
A carne bovina brasileira vive um momento de “vacas gordas” no exterior, em referência à expressão bíblica utilizada no livro do Gênesis. Dados levantados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e compilados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) mostram que de janeiro a agosto de 2025, a exportação do produto para todos os 164 parceiros do país atualmente cresceu 32,9%, em termos de valor, e 15%, em volume.
Uma parte relevante desse crescimento se deve ao aumento mais expressivo das vendas para países asiáticos, sobretudo a China, que importou mais de 960 mil toneladas desde o início do ano, o que já representa um avanço de 46,19% em relação ao mesmo período do ano anterior. No total, o Brasil obteve US$ 5 bilhões em exportações de carne ao país até agosto, indicando um crescimento de 47,59% em termos de valor.
Atrás somente da China, os Estados Unidos são o segundo maior comprador da carne bovina brasileira, mas em agosto as exportações para este país tiveram queda de 51,1%, em consequência da aplicação da tarifa de importação de 50% sobre o produto anunciada ainda em julho pelo presidente norte-americano Donald Trump.
Apesar da situação, somente no período entre janeiro e agosto de 2025, as vendas da carne brasileira para os EUA já quase superam todo o ano de 2024. Nesse período, foram exportadas 209 mil toneladas do produto, enquanto que em todo o ano anterior, foram comercializadas 229 mil toneladas. Com o resultado de agosto, no entanto, a perspectiva de crescimento nas exportações para aquele país se reduz significativamente, como avalia o presidente da Abiec, Roberto Perosa.
“O setor tem uma experiência muito grande e consegue se adaptar, mas se você perde um segundo cliente que é próximo, que é altamente rentável, e que demanda grande volume, sempre é um sinal de alerta. Por isso que nós reiteramos ao governo brasileiro a nossa demanda para que eles continuem negociando, para que eles continuem dando expectativa”, defendeu o representante da entidade, em coletiva a jornalistas, nesta terça-feira.
Ao mesmo tempo em que pede para que o governo brasileiro busque avançar algum acordo com os EUA pelas vias diplomáticas, Perosa acredita que o foco do setor no momento deve ser o comércio com os países asiáticos e a abertura de novos mercados. Além de ressaltar a importância das relações com a China, ele acredita que até o final do ano – mais precisamente na COP 30 – o Brasil consiga a tão aguardada abertura comercial com o Japão, que importa mais de 700 mil toneladas de carne por ano.
- Leia também: Novos mercados para a carne brasileira
“O mercado da carne bovina é um só. Então, se eu aumento para cá, falta aqui. Então é um grande ciclo fechado. Com o incremento, vem crescendo o consumo e muitos dos países não conseguem aumentar a produção. Quem consegue fazer isso é o Brasil. Então, eu acho que é uma oportunidade no mercado do Japão que vai ser muito rentável também para as empresas brasileiras”, considera o presidente.
Saiba Mais
Economia
Economia
Economia
Economia
Economia
Economia