As finais dos dois torneios estaduais mais badalados do país propõem uma tabelinha entre um mestre e um aluno. Adenor Leonardo Bachi, o Tite, pode ser campeão do Carioca com o Flamengo, neste domingo (7/4), às 17h, contra o Nova Iguaçu, no Maracanã, e comemorar duplamente com o possível sucesso do pupilo nos tempos de Corinthians, Fábio Carille, com o Santos, na decisão do Paulistão contra o Palmeiras, às 18h, no Allianz Parque.
Fábio Carille desembarcou no Centro de Treinamento Dr. Joaquim Grava em 2010 para compor a comissão técnica de Mano Menezes. No entanto, as maiores influências para os trabalhos autorais à beira do gramado vieram de Tite. O paulistano bebeu da fonte de conhecimento do gaúcho por cinco anos e meio como auxiliar técnico da equipe alvinegra. A dobradinha resultou em um título da Libertadores e um Mundial de Clubes, ambos em 2012, e em dois Brasileiros (2011 e 2015). Tamanho sucesso catapultou o professor à Seleção Brasileira e provocou a passagem de bastão, ou melhor, da prancheta de Tite para Carille, ainda que interinamente, em 2016.
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"Sou um abençoado por ter trabalhado com Tite por muitos anos e ter aprendido sobre o lado humano. Não é que eu quero imitar o Tite, esse é o meu jeito. Só tenho a agradecer. Sou muito parecido com o Tite no dia a dia", discursou o santista à Fox Sports, em 2017. Não é exagero afirmar que a criatura surpreendeu o criador. Carille sustentou a bronca no Corinthians quando nem mesmo nomes experientes, como Oswaldo Oliveira e Cristóvão Borges, suportaram a pressão. Hoje, o profissional de 50 anos tem a oportunidade de se firmar como um dos principais treinadores da competição.
Em cinco participações no Estadual, acumula milhas em quatro finais. Venceu três com o Timão de 2017 a 2019. A penúltima delas, inclusive, contra o Palmeiras no Allianz Parque. Caso administre a vantagem da vitória por1 x 0 na Vila Belmiro ou desbanque o alviverde em São Paulo, Carille encerrará o jejum de oito anos do Peixe sem títulos — o último foi justamente do Paulistão, em 2016, sobre o Audax — e, de quebra, se tornará o quinto técnico mais vitorioso do torneio. Ficará atrás do recordista Luxemburgo, com nove taças empilhadas, do santista Lula (8), de Oswaldo Brandão (7) e se igualará a Armando Del Debbio.
Falta Carille combinar com o papa-títulos palmeirense Abel Ferreira. O português tenta manter a hegemonia do Palestra e se apega ao fato de os títulos paulistas com o clube terem sido conquistados após derrotas nos duelos de ida. Em 2022, ensaiou mal a equipe na derrota por 3 x 1 para o São Paulo no Morumbi, mas reverteu o prejuízo com o 4 x 0 no Allianz Parque. No ano passado, foi surpreendido pelo Água Santa por 2 x 1 no primeiro ato da final na Arena Barueri. Porém, fez o dever de casa ao também golear a equipe de Diadema por 4 x 0.
Em 2017, Tite não poupou elogios a Fábio Carille, mas se esquivou do rótulo de mentor do atual dono da prancheta do Santos. "Ele é merecedor de todos os elogios que vem recebendo, ficam falando de discípulo, discípulo. Não tem nada a ver. Isso é fruto de um trabalho grande, próprio. Nós trocamos informações, ele me ajudou muito a crescer, nos ajudamos e o Corinthians nos ajudou", ressaltou à TV Bandeirantes.
O triplete de Tite
Tite também caminha para se tornar um especialista em conquistas de campeonatos locais. Disputou o Campeonato Gaúcho em cinco oportunidades. Chegou a três finais e ganhou todas, com Caxias (2000), Grêmio (2001) e Internacional (2009). Ficou fora das decisões de 2002 e 2003, ambas à frente do tricolor. O ex-técnico da Seleção Brasileira também disputou sete edições do Paulistão, com duas presenças nos duelos pelo título. Bateu na trave em 2011 e saiu vitorioso em 2013, ambas com o Corinthians contra o Santos. Em 2004, iniciou a campanha campeã do São Caetano, finalizada por Muricy Ramalho.
Se o favoritismo rubro-negro for mantido contra o Nova Iguaçu, Tite poderá se orgulhar de um feito relevante. Terá obtido três dos quatro principais troféus de torneios estaduais do país. Faltará somente o Mineiro. Para o flamenguista, a disputa do Rio de Janeiro é a mais desafiadora. "O Campeonato Carioca atual, na minha opinião, é o mais forte do Brasil. Antes, era São Paulo. É muito difícil. E a busca nossa é de classificação e do título carioca. O processo de evolução visa esse objetivo. Talvez seja pouco para a história do Flamengo, mas ele é grande para uma comissão técnica. É uma fonte geradora de confiança para uma sequência de trabalho também", polemizou após a goleada por 4 x 0 sobre o Audax, em Manaus, na estreia.
Tite pode conquistar com louvores o primeiro grande título à frente do Flamengo. A companhia rubro-negra está invicta. Venceu 10 e empatou quatro dos 14 jogos disputados. É disparada a melhor defesa do Brasil, com um gol sofrido, justamente para o Nova Iguaçu, no empate por 1 x 1 pela 2ª rodada, com time de garotos sob a batuta do técnico do sub-20, Mario Jorge.
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