CNPQ

CNPQ amplia prazo para mães cientistas passarem por avaliação de produtividade

Instituição reviu normas após denúncia da pesquisadora Maria Carlotto, que teve bolsa negada por ser mãe

Isabela Stanga
postado em 09/01/2024 15:35 / atualizado em 09/01/2024 16:17
Mães cientistas terão mais tempo para passar por avaliação de produtividade -  (crédito: shurkin_son/Freepik)
Mães cientistas terão mais tempo para passar por avaliação de produtividade - (crédito: shurkin_son/Freepik)
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No sábado (6/1), a diretoria-executiva do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) publicou uma nota na qual anuncia mudanças nas regras de avaliação de projetos submetidos a bolsas em editais de pesquisa. Com o anúncio, as mães pesquisadoras têm extensão de dois anos no prazo de avaliação de sua produtividade científica.

Segundo o CNPQ, o período de avaliação de produtividade acadêmica será estendido por dois "para cada parto ou adoção que ocorrer dentro do prazo estipulado na chamada". Também de acordo com a instituição, em até dois meses será criado um grupo de trabalho para elaboração de um código de ética para membros dos Comitês Assessores (CAs) e funcionários responsáveis por analisar as propostas submetidas pelos cientistas (também chamados de pareceristas ad hoc).

A medida foi desencadeada por um debate sobre igualdade de gênero na ciência após denúncia realizada pela cientista social Maria Carlotto em sua conta pessoal no X (antigo Twitter). Carlotto, que é docente da Universidade Federal do ABC (UFABC), expôs que um parecer do CNPQ lhe negou uma bolsa de pesquisa, tendo como justificativa as gestações da pesquisadora.

O parecer reconheceu a sua carreira, mas disse que ela não fez pós-doutorado no exterior, porque "provavelmente suas gestações atrapalharam essas iniciativas".

Com a repercussão negativa do caso, o CNPQ declarou que o juízo foi inadequado, uma vez que "um estágio no exterior não é requisito para a concorrência em tal edital", além de "expressar juízo preconceituoso com as circunstâncias associadas à gestação". Na mesma nota, o conselho ainda ressaltou que vai instruir seus pareceristas para prestarem maior atenção em suas respostas e que vai levar a situação para "exame das providências cabíveis".

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