
A Amazônia é a origem de 80% de todas as emissões de mercúrio da América do Sul, que, por sua vez, é a segunda região do mundo que mais contribui para as emissões globais da substância, segundo a professora titular da Universidade Federal do Pará (UFPA) e coordenadora do Instituto Amazônico do Mercúrio (IAMer), Elena Crespo.
“Hoje, nós sabemos em questões de saúde pública, que baixas doses de mercúrio são capazes de provocar hipertensão, por exemplo. E nenhum médico no Brasil, quando detecta hipertensão, imagina sequer em fazer uma análise de mercúrio como um dos possíveis fatores”, afirmou Elena nesta terça-feira (7/10), durante participação no evento Controles sobre o uso de mercúrio e o futuro da extração do ouro, realizado pelo Correio Braziliense, em parceria com o Instituto Escolhas.
Ela também destacou que a exposição ao metal compromete a força de trabalho e impacta as futuras gerações, pois pode levar crianças a perderem pontos de QI e apresentarem problemas de aprendizagem. A atividade de garimpo, embora seja importante para sustentar muitas famílias na Amazônia, envolve um problema complexo que abrange desde a desigualdade socioeconômica até questões de saúde pública e dificuldades logísticas.
Frente a esse cenário, instituições amazônicas estão se articulando para encontrar soluções, um movimento visto como um marco e uma oportunidade de mudança. O IAMer, uma rede de universidades públicas coordenado pela docente, foi criado para agregar esforços de grupos de pesquisa.
O instituto, que recebeu apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, implementou cinco polos de teste padronizados em quatro estados diferentes com o objetivo de capacitar e conscientizar, mostrando as consequências e a urgência de mudar com base em fatos. Pesquisas, como o trabalho da Universidade Federal de Rondônia (parte do IAMer) com o pau-de-alsa, procuram demonstrar aos garimpeiros métodos para recuperar o ouro com menor impacto.
Apesar dos esforços, a professora explicou que as alternativas exigem políticas de apoio, incluindo assistência financeira, crédito e conscientização. Acredita-se que os garimpeiros querem mudar o panorama, desde que lhes sejam dadas oportunidades para se tornarem protagonistas dessa transformação.
É fundamental, ressaltou Elena, dar voz aos amazônidas, que são os primeiros a receber as consequências mais graves do garimpo, embora o ouro não permaneça na região. As políticas públicas de escuta e de cuidado com a saúde dos garimpeiros e das comunidades afetadas são importantes para a eficácia das mudanças.
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro
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