G20

Lula participa de cúpula esvaziada na África do Sul 

Encontro de líderes do G20 tem ausência de vários presidentes, como EUA, China, Argentina, México e Arábia Saudita não terá o mesmo peso político. Presidente Lula deverá se encontrar com chanceler alemão, que criticou Belém

O presidente Lula desembarcou, ontem, em Joanesburgo, sede da cúpula do G20 -  (crédito: Ricardo Stuckert/PR)
O presidente Lula desembarcou, ontem, em Joanesburgo, sede da cúpula do G20 - (crédito: Ricardo Stuckert/PR)

a Silva participa, hoje, da Cúpula de chefes de Estado do G20 — bloco que reúne as 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana. O evento ocorre hoje e amanhã em Joanesburgo, maior cidade da África do Sul, sob risco de esvaziamento do bloco que ganhou maior representatividade no fim de 2008, após a crise financeira global.

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Líderes de peso no G20. No caso dos Estados Unidos, o presidente Donald Trump, resolveu boicotar a cúpula. Ele chegou a dizer que não enviará nenhum representante oficial e acusa a África do Sul, sem provas, de promover a perseguição e morte de pessoas brancas.

Além da ausência dos EUA, a cúpula sul-africana do bloco será marcada pela participação de representações dos governos de cinco países: China, Rússia, Argentina, México e Arábia Saudita, reduzindo o peso político do encontro.

A cúpula, que segue até amanhã, carrega simbolismos importantes. Esta é a primeira vez que um país africano sedia a conferência, cujo tema deste ano é “Solidariedade, Igualdade e Sustentabilidade”. A

agenda proposta pela África do Sul elencou temas sensíveis como prioridade, como a negociação das dívidas de países de baixa renda, o financiamento da transição energética, a promoção do uso de minerais críticos, e o fortalecimento da capacidade de resposta a desastres.

Lula desembarcou em Joanesburgo na manhã de ontem. Pouco depois, realizou uma reunião bilateral com o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, no Centro de Convenções de Sandton — bairro nobre da cidade, onde o petista está hospedado. Também participaram os ministros da Fazenda, Fernando Haddad; e das Relações Exteriores, Mauro Vieira, além do assessor especial da Presidência, Celso Amorim. 

O presidente  defendeu aumentar a cooperação comercial com o país africano e declarou apoio à presidência do G20. “Vamos colocar nossos empresários, nossos homens de negócio e os nossos ministros
ao redor de uma mesa e dizer que nós queremos aumentar o comércio com a África do Sul. Nós queremos comprar mais, e nós queremos vender mais. E queremos que o comércio seja uma coisa equilibrada”,
disse Lula, em declaração divulgada nas redes sociais.

Ramaphosa foi o primeiro encontro bilateral na agenda de Lula, que deve contar com outras reuniões até domingo. Embora a lista dos encontros não tenha sido divulgada pelo Planalto, Lula deve conversar ao menos com o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz.

A reunião ocorre poucos dias após declarações polêmicas do premiê alemão sobre Belém, cidade que sedia a 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas (COP30). Está previsto que o episódio envolvendo Belém seja citado, ainda que de forma diplomática, durante a conversa. Interlocutores ligados ao governo afirmam que Lula não está com raiva do chanceler, mas que avalia como deselegante o que aconteceu.

A controvérsia começou quando Merz, em um discurso em Berlim na semana passada, afirmou que a
comitiva alemã “ficou contente em deixar Belém” após a participação na COP30. Ele disse ter perguntado a jornalistas que o acompanharam: “Quem de vocês gostaria de ficar aqui?” — e, segundo ele, ninguém levantou a mão.

O comentário repercutiu negativamente no Brasil, especialmente no Pará, e também recebeu críticas de parlamentares e setores da sociedade alemã. Em resposta, Lula afirmou que o chanceler deveria ter aproveitado melhor a cultura e a culinária paraenses, destacando a hospitalidade local.

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Apesar do desconforto diplomático, o governo alemão indicou que o chefe de governo não planeja fazer qualquer retratação. Em entrevista a jornalistas, na quarta-feira (19), o porta-voz alemão Stefan
Kornelius disse que Merz “não vê nenhum dano” na relação entre os dois países e que não fará desculpas formais. Ele também disse que as declarações foram tiradas de contexto, negando que o chanceler tenha manifestado “desagrado” ou “repulsa” por Belém.

 

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postado em 22/11/2025 03:00
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