
Durante participação no CB.Debate: Os avanços do Nordeste, realizado pelo Correio Braziliense em parceria com o Banco do Nordeste (BNB) nesta quinta-feira (4/12), o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, afirmou que a região deve crescer acima da média do país em 2024. Segundo ele, “o Nordeste tende a avançar 2,9%, enquanto o Brasil deve ficar entre 2,4% e 2,5%”, ritmo que considera significativo diante do que classificou como “uma taxa básica de juros inexplicável”.
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Cappelli disse que “não há nada que justifique juros desse tamanho” e observou que o país “opera com deficit praticamente zero nos últimos dois anos”. Ele destacou que, mesmo com o custo da dívida, “a economia continua crescendo”.
O dirigente apontou que os investimentos do novo Programa de Aceleração do Crescimento são decisivos para o cenário atual. Ele lembrou que “mais de R$ 415 bilhões estão sendo aplicados no Nordeste, com mais de 10 mil obras em andamento e 1.600 entregues”, e relacionou esse movimento à retomada da política industrial.
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Cappelli afirmou que “o Brasil passou sete anos sem política industrial”, enquanto o mundo acelerava iniciativas do setor, e citou o programa Nova Indústria Brasil e o Plano Mais Produção, que destinam crédito e incentivo à inovação. “Só no Nordeste, R$ 78 bilhões já foram aportados”, disse.
Ao tratar da competitividade regional, ressaltou que “68% da capacidade de geração de energia renovável do país está no Nordeste”, o que, segundo ele, cria uma vantagem para atrair plantas produtivas e aproveitar a transição energética. Porém, alertou que esse potencial precisa ser utilizado de forma estratégica: “Essa vantagem não pode virar uma nova commodity”.
Ele mencionou que projetos de hidrogênio verde podem se limitar a exportar produtos sem gerar encadeamentos locais. Sobre logística, criticou escolhas históricas: “É difícil explicar por que a soja do Mato Grosso desce para Santos quando subir para Itaqui economiza seis dias”.
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Rircado Cappelli também abordou mudanças no mercado de trabalho. Para ele, “não se trata de falta de vontade de trabalhar”, mas de uma “reorganização profunda”, marcada pela elevação da renda média, pela recusa a empregos tradicionais com remuneração defasada e pelo avanço do trabalho autônomo sem proteção social.
O presidente da ABDI lembrou ainda, durante sua participação, de programas da agência na região, como o Digital BR, que já atendeu mais de 700 indústrias, além de iniciativas de comércio eletrônico para ampliar a participação regional no setor, editais voltados ao agro e ações para difusão de tecnologias como o BIM em obras públicas. “Somos muito otimistas com o que vem pela frente”, concluiu.
*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

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