Brasileirão

Série A pode ter em 2026, pela primeira vez, duas mulheres presidentes

A um pontinho do acesso e do título na Série B, o Coritiba é comandado por Marianna Libano em um regime "parlamentarista". Presidencialismo do Palmeiras dá plenos poderes a Leila Pereira

Marianna Libano e Leila Pereira: símbolos do poder feminino no comando de clubes do Campeonato Brasileiro -  (crédito: Arte com fotos de divulgação)
Marianna Libano e Leila Pereira: símbolos do poder feminino no comando de clubes do Campeonato Brasileiro - (crédito: Arte com fotos de divulgação)

A penúltima rodada da segunda divisão do Campeonato Brasileiro começa hoje com uma projeção inédita para a Série A. O iminente acesso do líder Coritiba contra o Athletic, pendente de um empate neste sábado, às 16h30, no Couto Pereira, pode aumentar para dois o número de presidentes mulheres na elite. Isso jamais aconteceu na história da competição.

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A diferença é o regime de governo. Marianna Libano assumiu o Coritiba em dezembro do ano passado, em uma espécie de parlamentarismo. Soberana no clube associativo, luta para ter voz em um time vinculado a uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Presidencialista, o Palmeiras dá plenos poderes a Leila Perreia. A dirigente cumpre o segundo mandato.

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Enquanto a carioca tem a última palavra no Palestra Itália, a paranaense de 35 anos lida com os desafios dos novos tempos de gestão. Em junho de 2023, o Coritiba se tornou SAF. A empresa Treecorp Investimentos adquiriu 90% das ações do Coritiba. Ao ser eleita presidente do clube, Marianna se tornou administradora dos 10% restantes e negocia uma parceria mais leve entre os parceiros e o clube associativo.

Coxa Branca raiz, Marianna Libano vive um longo casamento com o clube do coração. Filha única, acompanhou o pai desde novinha aos jogos no Couto Pereira. Em entrevista ao Correio, ela não se recorda da primeira vez em que foi ao estádio. "Minha mãe conta que ele ia, levava mamadeira e me levava junto", relata.

Desde então, foi se envolvendo cada vez mais com o Coritiba até 2014, quando houve uma mudança do estatuto. Todos os associados que cumprissem os novos requisitos poderiam votar, não apenas o conselho. Um prova de que o sangue do clube corre nas veias dela foi o engajamento na criação da estátua de Dirceu Krüger quando o ídolo estava vivo. Heptacampeão estadual e vencedor do Torneio do Povo, ele morreu em 2019.

Nessa ação, a presidente, torcedora à época, conheceu o marido. Ambos começaram a se envolver na parte política do Coritiba. Anos se passaram até a eleição de 2020. Marianna entrou na chapa União Coxa como vice-presidente do Dr. João Carlos Vialle, mas foram derrotados pelo Coritiba Ideal, de Renato Follador, grupo que transformou o Coxa em SAF. Em 2024, Libano tentou pela segunda vez, agora com êxito. Teve 2.411 votos na chapa Eternamente Coxa, com 79,4% de votos válidos.

Para a advogada, a venda do clube para a SAF foi precoce e sem transparência, principalmente com o torcedor. "O nosso clube é, historicamente, feito pelas mãos dos torcedores, só da nossa torcida efetivamente. A gente nunca teve apoio político grande, de políticos de Estado", argumenta. "Quando há essa venda, sem a devida transparência, e protelando o processo eleitoral, a gente define que a gente gostaria de entrar, ainda que agora o nosso poder seja limitado. Nós só temos 10% dessa SAF do Coritiba, mas o Coritiba Foot Ball Club ainda é nosso", defende.

Além da responsabilidade como presidente do Coritiba, Marianna Libano deseja levar para dentro da empresa a história e a cultura do clube e dos torcedores. "O nosso CNPJ, a gente brinca que é desde 1909, efetivamente, que é quando o nosso clube foi fundado", pontua.

A dirigente destaca o foco da gestão dela até o fim do mandato. "Melhorar esse processo de aquisição, dar a devida transparência, estar efetivamente em cima das pessoas que adquiriram o Coritiba com aquele poder limitado de fiscalização e cobrança, para isso ser feito de forma muito efetiva. Nós também temos esse papel de preservar a história do clube, de preservar os torcedores, de levar efetivamente, até mesmo para a própria Treecorp, toda essa cultura coxa-branca", promete.

As mulheres voltaram a conquistar espaço na Série A em 2010, quando Patrícia Amorim assumiu o Flamengo no triênio até 2012. Depois dela, Leila Pereira chegou ao poder no Palmeiras. Antes delas, o Corinthians foi liderado de 1991 a 1993 por Marlene Matheus, esposa de Vicente Matheus. 

*Estagiária sob a supervisão de Marcos Paulo Lima

 

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postado em 14/11/2025 06:03
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