Futebol Internacional

Euro 2024 começa hoje sem ostentar campeão da Copa pela 1ª vez em 20 anos

Títulos da Argentina contra França na melhor das decisões da Copa do Mundo no Catar e triunfo na recém-criada Finalíssima diante da Itália quebrou a hegemonia da Europa e devolveu a autoestima à América do Sul

A mascote Albart e a cobiça taça da Eurocopa: disputada desde 1960, a competição alcança a 17ª edição nesta temporada, na Alemanha -  (crédito: Odd Andersen/AFP)
A mascote Albart e a cobiça taça da Eurocopa: disputada desde 1960, a competição alcança a 17ª edição nesta temporada, na Alemanha - (crédito: Odd Andersen/AFP)

A Eurocopa vive tempos estranhos. Pela primeira vez em 20 anos, o atual campeão da Copa do Mundo não disputará o principal torneio de seleções do Velho Continente. A última vez havia sido na edição de 2004, em Portugal, dois anos depois de o Brasil conquistar o penta na Copa disputada na Coreia do Sul e no Japão. Desta vez, a culpa é da Argentina. O triunfo épico nos pênaltis contra a França na final das finais disputada no Catar quebrou a dinastia. O atual detentor da principal competição da Fifa figura na Copa América e fez o astro Mbappé morder a língua.

"A Argentina e o Brasil não jogam partidas de muito nível antes da Copa do Mundo. Na América do Sul, o futebol não é tão avançado quanto na Europa. E é por isso que, quando você olha para as últimas Copas, são sempre os europeus que ganharam", disparou antes de engoliar a seco o primeiro título do desafeto Lionel Messi no tira-teima entre os dois no gramado do Estádio Lusail em 18 de dezembro de 2022.

Nesta semana, foi a vez de o jogador eleito oito vezes melhor do mundo usar de autoridade para colocar Mbappé e a Euro no devido lugar segundo a ótica dele. "Os melhores estão na Copa do Mundo, há uma razão para todos quererem ser campeões mundiais. "Cada um dá importância à competição que joga. Eurocopa é uma competição importantíssima, mas não inclui a Argentina, três vezes campeã do mundo, o Brasil, cinco vezes campeão do mundo, o Uruguai, duas vezes campeão do mundo", alfinetou Lionel Messi.

A Copa do Mundo não é o único parâmetro. A recém-criada Finalíssima opôs os campeões da Euro e da Copa América em 2022. A Argentina derrotou a Itália por 3 x 0, em Wembley, ganhou ainda mais confiança depois de superar o Maracanã na decisão sul-americana e marchou firme rumo ao tricampeonato da Copa do Mundo. Os campeões continentais duelarão novamente.

Enquanto isso, cada um com seus problemas. Anfitriã da Eurocopa pela primeira vez desde a queda do Muro de Berlim e a reunificação, a Alemanha estreia hoje contra a Escócia, às 16h, no Allianz Arena, casa do Bayern de Munique, com um fardo nas costas. Em 1988, os germânicos foram eliminados nas semifinais pela campeã Holanda. Como se não bastasse o jejum desde o tri em 1996 contra a República Tcheca, a potência viu a Espanha alcançá-la em números de troféus. Ambas são recordistas no torneio com três cada.

Embora tenha emplacado times nas finais da Champions League e da Europa League na recém-encerrada temporada nos vices do Borussia Dortmund e do Bayer Leverkusen, a Alemanha amarga vexames sucessivos em torneios de seleções. Foi eliminada na fase de grupos da Copa do Mundo em 2018, na Rússia, e em 2022, no Catar, com direito a derrotas para adversários como Coreia do Sul e Japão nas respectivas campanhas para esquecer.

A prova de que a bagunça se instalou está na comissão técnica. Historicamente, a Alemanha teve 10 técnicos do porimeiro jogo da seleção até 2018. Nos últimos seis anos, três treinadores diferentes passaram pelo cargo: Hansi Flick, o interino Rudi Völler e o atual, Julian Nagelsmann, de apenas 36 anos. Ele é o mais jovem entre os 24 candidatos ao título da Euro.

Atual campeã, a Itália iniciará a defesa pelo título pressionada. Apesar da conquista do bi na edição de 2020 disputada em 2021 devido à pandemia, a Squadra Azzurra frustrou a trocida ao não se classificar para duas edições consecutivas da Copa. Não esteve na Rússia nem no Catar. A campeã do continente não ficava fora do Mundial desde a Grécia. Vencedora do torneio em 2004, não participou do evento da Fifa em 2006, na Alemanha. Há confiança na repetição do sucesso. Há 18 anos, os italianos celebravam o tetra na Copa ao derrotar a França nos pênaltis no Estádio Olímpico de Berlim, palco da final desta Euro, em 14 de julho.

Mais favoritos

Por falar na França, eis a favorita ao título. Há razões para isso. Uma delas é a continuidade de Didier Deschamps. O técnico campeão da Copa do Mundo como jogador em 1998 e treinador em 2018 é o dono da prancheta desde 2012. O vice em casa contra Portugal na Euro-2016 está entalada na garganta dele. Falta esse título no currículo e ele o persegue confiante em uma trinca de ataque intocável. O astro Kylian Mbappé conta com os velhos parceiros Antoine Griezmann e o centroavante Olivier Giroud mesclados com aquela safra de jovens responsável pela mudança francesa da água para o vinho quando perdia de 2 x 0 da Argentina na final da Copa do Mundo de 2022.

Outra favorita de sempre é a Inglaterra. Os inventores do futebol moderno jamais conquistaram a Eurocopa. Há talento de sobra para realizar o sonho. Jovens maduros protagonistas de títulos europeus e mundiais nas divisões de base. Em 2017, a Inglaterra ganhou o Mundial Sub-17 e o Sub-20 da Fifa na mesma temporada. Porém, há uma dificuldade imensa na transição e na consolidação dos jovens como seleção vencedora. Os críticos apontam o técnico Gareth Southgate como culpado. As derrotas recentes para um Brasil bagunçado e a Islândia aumentaram o fogo do processo de fritura do profissional.

A tricampeã Espanha deve um título ao planeta bola desde o bicampeonato na Euro em 2012. A "morte" do tiki-taka há 10 anos, no Brasil, no adeus à Copa na fase de grupos com derrota para o Chile colocou ponto final na geração mais brilhante do país. A Espanha fracassou na Rússia e no Catar e não foi além das semifinais na Euro. Mentor do sucesso espanhol nas divisões de base, Luis de la Fuente herdou de Luis Enrique a missão de recolocar La Roja nos trilhos. Uma das referência da Espanha é mais jovem do que Endrick. Lamine Yamal encanta aos 16 anos.

Se você deseja uma sugestão de investimento nas casas de apostas a dica é Portugal. Os campeões de 2016 chegam fortes sob o comando de Roberto Martínez e oferecem muito mais do que Cristiano Ronaldo. A geração lusitana é talentosa em praticamente todas as posições.

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*Estagiários sob a supervisão de Marcos Paulo Lima

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postado em 14/06/2024 05:59 / atualizado em 14/06/2024 05:59
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