Sete em cada dez estudantes do ensino médio no Brasil, que têm acesso à internet, já utilizam ferramentas de inteligência artificial generativa — como ChatGPT, Copilot e Gemini — para pesquisas escolares. Apesar da ampla utilização, apenas 32% afirmam ter recebido orientação nas escolas sobre o uso dessas tecnologias.
Os dados fazem parte da 15ª edição da TIC Educação, pesquisa conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), e divulgada nesta terça-feira (16/9) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
Conduzido entre agosto de 2024 e março de 2025, o estudo incluiu 1.023 escolas públicas e privadas, com 10.756 respostas: 954 gestores, 864 coordenadores, 1.462 professores e 7.476 alunos.
Embora em menor proporção, o uso de IA também está presente entre alunos dos anos iniciais (15%) e finais (39%) do ensino fundamental. Entre todos os estudantes, 37% afirmam utilizar IA, mas somente 19% receberam instrução dos professores sobre como aplicar essas tecnologias nas atividades escolares.
As inteligências artificiais também integram a vida fora das salas de aula, procuradas para auxiliar em tarefas de casa ou para explorar interesses pessoais. Entre as ações mais frequentes estão buscar informações sobre conteúdos ou exercícios não compreendidos (86%), realizar pesquisas para trabalhos escolares (84%) e usar a Internet ou aplicativos para praticar habilidades aprendidas (78%). 74% dos alunos recorrem a sites de busca, enquanto 72% utilizam canais e aplicativos de vídeo como fonte de informação.
Segundo Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br | NIC.br, “a edição 2024 revela uma realidade em transformação: a IA generativa é amplamente adotada, mas ainda carece de mediação pedagógica. Ao mesmo tempo, o comportamento de pesquisa muda, com vídeos se tornando tão importantes quanto buscadores tradicionais”.
Para Renata Mielli, coordenadora do CGI.br, o uso da IA por estudantes demanda atenção especial: “É essencial compreender como essa tecnologia é empregada em idades escolares, considerando aspectos culturais, sociais e econômicos. Sem mediação adequada, respostas incorretas ou enviesadas podem impactar significativamente a formação de uma geração, especialmente diante da ausência de orientações claras e da falta de regulação dessas ferramentas.”
Equipe docente
A pesquisa indicou que 54% dos professores participaram, nos últimos 12 meses, de atividades de desenvolvimento profissional voltadas ao uso de tecnologias digitais. Na rede municipal, esse percentual caiu de 62%, em 2021, para 43%, em 2024.
Entre os docentes que realizaram cursos, 82% estudaram plataformas, programas ou aplicativos para criação de materiais didáticos, e 79% buscaram informações sobre como adaptar atividades ao ritmo de aprendizagem dos alunos. Temas como orientação sobre uso seguro de tecnologias digitais (69%), educação midiática (68%) e uso de IA em atividades educacionais (59%) foram abordados em menor proporção.
Quanto à oferta de educação digital para os estudantes, 89% dos coordenadores pedagógicos afirmam que suas escolas promoveram atividades sobre cyberbullying, exposição na Internet, integridade da informação, privacidade e recursos baseados em IA. Contudo, 30% relatam que esses temas são abordados somente quando necessário, e 49% das instituições realizam atividades sobre o tema apenas uma ou duas vezes ao ano.
Integração online
Conforme os dados, 96% das escolas brasileiras têm acesso à Internet, com aumento significativo em instituições municipais (71% para 94%) e rurais (52% para 89%) entre 2020 e 2024. Entre essas escolas, 88% têm Internet em sala de aula, 20 pontos percentuais acima de 2020.
Apesar do avanço na conectividade, o acesso de alunos a recursos digitais segue desigual: 67% dos estudantes em escolas estaduais usam Internet para atividades escolares, contra somente 27% na rede municipal. Em escolas municipais de menor porte e localizadas em áreas rurais, só 75% dispõem de espaço com Internet, 51% têm computadores disponíveis e 47% oferecem acesso à rede e dispositivos para os alunos.
Celulares na escola
Vale destacar que a coleta de dados ocorreu entre agosto de 2024 e março de 2025, antes da promulgação da Lei n.º 15.100, que limita o uso de celulares na educação básica. Entre os alunos que acessavam a Internet via celular pessoal, houve queda de 55% em 2022 para 45% em 2024. Em escolas municipais, o uso caiu de 32% para 20%; em particulares, de 64% para 46%.
As regras escolares também mudaram: em 2023, 28% proibiam o uso de celulares e 64% permitiam apenas em horários ou locais específicos. Em 2024, a proibição subiu para 39% e a permissão em horários limitados caiu para 56%. Em turmas de anos iniciais do Fundamental, a restrição passou de 43% para 61%.
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