A Eurocopa vive tempos estranhos. Pela primeira vez em 20 anos, o atual campeão da Copa do Mundo não disputará o principal torneio de seleções do Velho Continente. A última vez havia sido na edição de 2004, em Portugal, dois anos depois de o Brasil conquistar o penta na Copa disputada na Coreia do Sul e no Japão. Desta vez, a culpa é da Argentina. O triunfo épico nos pênaltis contra a França na final das finais disputada no Catar quebrou a dinastia. O atual detentor da principal competição da Fifa figura na Copa América e fez o astro Mbappé morder a língua.
"A Argentina e o Brasil não jogam partidas de muito nível antes da Copa do Mundo. Na América do Sul, o futebol não é tão avançado quanto na Europa. E é por isso que, quando você olha para as últimas Copas, são sempre os europeus que ganharam", disparou antes de engoliar a seco o primeiro título do desafeto Lionel Messi no tira-teima entre os dois no gramado do Estádio Lusail em 18 de dezembro de 2022.
Nesta semana, foi a vez de o jogador eleito oito vezes melhor do mundo usar de autoridade para colocar Mbappé e a Euro no devido lugar segundo a ótica dele. "Os melhores estão na Copa do Mundo, há uma razão para todos quererem ser campeões mundiais. "Cada um dá importância à competição que joga. Eurocopa é uma competição importantíssima, mas não inclui a Argentina, três vezes campeã do mundo, o Brasil, cinco vezes campeão do mundo, o Uruguai, duas vezes campeão do mundo", alfinetou Lionel Messi.
A Copa do Mundo não é o único parâmetro. A recém-criada Finalíssima opôs os campeões da Euro e da Copa América em 2022. A Argentina derrotou a Itália por 3 x 0, em Wembley, ganhou ainda mais confiança depois de superar o Maracanã na decisão sul-americana e marchou firme rumo ao tricampeonato da Copa do Mundo. Os campeões continentais duelarão novamente.
Enquanto isso, cada um com seus problemas. Anfitriã da Eurocopa pela primeira vez desde a queda do Muro de Berlim e a reunificação, a Alemanha estreia hoje contra a Escócia, às 16h, no Allianz Arena, casa do Bayern de Munique, com um fardo nas costas. Em 1988, os germânicos foram eliminados nas semifinais pela campeã Holanda. Como se não bastasse o jejum desde o tri em 1996 contra a República Tcheca, a potência viu a Espanha alcançá-la em números de troféus. Ambas são recordistas no torneio com três cada.
Embora tenha emplacado times nas finais da Champions League e da Europa League na recém-encerrada temporada nos vices do Borussia Dortmund e do Bayer Leverkusen, a Alemanha amarga vexames sucessivos em torneios de seleções. Foi eliminada na fase de grupos da Copa do Mundo em 2018, na Rússia, e em 2022, no Catar, com direito a derrotas para adversários como Coreia do Sul e Japão nas respectivas campanhas para esquecer.
A prova de que a bagunça se instalou está na comissão técnica. Historicamente, a Alemanha teve 10 técnicos do porimeiro jogo da seleção até 2018. Nos últimos seis anos, três treinadores diferentes passaram pelo cargo: Hansi Flick, o interino Rudi Völler e o atual, Julian Nagelsmann, de apenas 36 anos. Ele é o mais jovem entre os 24 candidatos ao título da Euro.
Atual campeã, a Itália iniciará a defesa pelo título pressionada. Apesar da conquista do bi na edição de 2020 disputada em 2021 devido à pandemia, a Squadra Azzurra frustrou a trocida ao não se classificar para duas edições consecutivas da Copa. Não esteve na Rússia nem no Catar. A campeã do continente não ficava fora do Mundial desde a Grécia. Vencedora do torneio em 2004, não participou do evento da Fifa em 2006, na Alemanha. Há confiança na repetição do sucesso. Há 18 anos, os italianos celebravam o tetra na Copa ao derrotar a França nos pênaltis no Estádio Olímpico de Berlim, palco da final desta Euro, em 14 de julho.
Mais favoritos
Por falar na França, eis a favorita ao título. Há razões para isso. Uma delas é a continuidade de Didier Deschamps. O técnico campeão da Copa do Mundo como jogador em 1998 e treinador em 2018 é o dono da prancheta desde 2012. O vice em casa contra Portugal na Euro-2016 está entalada na garganta dele. Falta esse título no currículo e ele o persegue confiante em uma trinca de ataque intocável. O astro Kylian Mbappé conta com os velhos parceiros Antoine Griezmann e o centroavante Olivier Giroud mesclados com aquela safra de jovens responsável pela mudança francesa da água para o vinho quando perdia de 2 x 0 da Argentina na final da Copa do Mundo de 2022.
Outra favorita de sempre é a Inglaterra. Os inventores do futebol moderno jamais conquistaram a Eurocopa. Há talento de sobra para realizar o sonho. Jovens maduros protagonistas de títulos europeus e mundiais nas divisões de base. Em 2017, a Inglaterra ganhou o Mundial Sub-17 e o Sub-20 da Fifa na mesma temporada. Porém, há uma dificuldade imensa na transição e na consolidação dos jovens como seleção vencedora. Os críticos apontam o técnico Gareth Southgate como culpado. As derrotas recentes para um Brasil bagunçado e a Islândia aumentaram o fogo do processo de fritura do profissional.
A tricampeã Espanha deve um título ao planeta bola desde o bicampeonato na Euro em 2012. A "morte" do tiki-taka há 10 anos, no Brasil, no adeus à Copa na fase de grupos com derrota para o Chile colocou ponto final na geração mais brilhante do país. A Espanha fracassou na Rússia e no Catar e não foi além das semifinais na Euro. Mentor do sucesso espanhol nas divisões de base, Luis de la Fuente herdou de Luis Enrique a missão de recolocar La Roja nos trilhos. Uma das referência da Espanha é mais jovem do que Endrick. Lamine Yamal encanta aos 16 anos.
Se você deseja uma sugestão de investimento nas casas de apostas a dica é Portugal. Os campeões de 2016 chegam fortes sob o comando de Roberto Martínez e oferecem muito mais do que Cristiano Ronaldo. A geração lusitana é talentosa em praticamente todas as posições.
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*Estagiários sob a supervisão de Marcos Paulo Lima
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