Durante o CB Talks — Além do algoritmo: a educação no mundo digital, que ocorre nesta quinta-feira (25/9) no auditório do Correio Braziliense, a pediatra e professora da Universidade de Brasília (UnB) Marilucia Picanço destacou a importância da primeira infância para o desenvolvimento humano e fez um alerta sobre o uso excessivo de telas por crianças.
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Segundo a especialista, o contato com o mundo digital deve ser mediado e limitado, especialmente nos primeiros anos de vida. “Crianças não devem utilizar as telas. O bebê nasce com poucas células cerebrais e, ao longo do tempo, isso vai sendo formado. Nesse contexto, a criança precisa trabalhar com o concreto, com o que vê, com o que toca. Essa interação interpessoal é fundamental para a formação da memória, do conhecimento e da história de vida, para ser um adulto funcional, participativo e cidadão”, afirmou.
Para ela, a primeira infância "é o começo de tudo" e exige atenção redobrada de pais, professores e pediatras.“Vivemos em um mundo onde a vida digital e os algoritmos estão em tudo do nosso dia a dia, no que consumimos e no que vemos. Dentro desse contexto, será que podemos deixar que eles decidam também pela escola dos nossos filhos?”
Marilucia acredita que a primeira premissa na hora de escolher uma instituição deve ser pensar que tipo de pessoa e cidadão se deseja formar. Para isso, mais do que números e métricas, é preciso olhar para o projeto pedagógico, os valores transmitidos e a qualidade das relações humanas dentro da escola.
Benefícios e riscos
Ela ainda reconhece que a tecnologia pode oferecer benefícios, como o maior acesso à informação, a comparação entre diferentes instituições e a personalização da escolha de acordo com o perfil da criança e da família, além de estímulo à inovação no setor educacional.
Por outro lado, alertou para riscos como a redução da complexidade da escola a rankings, a reprodução de desigualdades — já que instituições com mais recursos tendem a se destacar —, a falta de transparência dos algoritmos e o perigo da “bolha educacional”, que pode limitar a diversidade de experiências.
De acordo com a pediatra, a escola deve preparar as novas gerações não só para interagir com o mundo digital, mas também para desenvolver empatia, criatividade, ética, pensamento crítico e convivência. “Não basta usar tecnologia: é preciso ensinar a pensar criticamente sobre ela”, destacou.
“O algoritmo pode ser um ponto de partida, mas nunca o ponto final. Escolher a escola é escolher um projeto de vida, e esse projeto não pode ser resumido a métricas. Formar pessoas vai sempre muito além dos dados”, finalizou.
Evento
Debate faz parte da 19ª edição do projeto Escolha a Escola do seu Filho, criado pelo Correio para apoiar pais e responsáveis na missão de escolher a instituição de ensino ideal. O encontro reúne especialistas para debater os impactos da tecnologia e dos algoritmos na educação e na formação de crianças e adolescentes.
Educação básica
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