desses insumos voltados à soja no Brasil, é o que avalia o diretor-executivo da Associação Brasileira de Bioinsumos (Abbins), Reginaldo Minaré. Para ele, a expansão do mercado de bioinsumos pode romper essa lógica, já que permite ao próprio agricultor produzir e utilizar soluções orgânicas em sua lavoura.
“Identificamos que o preço do agrotóxico descolou do custo da produção do agrotóxico. Muitas vezes era cobrado quanto o agricultor podia pagar e a margem do agricultor começa a ser transmitida para outras partes”, disse nesta terça-feira (2/9), durante o CB Talks: A Soja e os Desafios da Transição da Agricultura Brasileira, realizado pelo Correio em parceria com o Instituto Escolhas.
"Todo esse contexto de fortalecimento da agricultura regenerativa e do uso de bioinsumos precisa ter como foco não apenas o agricultor, mas principalmente a grande indústria instalada no Brasil”, destacou Minaré.
Segundo ele, a transição no modelo de produção da soja tende a impactar muito mais o setor químico do que o produtor rural, já que a indústria terá de se reinventar para continuar competitiva. “Isso não pode ser sustentado artificialmente no mercado por meio de canetadas. Não faria sentido, por exemplo, proibir a fotografia digital apenas para manter a Kodak no mercado de filmes. Ela teve que se reinventar”, exemplificou.
O diretor destacou ainda que a Abbins enxerga na agricultura focada na preservação da capacidade produtiva do solo, como a regenerativa, o caminho da agricultura convencional do futuro. Para Minaré, o ponto central dessa transição é a melhoria da saúde do solo.
“A história das patentes mostra que ninguém ganha dinheiro com a mesma tecnologia para sempre. É preciso mudar. Isso vale inclusive para a indústria de máquinas, que acompanhamos de perto. O maquinário disponível hoje é realmente o mais adequado para a agricultura regenerativa? Talvez precise evoluir”, completou.
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