
A poucos dias da Cúpula do Mercosul, que ocorre no próximo sábado (20/12), os líderes de duas das maiores economias europeias frearam as expectativas para uma possível assinatura do acordo entre os dois blocos em 2025. O presidente da França, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, defenderam nesta quarta-feira (17) o adiamento da decisão final sobre o tema.
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Macron, publicamente contrário ao acordo entre os dois blocos, sobretudo em virtude da pressão do setor produtivo no país, disse que “se houvesse uma vontade de impor o acordo por parte das instâncias europeias, a França se oporia de forma muito firme”. A declaração foi feita pela manhã durante a reunião do Conselho de Ministros do país e repassada pela porta-voz do governo, Maud Bregeon.
Já a premiê italiana, que se manifesta menos sobre o assunto do que o francês, disse, também durante a manhã, que considera “prematuro” a assinatura do acordo. Ela reforçou que é necessário ainda ouvir todos os setores, sobretudo os agricultores, antes de tomar a decisão. “Devemos esperar até que essas medidas sejam finalizadas e, ao mesmo tempo, explicá-las e discuti-las com nossos agricultores", afirmou.
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Apesar do tom mais duro, Meloni deixou claro que o país não atua contra o acordo e que segue a posição do partido Fratelli D’Italia, que acredita que o texto ainda não é favorável aos agricultores italianos. “Isso não significa que a Itália pretende bloquear ou se opor ao acordo como um todo... Estou muito confiante de que, no início do próximo ano, todas essas condições poderão ser atendidas”, acrescentou a premiê.
Proteção aos agricultores
Ontem (16), o parlamento europeu aprovou uma série de medidas que preveem mecanismos de salvaguarda para o setor agrícola no continente. Produtos mais sensíveis, como carne bovina, aves e açúcar, serão supervisionados e, caso seja constatado um desequilíbrio prejudicial de mercado, a UE poderá aplicar tarifas adicionais. As medidas ainda devem passar pela Comissão Europeia.
Além da França e da Itália, a Polônia também não está satisfeita com os termos do acordo, ao contrário da Alemanha, que esperava a concretização das negociações já neste sábado. Havia a expectativa de que a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen marcasse presença em Foz do Iguaçu para assinar os termos junto com os líderes do Mercosul, entre eles, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Também na terça, Lula fez um apelo aos dois líderes europeus para que apoiassem a assinatura do acordo nos termos atuais. “Eu espero que o meu amigo Macron e a primeira-ministra da Itália assumam a responsabilidade e que no sábado, após fazer a reunião do Mercosul, com a participação da União Europeia, eu espero que tragam a boa notícia de que vão assinar o acordo e que não vão ter medo de perder competitividade”, disse o presidente.
Caso o acordo não satisfaça a Itália, o futuro das negociações pode estar comprometido, visto que se quatro países da UE, representando 35% da população do bloco, se opuserem, as tratativas comerciais caem por terra. Além de França e Polônia, a Hungria também sinaliza que pode ser contra o acordo.

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