
O presidente em exercício Geraldo Alckmin (PSB) chamou, ontem, de “maior avanço das negociações” o fato de os Estados Unidos retirarem a sobretaxa de 40% a uma série de produtos brasileiros exportados aos EUA, restando 22% de produtos ainda sobretaxados pelo governo norte-americano.
De acordo com Alckmin, 238 produtos saíram do tarifaço, entre eles, café, cacau, frutas, açaí, manga, raízes, tubérculos e fertilizantes. “Nós estávamos com 36% (de produtos sobretaxados). Hoje, temos
(ainda sob tarifas) 22% da exportação brasileira aos Estados Unidos”, afirmou o presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), com base nos dados das exportações brasileiras. “Foi o maior avanço das negociações Brasil-Estados Unidos”, frisou.
O tarifaço adicional dos Estados Unidos de 40% sobre os produtos brasileiros entrou em vigor em 6 de agosto e somou-se aos 10% que estavam em vigor desde março deste ano. O presidente em exercício também informou que a isenção da sobretaxa de 40% sobre esses novos produtos listados terá efeito retroativo a 13 de novembro, o que vai permitir o reembolso das tarifas de produtos já exportados aos EUA.
“Aquele que foi exportado depois de 13 de novembro vai ser reembolsado. O governo norte-americano vai reembolsar os produtos que foram (exportados) e entraram na lista (de ítens sem sobretaxa)”, disse.
Na semana passada, Trump havia retirado a taxa recíproca de 10% sobre produtos agrícolas. Logo
após essa medida, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, esteve reunido em Washington com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em mais um encontro entre os dois para tratar do fim da sobretaxa aos produtos brasileiros.
Alckmin também disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está na África do Sul e, depois, viaja para Moçambique, conversou com o presidente Donald Trump sobre a ampliação dos produtos isentos da sobretaxa. “Lula, quando conversou com Trump, fez dois pleitos: a redução tarifária, colocando nossos argumentos porque os EUA têm superavit comercial”, reforçou. Além disso, afirmou que Lula também colocou a questão da Lei Magnitsky em relação aos ministros que foram afetados.
Excluídos
Com essa medida do governo dos EUA, importantes produtos agrícolas brasileiros ficam isentos de taxas adicionais aos EUA desde 13 de novembro. Até então, o agronegócio brasileiro era um dos setores mais prejudicados pelo tarifaço americano, uma vez que 80% dos produtos do setor ficaram de fora
da primeira lista de exceções, de 31 de julho, decretada pelo governo norte-americano. Café e carnes tiveram redução expressiva nos embarques aos EUA a partir de agosto.
O setor produtivo brasileiro vinha pedindo ao governo americano a exclusão da tarifa sobre alimentos. Contudo, o comunicado do governo norte-americano deixou de fora alguns itens, como as importações de uvas, pescados e calçados.
Em conversa com o Correio, Eduardo Brandão, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), celebrou a derrubada das tarifas adicionais à maioria de frutas brasileiras exportadas aos EUA, mas lamentou a ausência de uvas nesta lista. “Creio que foi uma medida protecionista à produção de uvas dos Estados Unidos”, disse.
Ao todo, no ano passado, as exportações de uvas brasileiras ao país governado por Trump movimentou 14 mil toneladas da fruta e uma quantia de US$ 41,5 milhões. Já a Associação Brasileira das
Indústrias de Pescados (Abipesca), que movimenta cerca de US$ 300 milhões por ano no comércio Brasil-EUA, lamentou a manutenção da tarifa sobre a proteína. “Não houve evolução alguma para o pescado, e isso mostra que essa pauta não tem recebido a priorização necessária por parte do governo brasileiro”, destacou o presidente da Abipesca, Eduardo Lobo.
Outro setor não incluído na lista de Trump, o de calçados, informou que, no mês passado, as exportações destinadas aos EUA totalizaram 674,2 mil pares de calçados, 310 mil pares abaixo da média histórica para
esse mês nos últimos 10 anos. “Os EUA são o principal destino do calçado brasileiro no exterior e
o tarifaço de 50% vem prejudicando o setor desde que entrou em vigência, causando enormes prejuízos para as empresas”, avaliou o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira.
Peso tarifário
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou, ontem, levantamento revelando que, apesar de não terem mais tarifas adicionais, ainda há outras taxas que incidem em cada produto e que eram aplicadas antes mesmo da posse de Trump para o segundo mandato.
Com base nas estatísticas da Comissão de Comércio Internacional dos EUA, após a decisão de Trump,
o volume de itens sobretaxados ficou menor do que os isentos pela primeira vez desde a entrada em
vigor da alíquota mais alta, em 6 de agosto.
Segundo a entidade, 37,1% das vendas brasileiras ao mercado norte-americano ficaram livres de taxas adicionais, o que representa uma um volume de US$ 15,7 bilhões. Com isso, 62,9% da pauta exportadora brasileira para os EUA ainda seguem sujeitas a algum tipo de tarifa adicional.
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Na avaliação do presidente da CNI, Ricardo Alban, a retirada do tarifaço deve impulsionar a competitividade dos produtos brasileiros. “O aumento das isenções é um sinal muito positivo de que temos
espaço para remover as barreiras para outros produtos industriais. Esse é nosso foco agora”, comentou Alban.
Conforme os dados da CNI, 32,7% das exportações ainda estão sob os efeitos de uma alíquota adicional de 50%, entre eles, pescados, calçados e uva. Foi a primeira vez que o percentual de produtos isentos ultrapassou os taxados pelo tarifaço norte-americano.
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