Economia verde

Setor privado faz recomendações para a COP30

A SB COP, iniciativa da CNI que reúne empresários e CEOs, apresenta nesta segunda, em Nova York, um documento com 23 propostas. Objetivo é contribuir para o debate da transição energética e da sustentabilidade na Conferência do Clima, em novembro

Segundo Davi Bomtempo, o documento é resultado de meses de trabalho de grupos temáticos  -  (crédito: Iano Andrade/CNI)
Segundo Davi Bomtempo, o documento é resultado de meses de trabalho de grupos temáticos - (crédito: Iano Andrade/CNI)

Lideranças do setor produtivo global apresentam, nesta segunda-feira (22/9), uma lista de 23 prioridades para as autoridades em apoio às negociações da 30º Conferência sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP 30, que será realizada, em novembro, em Belém.

O documento, elaborado pela Sustainable Business COP (SB COP) — iniciativa lançada em março pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para a inclusão do setor privado no debate da Conferência Climática da ONU —, será entregue ao presidente da COP 30, embaixador André Corrêa do Lago, em evento de alto nível da SB COP, realizado em parceria com a Bloomberg, durante a Semana do Clima, em Nova York.

"Esse é um trabalho que começou em março, quando a SB COP foi lançada. Essa iniciativa tem um propósito de engajamento do setor privado para a agenda de mudança climática, ou seja, de redução para baixo carbono", explica Davi Bomtempo, superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI e secretário-executivo da SB COP, em entrevista ao Correio.

De acordo com Bomtempo, o documento final com as propostas é resultado de meses de trabalho dos grupos temáticos, representados por CEOs e altos executivos de empresas brasileiras e multinacionais.

A lista de 23 recomendações inclui medidas como a ampliação da eficiência energética — considerada a maneira mais econômica de reduzir o consumo de energia —, a expansão e o fortalecimento das fontes renováveis, como eólica, solar e biomassa, além do avanço na agenda de combustíveis sustentáveis.

"São agendas nas quais o Brasil tem bastante destaque, tem bastante conhecimento a partir dos biocombustíveis, do biodiesel e do etanol, de conhecimento e expertise desde a década de 1970. Então, é uma vantagem comparativa do Brasil também essa agenda", destaca.

O executivo da CNI informa também que as propostas incluem o fortalecimento da cadeia de valor, a partir de práticas voltadas para a agenda de economia circular e adaptações a partir da agenda de cidades sustentáveis, olhando, principalmente, para a questão do saneamento e da segurança energética. "Enfim, há um rol de recomendações que vão passar por vários temas que estão dentro da SB COP e da COP 30", ressalta.

Para elaborar a lista de recomendações, foram criados oito grupos de trabalho compostos por CEOs e executivos de empresas brasileiras e multinacionais. Cada grupo elaborou de duas a três prioridades, cobrindo os temas estratégicos das áreas de transição energética, economia circular e materiais, bioeconomia, sistemas alimentares, soluções baseadas na natureza (NbS), cidades sustentáveis, finanças e investimentos para transição, e empregos e habilidades verdes.

As prioridades foram definidas com base em cinco ambições no documento que tem como uma das metas triplicar a capacidade instalada de energia renovável até 2030 e a defesa de um alinhamento dos mercados globais de carbono. Entre elas, destacam-se: acelerar a transição energética, em linha com a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5ºC, e promover apoio financeiro para enfrentar a crise climática, possibilitando crescimento econômico compatível com a agenda climática.

Bomtempo espera que o documento integre os debates da pré- COP 30, em Brasília, nos dias 13 e 14 de outubro, que reunirá ministros do Meio Ambiente, negociadores oficiais da UNFCCC e delegações internacionais. As propostas completas estão disponíveis em no site sbcop30.com e também serão discutidas na pré- COP da CNI, marcada para 15 de outubro, na capital federal.

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"A ideia é que a SB COP seja um legado desta COP, porque trata-se de uma iniciativa internacional, com atores internacionais, como empresas e câmaras de comércio. Em novembro, a câmara da Austrália vai assumir a liderança e a CNI continuará atuando dando suporte para a próxima COP", explica Bomtempo.

Entre as empresas que integram a SB COP estão Natura, JBS, Solvay, Ambipar, MRV, Schneider Electric, eB Climate e re.green. A iniciativa conta ainda com parceiros institucionais, como o Fórum Econômico Mundial (WEF), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a International Finance Corporation (IFC), do Banco Mundial, a International Chamber of Commerce (ICC) — que representa mais de 45 milhões de empresas em mais de 100 países —, além das redes Brasil e Austrália do Pacto Global da ONU, entre outros.

Em junho, a iniciativa passou a integrar oficialmente a Marrakech Partnership for Global Climate Action, da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). A plataforma articula iniciativas de atores não-estatais para acelerar a implementação do Acordo de Paris.

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postado em 22/09/2025 04:00
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