
O processo de internacionalização da marca do Flamengo permite privilégios como o intercâmbio contra times de diferentes escolas do planeta bola. Na Copa do Mundo de Clubes, o time carioca duelou com o Espérance da Tunísia, derrotou o inglês Chelsea de virada, empatou com o estadunidense Los Angeles FC e foi eliminado pelo alemão Bayern de Munique. A campanha na Copa Intercontinental começou com uma difícil vitória diante do Cruz Azul do México. O atual campeão do Carioca, Brasileirão, Copa do Brasil, Libertadores e Supercopa Rei está a dois passos de dar ao seu povo o mundo de novo. Se vencer o Pyramids do Egito, hoje, às 14h, a trupe de Filipe Luís disputará a final contra o detentor da Champions League, o francês Paris Saint-Germain, na quarta-feira.
"Se você olha para o Flamengo de 15, 20 anos atrás, o clube, primeiro, não era respeitado nem para pagar as dívidas, então hoje esse processo todo de fortalecimento da marca começou com a seriedade na administração, que continua até hoje com essa organização interna", disse Filipe Luís, ontem à imprensa internacional ao explicar o sucesso rubro-negro.
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"O clube teve muitos sucessos, títulos, mas o mais importante na minha opinião são os pés no chão, a seriedade, humildade, sabendo que o futebol é muito cíclico, que não é o momento de ter arrogância e achar que somos mais do que ninguém. Foi um caminho árduo conquistar e chegar até esse momento", reforçou.
O êxito tem preço e cobra caro. A temporada de gala do Flamengo se recusa a acabar. O time completa 77 jogos em 2025. O fôlego na maratona só é possível devido à qualidade do elenco. A média de idade do time titular contra o Cruz Azul foi de 30,5 anos. Era de 30,9 nas vitória contra o Palmeiras na decisão da Libertadores e o Ceará no jogo do título do Brasileirão. As pernas cobram a última gota de suor e Filipe Luís precisa administrá-las.
Jogadores como os volantes Jorginho e Saúl Ñiguez, o atacante Samuel Lino e o lateral-direito Emerson Royal praticamente não tiveram férias. Emendaram a temporada europeia com o calendário insano do futebol brasileiro. Eis o motivo do mistério do técnico rubro-negro na entrevista coletiva de ontem, no Catar.
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"Não posso adiantar nada para vocês. Temos o dia de hoje (ontem) e parte do dia de amanhã (hoje) para decidir em função da recuperação dos jogadores. Tem jogadores com mais de 30, 33 anos. A recuperação depois de três dias não é completa. Nosso adversário (Pyramids) descansou para jogar essa partida e nós, não. Temos que achar uma equipe competitiva, sólida e fresca", argumentou Filipe Luís, sem cravar o uso do time principal.
Adversário
A última exibição do Pyramids antes da semifinal foi na última terça-feira. Sem os titulares, o time egípcio perdeu por 6 x 1 para o Al Ahly pela Copa da Liga do Egito. A força máxima foi usada pela última vez no empate por 2 x 2 com o Petrojet no último dia 6 pela Premier League do Egito. O Pyramids ocupa a vice-liderança da elite na terra dos faraós com 27 pontos, dois atrás do Ceramica Cleópatra. Atual campeão da Champions League da África ao derrotar ao superar o Mamelodi Sundowns da África do Sul, o Pyramids passou pelo Al-Ahli da Arábia Saudita por 3 x 1 antes de bater de frente com o Flamengo nas semifinais.
Decifrar o adversário é uma das tarefas mais difíceis para a comissão técnica rubro-negra, mas o dever de casa parece decorado na ponta da língua. "O Mayele (argelino) foi o jogador determinante no jogo do Al-Ahli, talvez seja o jogador mais determinante do Pyramids, mas é uma equipe muito sólida, que não se resume só a esse jogador. A fase defensiva é muito bem trabalhada, é um treinador que entende muito bem essa fase defensiva. Pelo que pude analisar, é um time que se defende muito bem, que entende muito bem coberturas, a marcação das linhas. O Al-Ahli, que é um dos times mais bem trabalhados da Arábia SAudita, sofreu muito para tentar entrar no bloco defensivo deles. Teremos que estar muito bem posicionados taticamente no campo, mas o principal é que os jogadores estejam com a criatividade e a ousadia em dia para esse jogo", adverte Filipe Luís.
Filipe Luís sabe do favoritismo e da responsabilidade do Flamengo de não repetir a campanha de 2022, disputado em 2023 devido à pandemia, quando os campeões da Libertadores caíram contra o Al-Hilal da Arábia Saudita nas semifinais e amargaram a disputa do terceiro lugar. "Não sei se é um defeito meu ou não, mas eu nunca me sinto favorito como treinador. Sempre estou ansioso e vejo a equipe rival como a melhor do mundo. Vai ser uma partida muito difícil pelo o que analisei e vejo. Eles tiveram partidas ruins antes também, mas são pouquíssimas", pondera.
O técnico do Pyramids, Krunoslav Jurcic, promete jogo duro. "Assistimos ao jogo entre Flamengo e Cruz Azul. Eles mostraram que podem mudar o jogo e têm opções no banco de reservas. Embora os respeitemos, conheço a qualidade da minha equipe e espero um jogo muito difícil", comentou.
A volta do 9
A boa notícia para romper o ferrolho defensivo do Pyramids e minimizar as dificuldades é a liberação do centroavante Pedro pelo departamento médico. Autor de 15 gols em 37 jogos na temporada, o camisa 9 está curado de uma lesão no braço e de uma contusão muscular. A previsão apontava o retorno aos gramados na próxima temporada. Ele não está pronto para jogar 90 minutos. A última exibição foi na partida de ida das semifinais da Libertaodres contra o Racing, em 22 de outubro, no Maracanã.
"Muito bom ter o Pedro com a gente no campo. Deu para ver que voltou com confiança, alegria e vontade que estava antes da lesão do braço. Nosso planejamento para ele depende da evolução dele dia a dia. Nesse treino de hoje, vamos decidir se ele pode ter minutos ou não amanhã. Minha expectativa é de que ele tenha minutos", projeta Filipe Luís.
Solução
O poder ofensivo do Flamengo diminuiu sem Pedro. Nas últimas quarto partidas, o time só marcou mais de um gol uma vez na vitória por 2 x 1 contra o Cruz Azul. Empatou por 1 x 1 com o Atlético-MG, fez 1 x 0 no Palmeiras e repetiu o placar diante do Ceará. Bruno Henrique topou ser o falso 9 e foi decisivo em novembro. Em contrapartida, Plata, outra opção para o setor, anda divorciado das redes. São 13 partidas consecutivas sem balançar a rede desde 15 de outubro.
A demanda por gols tem transformado Arrascaeta em arco e flecha. O camisa 10 carregou o Flamengo nas costas às semifinais na vitória contra o Cruz Azul. "É um grande momento, tanto meu quanto da equipe. Sou muito feliz de poder viver esse momento com todos os companheiros em um ano que foi tão especial para mim", afirma o artilheiro rubro-negro no ano com 25 gols.

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