
Forjados sob a pressão de refazer os caminhos traçados pelo pai, poucos filhos de jogadores alcançam feitos comparáveis aos de grandes astros. Nestes raros casos, além do talento, os novos atletas herdam paixões por torcidas, clubes e até lealdades nacionais. Há, porém, quem siga outra trilha. É o caso de Iago, filho de Thiago Silva, convocado para defender a seleção sub-15 da Inglaterra. O garoto das categorias de base do Chelsea se junta a uma lista cada vez maior de herdeiros de craques adotados por outras nações.
Capitão da Seleção Brasileira em três Copas, Thiago Silva construiu boa parte da carreira na Europa e viveu na Inglaterra por quatro anos, enquanto atuava pelo Chelsea. Ao retornar ao Brasil em 2024, deixou os filhos em Londres com a mãe, Belle. Os dois mais velhos seguem na base dos Blues: Isago, no sub-18, e Iago, no sub-15. O mais novo, mesmo nascido no Rio de Janeiro, foi chamado para um período de treinamentos em St. George’s Park, centro de treinamento da Federação Inglesa de Futebol. Por não se tratar de competições oficiais, o garoto de 14 anos pode optar pela Amarelinha futuramente.
A situação não é exclusiva da família Silva. Marcelo, ex-companheiro de Thiago na Seleção e no Fluminense, passa por situação semelhante. Enzo Alves, filho do ex-lateral-esquerdo, atua nas categorias de base do Real Madrid. Ele é titular e capitão da Seleção Espanhola sub-17. Nascido e criado em Madri, tem dupla nacionalidade e pode optar entre Espanha e Brasil. No entanto, se diz mais identificado com a La Roja. Pelas regras da Fifa, o jogador ainda pode representar a camisa brasileira caso tenha cidadania, vínculo familiar ou residência, desde que não tenha disputado partidas oficiais por outra seleção principal.
Cristiano Ronaldo Júnior, atacante da base do Al Nassr, pode escolher entre cinco seleções quando alcançar o nível profissional: Estados Unidos, onde nasceu; Espanha e Inglaterra, países nos quais viveu; Portugal, pela origem do pai; Cabo Verde, terra da avó, Maria Dolores e, e até mesmo a Arábia Saudita.
Outro exemplo de filhos de astros que seguiram caminhos distintos no futebol de seleções é Louis Thomas Buffon, herdeiro do lendário goleiro italiano Gianluigi Buffon. O garoto de 17 anos representa a República Tcheca nas categorias de base, país de origem da mãe, Alena Seredova.
Fora das promessas juvenis, existem aqueles que sustentaram a decisão precoce e defenderam seleções diferentes no profissional. No Brasil, a prática não é novidade. Adalberto, lateral revelado pelo Flamengo e integrante das categorias de base da Seleção na década de 1980, viu o filho Rodrigo Moreno vestir a camisa 9 da Espanha na Copa do Mundo de 2018.
Naquele mesmo elenco da La Roja, outro pai brasileiro acompanhou o herdeiro em campo: Mazinho, campeão mundial em 1994, assistiu Thiago Alcântara fardar a 10 espanhola. O outro filho do ex-meio-campista, Rafinha, representou o Brasil em amistosos e conquistou e participou da campanha da primeira medalha de ouro do Brasil no futebol masculino nos Jogos Olímpicos do Rio-2016.
Outras crias de grandes craques optaram por representar seleções mais "alternativas". O segundo filho mais velho de Zinedine Zidane, Luca Zidane, escolheu defender a meta da Argélia, país de origem dos avós paternos.
Um dos casos mais emblemáticos é o de George Weah, ídolo máximo da Libéria e vencedor da Bola de Ouro em 1995. O ex-centroavante do Milan foi presidente do país de 2018 a 2024, mas o filho, Timothy Weah, preferiu trilhar carreira pela seleção dos Estados Unidos, com a qual disputou a última Copa do Mundo.
A lista segue com Patrick Kluivert. Lenda holandesa, o ex-atacante é filho de Kenneth Ramon Kluivert, um dos maiores nomes da história do futebol de Suriname. Ainda na África, o senegalês Souleyman Sané teve o filho Leroy Sané, nascido e criado na Alemanha, onde se tornou um dos principais nomes da nova geração. O congolês Roger Lukaku e o queniano Michael Origi deixaram marcas familiares na famigerada geração belga: seus filhos, Romelu Lukaku e Divock Origi jogaram juntos pela Bélgica na Copa do Mundo de 2014.

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