
Assunção — A partir de hoje, Assunção revela ao continente uma face esportiva mais ambiciosa. Sede da segunda edição dos Jogos Pan-Americanos Júnior, a capital paraguaia será o ponto de encontro das promessas olímpicas de 41 países e o palco onde os anfitriões desejam provar o potencial de um polo esportivo continental. Até 24 de agosto, a cidade aposta no apoio governamental, no envolvimento cultural e na expansão das principais estruturas de formação de talentos para viver dias históricos. A abertura, às 19h no Estádio Defensores del Chaco, promete ser o primeiro grande espetáculo. BandSports, CazéTV e o canal do Time Brasil no YouTube transmitem todo o evento.
Por onde se passa, é possível sentir a dimensão do momento. Autoridades e moradores consideram o Pan Júnior a maior competição esportiva nos 213 anos de história do país sul-americano. Jamais a nação de pouco mais de 7,7 milhões de habitantes recebeu uma edição adulta do evento e, por isso, a disputa entre as revelações surge para mostrar ao continente um potencial inexplorado. É, de fato, um projeto de Estado, com o governo assumindo papel central nas ambições e caminhando lado a lado com o Comitê Olímpico do Paraguai (COP) por sucesso.
Com apenas uma medalha olímpica — a prata no futebol em Atenas-2004 —, o Paraguai vê no Pan Júnior uma oportunidade única de mudar o destino esportivo e sonhar com conquistas individuais em Los Angeles-2028 e Brisbane-2032. A competição se concentra em dois grandes núcleos: o complexo do Comitê Olímpico Paraguaio, com 16 modalidades, incluindo a natação no moderno Centro Aquático; e a estrutura da Secretaria Nacional de Deportes, com outros seis esportes. Costanera Sur, Baía de Assunção, Rakiura Resort, Asunción Golf Club e as cidades de Ypacaraí, San Juan del Paraná e Encarnación completam a lista de sedes.
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A proximidade dos palcos é um trunfo estratégico na disputa com Rio de Janeiro e Niterói pela sede do Pan adulto de 2031. Segundo os organizadores na apresentação das candidaturas, ontem, na sede da Conmebol, em Luque, qualquer deslocamento leva cerca de 30 minutos. Desde a chegada ao Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, com festa e música local, até os últimos ajustes feitos na véspera para deixar toda a estrutura em ordem, Assunção se preparou para atletas, treinadores, jornalistas e torcedores viverem uma experiência inesquecível.
"O Paraguai volta a ser protagonista no mapa esportivo continental. Recebemos esta edição com entusiasmo, certos de que o futuro do esporte está nos jovens e de que o país está pronto para mostrar hospitalidade, entrega e capacidade organizacional", destacou Camilo Pérez López Moreira, presidente do Comitê Olímpico do Paraguai. "Mais do que o material, queremos que todos levem consigo a alma do Paraguai: nossa garra, alegria e calor humano. Que os atletas se sintam em casa", completou Víctor Pecci, diretor-geral de Assunção-2025.
O Brasil no Pan
Campeão da primeira edição dos Jogos Pan-Americanos Júnior, em Cali-2021, o Time Brasil chega ao Paraguai confiante para brilhar novamente e de olho nos Jogos Olímpicos de Los Angeles-2028 e Brisbane-2032. São 363 atletas entre os 4.014 inscritos no evento, muitos deles com experiência relevante em competições internacionais. Na natação, os destaques são Guilherme Caribé, dono de três ouros no Pan de Santiago-2023, e Stefanie Balduccini, papa-medalha sete ouros na versão inaugural do evento, há quatro anos.
Outros nomes a observar incluem o conjunto da ginástica rítmica, o mesatenista Leonardo Iizuka, o skatista Filipe Mota (street), Raquel Ladeia (handebol), Matheus Pessanha (levantamento de peso), Ana Beatriz Lima (wrestling), Henrique Marques
(taekwondo), Matheus Melecchi (águas abertas), Bianca Reis (judô), Pietra Rivoli (tênis), Matheus Lima (atletismo), Hussein Daruich (tiro esportivo), Ana Beatriz Fraga (esgrima) e Andrey Nazário (karatê). Todos despontam como chance de pódio para o Brasil.
Além das medalhas, há muito mais em jogo em curto prazo. São 218 vagas para o Pan de Lima-2027: 200 para campeões de modalidades individuais e 18 para coletivas, como basquete (3x3 e 5x5), handebol, hóquei sobre grama, rúgbi sevens e vôlei de quadra e praia. "Mais do que resultados e classificações para 2027, esses Jogos têm um lado educacional e preparatório para os atletas que aspiram viver edições adultas", lembra Leandro Guilheiro, chefe de missão do Time Brasil e ex-judoca.
Com uma geração em lapidação, mas repleta de resultados, o Brasil está com tudo pronto para brilhar nos Jogos Pan-Americanos Júnior e manter a hegemonia. Assunção deseja ir muito além das medalhas. No primeiro grande evento continental realizado na cidade, a meta é explorar um potencial a muito desejado. Seja para demonstrar expertise e conquistar o potencial de sediar o Pan adulto de 2031 ou para, enfim, assumir um lugar de protagonismo em competições poliesportivas ao redor do planeta.
*O repórter viajou a convite do Comitê Olímpico do Brasil (COB)