
Artur Maldaner*
No Distrito Federal e Entorno, há, atualmente, 105 escolas que ofertam a Educação de Jovens e Adultos (EJA), abrangendo as 35 regiões administrativas da capital. Uma delas é o Centro de Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional a Distância de Brasília (Cejaep EaD), a única da modalidade a disponibilizar o ensino remoto na região. Pública e gratuita, a unidade é vinculada à Coordenação Regional de Ensino do Plano Piloto, da Secretaria de Estado de Educação do DF, e, assim como as demais, está em campanha para atrair novos alunos neste ano.
As pré-matrículas para ingressar no Cejaep EaD no segundo semestre de 2025 serão reabertas em junho pelo site cejaep.se.df.gov.br ou presencialmente, na 315 Sul. Nas demais escolas do tipo do DF, os interessados podem solicitar ingresso em qualquer período do ano. Confira todas as unidades disponíveis no site: https://www.educacao.df.gov.br/eja-2/.
Matrículas em baixa
As instituições que ofertam EJA vêm enfrentando uma queda expressiva nas matrículas desde 2018, principalmente, no 2º segmento — equivalente aos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano), conforme o Censo Escolar. Em 2024, foram registrados 2,4 milhões de estudantes, sendo 2,2 milhões na rede pública e cerca de 200 mil na rede privada.
A diretora do Cejaep, Indira Vanessa Pereira Rehem, conta que, apesar de acessível, o ensino remoto não está imune à perda de estudantes: “Nós vimos a queda de alunos que as escolas da EJA presenciais já observavam nos últimos dois anos”. Além disso, ela ressalta a dificuldade em encontrar público fora do plano piloto, e destaca o trabalho da Secretaria de Educação do DF com a Campanha EJA a Qualquer Tempo, com distribuição de folders em todas as regiões administrativas, divulgação nas redes sociais e marketing boca a boca.
Dinâmica EaD
No Cejaep EaD, os alunos podem assistir às aulas no horário que desejarem e marcar as avaliações nos turnos, matutino, vespertino ou noturno, visando maior flexibilidade para os estudantes. Com a mesma proposta, as escolas presenciais da EJA no DF também adaptam o ensino, levando em consideração que a maioria dos alunos têm de conciliar o aprendizado com as responsabilidades relacionadas ao trabalho e à família.
Leia também:
Lilian Cristina Sena, diretora de EJA na SEEDF, ressalta que nem todos os participantes da modalidade se adaptam à educação a distância e que a prioridade de ofertas é no modelo presencial, já que a alfabetização não pode ser realizada de forma remota. “Os estudantes da EJA, especialmente os que estão no processo de alfabetização, precisam muito dessa parceria com o professor. Então, o presencial é muito mais significativo para eles”, comenta.
Em relação à queda dos números na EJA, Lilian reforça que as duas modalidades estão enfrentando essa realidade: “O comportamento da EaD não é diferente do presencial. A gente tem a queda de matrículas independentemente do tipo de oferta”. A diretora argumenta, ainda, que existem vários motivos para a queda da EJA dos últimos anos. O principal tem sido a necessidade de ingressar no mercado de trabalho, sobretudo, após a pandemia de covid-19.
Fortalecimento
De acordo com a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF), o cenário atual da EJA não representa um processo de encerramento, mas, sim, de reconstrução e fortalecimento. Em março deste ano, a SEEDF lançou a Política Distrital para Superação do Analfabetismo e Qualificação da EJA, que possui o intuito de criar uma nova etapa de investimento e estratégias, para garantir a permanência de jovens, adultos e idosos no sistema educacional.
Destacam-se, também, a EJA Integrada à Educação Profissional e Técnica (EPT), PBA/DF Alfabetizado, Projovem Urbano e Campo, Saberes da Terra, Pé-de-Meia EJA, chamadas públicas e o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Além disso, o ProfsEJA, programa de formação continuada para profissionais da modalidade, encerrou as inscrições em 27 de fevereiro, com mais de 1.500 cadastros: “Isso também é um marco para a EJA.”
*Estagiário sob a supervisão de Marina Rodrigues