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Entenda como funciona a educação bilingue nas escolas

Escolas bilíngues garantem imersão do aluno na língua inglesa durante o turno regular, proporcionando a ele múltiplas oportunidades

Isabela Stanga
postado em 15/09/2024 06:00
Fernanda Zagonel fica encantada com a desenvoltura da filha, Isabela, com o inglês
 -  (crédito: Pedro Mesquita/CB/D.A Press)
Fernanda Zagonel fica encantada com a desenvoltura da filha, Isabela, com o inglês - (crédito: Pedro Mesquita/CB/D.A Press)

O bilinguismo — conhecimento de dois idiomas —, além de apresentar vantagens de socialização e de posicionamento em um mercado de trabalho cada vez mais globalizado, promove o desenvolvimento cognitivo do cérebro e pode retardar o aparecimento de doenças como o Alzheimer, de acordo com a professora de letras da Universidade Católica de Brasília Laís Borges. Com o objetivo de desenvolver a habilidade desde cedo, existem instituições que promovem o ensino de um segundo idioma em sala de aula para as crianças: as escolas bilíngues.

Não basta apenas ensinar inglês para ser uma instituição bilíngue, uma vez que o método é diferente do ensino de inglês na escola. "Além de promover uma imersão da criança na segunda língua, intercalada com um período de aulas na língua materna, as escolas bilíngues buscam expandir a relação da criança com o mundo e com a cultura dos países que falam o segundo idioma", detalha Denise De Felice, diretora administrativa e pedagógica da One School e professora de inglês. 

"Diferentemente de uma escola internacional, uma instituição bilíngue segue o currículo de aprendizagem brasileiro. Existem instituições de outros países, por exemplo, que seguem o currículo daquele determinado país, e os alunos não aprendem português nem história brasileira", complementa. 

Para uma escola ser considerada bilíngue, é necessário que de 30% a 50% do conteúdo apresentado aos alunos seja em outro idioma além da língua materna. "Existe um mito de que aprender duas línguas ao mesmo tempo causa impacto negativo na cognição dos alunos, mas vários estudos na área da neurolinguística apontam que existem vários impactos, na verdade, positivos para o aprendizado", ressalta Laís.

Segundo as profissionais, o ideal é começar o mais cedo possível, uma vez que, quanto menos uma criança aprendeu na língua materna, mais chances ela tem de absorver a segunda língua. Na One School, a imersão no idioma inglês começa aos 2 anos de idade. Nessa fase, Denise define que as crianças são como "esponjas" — pois absorvem muito conhecimento. 

"Eu a acompanho evoluindo no inglês. Às vezes, ela começa a cantar e eu demoro para perceber que está falando inglês. A primeira vez que ela falou mommy (mamãe), eu demorei um tempo para perceber do que se tratava. Às vezes, ela solta uma palavra em inglês no meio da conversa. É muito fofo", conta Fernanda Ribeiro Zagonel, mãe de Isabela, de 3 anos, que estuda na One School.

Mas não há problema em começar depois. "Na escola, prestamos toda a assistência para que a criança que entrou e não sabe tão bem o inglês acompanhe as demais", explica a diretora. Foi o caso de Cauê Pismel, 7 anos, que estuda no 2º ano (ou, como ele mesmo diz, Year 2). Ele entrou na One School em 2022, sem saber muito de inglês, mas hoje não sente dificuldades para falar o idioma.

Metodologias

Denise De Felice explica como funciona o ensino na One School: existem disciplinas dadas em português; outras, em inglês; e outras nos dois idiomas, para familiarizar as crianças com terminologias nos dois idiomas. As metodologias das escolas bilíngues, porém, podem variar. Há, por exemplo, aquelas que colocam dois professores em sala — um para ensinar na língua materna e outro para traduzir o que está sendo dito para a segunda língua. 

Independentemente do método, as instituições pretendem apresentar para os alunos mais do que a gramática e as regras do idioma, mas uma vivência de aprendizado com atividades e brincadeiras. "Eu gosto que a gente aprende brincando", afirma Branca Marinho, 7 anos, aluna da One School. Para ela, falar inglês "é fácil". 

Essa não é a realidade da maioria das crianças no Brasil. Segundo especialistas, existe uma defasagem no ensino de inglês nas escolas brasileiras, tanto públicas quanto particulares. Não há aprofundamento de conteúdo nem desenvolvimento de habilidades de socialização. Para as professoras, o currículo é voltado para os vestibulares, não para o desenvolvimento pleno das capacidades dos alunos. 

Nesse cenário, para quem pensa em oportunidades variadas para os filhos, as escolas de dois idiomas são aliadas. É o que ressalta Camila Marinho, mãe de Branca. "Na minha época, muito se pensava em fazer um vestibular e entrar na universidade. Hoje, vemos que as possibilidades são inúmeras. Não necessariamente ela (Branca) precisa entrar em uma universidade para exercer uma profissão digna, e não necessariamente precisa ficar no Brasil", afirma. 

Laís Borges concorda. "É importante reiterar que o ensino bilíngue proporciona aos alunos uma oportunidade de entender uma nova cultura, de se comunicar com mais pessoas e até de ter mais oportunidades profissionais ao longo da vida."

  • Denise de Felice, diretora da One School
    Denise de Felice, diretora da One School Foto: Pedro Mesquita/CB/D.A Press
  • One School
    One School Foto: Pedro Mesquita/CB/D.A Press
  • One School
    One School Foto: Pedro Mesquita/CB/D.A Press
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