
Philadelphia (EUA) — Nascido em 4 de julho. Eis um título sugestivo para o trailer do aguardado filme do duelo entre Palmeiras e Fluminense nas semifinais da Copa do Mundo de Clubes da Fifa. Se os dois times eliminarem, respectivamente, o inglês Chelsea e o saudita Al Hilal, nesta sexta-feira (4/7), nas sessões das 16h e das 22h nas quartas de final, o Brasil terá um representante na disputa do troféu no próximo dia 13, no MetLife Stadium, em New Jersey.
A classificação para o jogo dos sonhos significa bem mais para a legião de alviverdes e tricolores espalhados pelos Estados Unidos no feriado do Dia da Independência. Palmeiras e Fluminense reivindicam há séculos — o passado (20) e o presente (21) — uma carta de alforria: o reconhecimento da Copa Rio como conquista mundial. O Palestra Itália ganhou a final em 1951 diante da Juventus da Itália. O time das Laranjeiras, em 1952, contra o Corinthians. Cada torneio contou com oito participantes.
Portanto, investir na primeira edição da Copa do Mundo de Clubes da Fifa significa uma espécie de carta de alforria para as duas diretorias. A independência da validação, por parte da entidade máxima do futebol, da Copa Rio como pioneira da competição reinventada pelo atual presidente da Fifa, Gianni Infantino, nesta edição, nos Estados Unidos.
- Leia também: Seis motivos para o Palmeiras ter cuidado com o Chelsea
- Leia também: Influência dos reservas tranquiliza Abel contra o Chelsea
O movimento pela independência da canetada da Fifa é liderado por quatro personagens imprescindíveis na "guerra de secessão" dos dois clubes. Abel Ferreira é o comandante do exército alviverde no ataque ao Chelsea em uma revanche da final do Mundial de 2021. Há quatro anos, o Palmeiras vendeu caríssimo a derrota por 2 x 1 na prorrogação e o time londrino pintou o planeta de azul com os gols do belga Lukaku e do alemão Havertz.
Oito jogadores do Palmeiras inscritos naquela final são remanescentes no duelo: Weverton, Marcos Rocha, Gustavo Gómez, Piquerez, Raphael Veiga, Marcelo Lomba, Mayke e Murilo. Dois não podem entrar em campo. O capitão Gustavo Gómez foi expulso na vitória contra o Botafogo, Piquerez recebeu o segundo cartão amarelo.
O Palmeiras fez, na quinta-feira, o último ensaio no Centro de Treinamento do Philadelphia Eagles com duas obviedades: Micael no lugar de Gustavo Gómez e Vanderlan na lateral esquerda na vaga de Piquerez. Contra o Botafogo, ele surpreendeu ao escalar Allan desde o início e posicionar Estêvão aberto na esquerda. Portanto, as armadilhas não estão descartadas.
Por sinal, pergunte ao Abel sobre as escolhas para enfrentar o Chelsea e esteja pronto para ouvir respostas atravessadas. "É só fazer, como vocês (imprensa) dizem: arroz com feijão. Sai zagueiro, entra zagueiro, sai lateral, entra lateral, sai ponta, entra ponta. Mas é muito bom ter esse elenco mais amplo para esse tipo de situações, lesões, suspensões", ironiza.
A aparente convicção do treinador tem a ver com a eficiência dos reservas. Quem sai do banco resolve. Flaco López substituiu Vitor Roque e marcou contra o Al Ahly. Maurício e Paulinho evitaram a derrota para o Inter Miami entrando nos lugares de Raphael Veiga e de Facundo Torres, respectivamente. Estêvão saiu, Paulinho entrou e resolveu a partida para o Palestra Itália na prorrogação no último sábado.
"Ao final de cada jogo, quando leio as análises de vocês, os melhores são sempre os que entram. Eu fico muito feliz por quase todos poderem ter jogado e participado deste Mundial. Temos uma bela mescla entre experiência, irreverência e juventude. É ótimo olhar para o banco, trocar jogadores e a equipe continuar consistente", orgulha-se Abel.
A partida é especial para Estêvão. Contratado pelo Chelsea por 34 milhões de euros, a joia de 18 anos enfrentará o próximo empregador depois de abrir uma polêmica ao dizer que estava com dificuldade de focar no Palmeiras na contagem regressiva para se apresentar ao time. Eleito o melhor em campo na estreia contra o Porto, foi discreto nos outros três.
Em Orlando
O Fluminense abre as quartas de final às 16h (de Brasília) contra o Al Hilal, no Camp World Stadium, em Orlando, com um ponto de interrogação enorme para o técnico Simone Inzaghi decifrar: o tricolor manterá o sistema de jogo com três zagueiros adotado na vitória por 2 x 0 contra a Internazionale ou inovará outra vez?
Como o Correio mostrou na edição de ontem, o técnico Renato Gaúcho tem surpreendido — e há quem defenda a consolidação: "Estamos tranquilos ali atrás, O Thiago Silva fala o tempo todo. Todos têm história e experiência", afirmou, referindo-se também a Ignácio.
Assim como o do Palmeiras, o banco de reservas do Fluminense é decisivo. Hércules fez o segundo gol tricolor contra a Internazionale. Keno, Freytes e Nonato saíram da reserva para virar a partida contra o Ulsan da Coreia do Sul na terceira rodada, por 4 x 2.
"O importante é a entrega do grupo, do time, do banco, mesmo os que não entraram, dos líderes que estão dentro do campo, dos líderes que estão no banco incentivando, gritando também", lembrou Renato Gaúcho ao saborear a vitória contra o time italiano.
Jhon Arias é o craque do Fluminense no torneio. Além da mobilidade tática, fez um golaço de falta contra o Ulsan e deu o cruzamento para Cano abrir o placar contra a Internazionale. "Estou feliz com o desempenho do time. Acho que um dos nossos principais pontos fortes é a humildade", disse a referência tricolor depois da classificação contra a Internazionale.