O projeto Construindo a Cultura de Paz está levando oficinas, palestras e atividades culturais a escolas do Distrito Federal, com o objetivo de fomentar a convivência pacífica dentro do ambiente escolar. Essa semana, a Escola Classe Ruralzinha, no Riacho Fundo II, e a Escola Classe 10 de Sobradinho recebem a iniciativa.
As educadoras e escritoras Débora Bianca e Lair Franca são as idealizadoras do projeto. Desde 2023, as duas vêm apresentando as atividades do Construindo a Cultura de Paz, em parceria com a Secretaria de Educação do Distrito Federal, Instituto Latinoamérica e Deu Certo Produções.
“Os estudantes não estão preparados para lidar com a diversidade e com os conflitos que fazem parte do contexto escolar - reflexo da sociedade”, explica Débora. “Dessa forma, começamos a direcionar atividades reflexivas variadas e artísticas para o alcance dessas habilidades”.
Casos recentes de violência dentro de espaços escolares deixaram explícita a necessidade de construir espaços de compreensão nas escolas do DF. Entre janeiro e julho deste ano, a Polícia Civil registrou 1.349 ocorrências criminais dentro ou próximas a escolas. São quase sete episódios por dia.
Durante as visitas, as educadoras buscam utilizar oficinas de leitura, hip-hop, narração oral, mediação de conflitos e atividades artísticas para levar diálogo e boas práticas de convivência aos estudantes. O mascote Pazito se tornou o queridinho das crianças, acompanhando as atividades e contando histórias.
Para Lair, é importante que conflitos sejam qualificados, e não silenciados. "Não buscamos silêncio. Buscamos diálogo. A paz não é ausência de conflito, mas saber o que fazer com ele", explica Lair.
Só em 2025, a iniciativa já passou por quatro unidades escolares. “Algumas escolas ‘vestem a camisa’. Outras acreditam, mas ainda esbarram na descrença e no cansaço, o que é perfeitamente compreensível”, aponta Débora. “Mesmo assim, temos colhido muitos frutos positivos e emocionantes, o que nos faz seguir em frente”.
Caminhos para a paz
Por onde passa, o projeto tem deixado impactos positivos. Na Escola Classe Agrícola Vicente Pires, a supervisora Cliciane Cordeiro declara que as atividades deixaram um saldo positivo no ambiente escolar.
"Os alunos aprenderam, de forma lúdica e prazerosa, a respeitar, valorizar e conviver melhor com o outro, fortalecendo atitudes de empatia e solidariedade, não só no dia a dia escolar, mas em todos os momentos da vida", observa.
A chefe da Assessoria Especial da Cultura de Paz nas Escolas do DF, Ana Beatriz Goldstein, afirma que o projeto evidencia como a leitura e atividades lúdicas podem despertar, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a consciência para uma convivência baseada no respeito, na empatia e na fraternidade.
"Trabalhar esses valores nas escolas é fundamental para formar cidadãos mais sensíveis, colaborativos e capazes de construir relações harmoniosas dentro e fora do ambiente escolar", declara.
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O futuro do projeto
Na quinta-feira (27/11) e no sábado (29), o projeto Construindo uma Cultura de Paz passará pela Escola Classe Ruralzinha, no Riacho Fundo II, e pela Escola Classe 10 de Sobradinho, respectivamente.
Lair Franca aponta que o objetivo é não parar. “Pretendemos levar o projeto a todas as escolas do DF, para que consigamos mudar a realidade das crianças e jovens, que serão multiplicadores por onde passarem”, afirma.
Débora reforça que a iniciativa busca novas parcerias que fortaleçam a luta por uma sociedade mais igualitária e pacífica. “Construir a cultura de paz não é fácil, mas, sim, uma escolha que envolve todos os participantes do cenário escolar”, diz. “A paz se aprende com o exemplo. Quando uma criança descobre o poder da palavra bem usada, ela muda a si mesma e muda tudo ao redor", defende.
Educação básica
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